Neste mês, Oeste traz aos leitores as reportagens que mais fizeram sucesso ao longo de 2024. Na reportagem inferior, publicada originalmente em 20 de janeiro, Edilson Salgueiro mostrou, com exclusividade, que uma perícia concluiu que o vídeo que mostra o padre Júlio Lancellotti se masturbando para um menor de idade é verdadeiro.
Leia a reportagem
Confira:
A Arquidiocese de São Paulo está prestes a receber quatro vídeos que mostram o padre Júlio Lancellotti se masturbando para um menor de idade. A verdade das cenas, gravadas em 26 de fevereiro de 2019, foi atestada por uma novidade perícia técnica audiovisual, realizada há poucos dias. Oeste teve entrada a levante documento com exclusividade.
Ao longo de 79 páginas, os peritos Reginaldo Tirotti e Jacqueline Tirotti analisaram o estado de conservação dos arquivos, observaram cada quadro dos filmes, realizaram os exames prosopográficos (técnica que identifica as características faciais), inspecionaram os áudios e comprovaram sua integridade.
Os vídeos em poder de Oeste foram gravados pelo juvenil, que tinha 16 anos na era das conversas com Lancellotti. A cena inicial mostra uma tela de celular, com trocas de mensagens no aplicativo WhatsApp. Depois, começa a videochamada e a câmera oscila entre as partes íntimas e o rosto do padre.
(Clique nas imagens para visualizá-las em tamanho real)
Em 2020, essas imagens circularam por qualquer tempo nas redes sociais. Na era, o perito Onias Tavares de Aguiar confirmou a autenticidade do vídeo. Mas, o Ministério Público (MP) arquivou a investigação por “falta de materialidade”.
Perícias do gênero chegam a um veredito depois da verificação de distintos elementos: perímetro facial, fundura da calvície, inclinação do nariz, acessórios, mobílias. Tudo isso foi comparado com imagens do padre em outras situações. Por exemplo, em entrevistas a emissoras de televisão.
Ao constatar todas as convergências e constatar a falta de vestígios de adulteração dos arquivos, Reginaldo e Jacqueline concluíram que Júlio Lancellotti é o varão que aparece nas imagens.
A CPI das ONGs mira Júlio Lancellotti
A denúncia será apresentada poucos dias depois de o cardeal dom Odilo Scherer encaminhar um ofício para o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União), solicitando o envio das “denúncias de extrema gravidade” que o vereador Rubinho Nunes (União) recebeu contra Júlio Lancellotti.
Depois de apresentados à arquidiocese, os vídeos devem ser exibidos a portas fechadas para a plateia formada por integrantes do escola de líderes da Prefeitura. Uma vez que eles sempre se reúnem às terças-feiras, o próximo encontro será em 23 de janeiro.
O material que ampara a denúncia foi resgatado por parlamentares empenhados em instaurar CPI das ONGs. Conforme o responsável da proposta, Rubinho Nunes, o objetivo é investigar os grupos que atuam no núcleo da capital paulista, no qual se distribui a cracolândia.
O vereador acusa as ONGs de formarem uma espécie de “máfia da miséria” para “explorar os dependentes químicos”. De consonância com Nunes, essas organizações recebem verba público para partilhar provisões, conjuntos de higiene e itens para o uso de drogas — prática conhecida porquê “política de redução de danos”.
Apresentado no término do ano pretérito, o requerimento de instauração da CPI das ONGs teve 25 assinaturas. A percentagem pretende investigar com próprio rigor duas instituições: o Meio Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecida porquê Bompar, e a Craco Resiste. Ambas miram a população de rua e dependentes químicos no núcleo da capital. É o que faz Júlio Lancellotti, ex-conselheiro do Bompar.
“Os dependentes químicos precisam de programas de tratamento de alta qualidade para ajudar a superar o vício”, justifica Rubinho, no pedido de exórdio da CPI. “Uma CPI pode avaliar a eficácia dos programas oferecidos pelas ONGs.”
Em dezembro, o padre garantiu que não tem poderes para influenciar tais entidades nem tem projetos conjuntos com as organizações. Em relação à Bombar, especificamente, afirmou que ocupa uma posição sem remuneração no recomendação deliberativo da instituição, do qual se desligou oficialmente há 17 anos.
A esquerda reage
Diante do reaparecimento do vídeo, o estabelecimento político-midiático e a esquerda se mobilizaram para abortar a CPI das ONGs. Motivo: num ano eleitoral, as investigações poderão influenciar a disputa nas urnas paulistanas. Júlio Lancellotti é coligado do deputado federalista e pré-candidato Guilherme Boulos (Psol).
A União Vernáculo dos Estudantes (UNE) juntou-se ao movimento. Seus dirigentes sustentam que “é inadmissível que, no Estado com o maior número de pessoas em situação de rua, aqueles que atuam para o acolhimento e garantia de seus diretos básicos sejam perseguidos e tratados como criminosos”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também aliou-se ao padreao declarar que Júlio Lancellotti “dedica sua vida para tentar dar um pouco de dignidade, respeito e cidadania às pessoas”.
Em nota, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terreno (MST) saiu em resguardo do líder religioso. “O MST se solidariza com o padre Júlio Lancellotti, que sofre ataques da extrema direita”, afirmou o documento.
A mobilização não parou por aí. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federalista (STF), telefonou no início deste mês para conversar de viva voz sua solidariedade a Júlio Lancellotti. O padre confirmou o suporte do ministro.
Parlamentares recuam
Pressionados pelo conjunto de esquerda, pelo menos sete parlamentares desistiram da exórdio da CPI. Para que a percentagem seja instalada, o texto precisa ser estimado pelo escola de líderes e pelo plenário. Nesta última instância, a aprovação exige o suporte de 28 vereadores.
Entre os vereadores que mudaram de teoria e agora rejeitam a instalação da percentagem estão Sidney Cruz (Solidariedade), Thammy Miranda (PL), Sandra Tadeu (União Brasil), Xexéu Tripoli (PSDB), Milton Ferreira (Podemos) e Beto do Social (PSDB).
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Apesar das desistências, Rubinho Nunes disse que pretende levar a percentagem adiante. “Não vou recuar de maneira alguma”, afirmou. “Essa perseguição aos parlamentares só mostra que tem algo muito grande por trás.”
Em 2020, esse mesmo vídeo foi enviado à polícia por uma denunciante anônima. Uma reportagem da revista piauí insinuou que o vídeo foi forjado pelo Movimento Brasil Livre (MBL). “O objetivo da fabricação do vídeo era incriminar o pároco no crime de pedofilia”, acusa o texto. O ex-deputado Arthur do Val foi quem enviou o material para a estudo do perito Onias Tavares de Aguiar. Em 172 páginas, o documento confirma a verdade do vídeo.
Perito sem registro
No início de 2024, o vídeo de Júlio Lancellotti voltou a agitar os bastidores da política municipal. Com a possibilidade de instauração da CPI das ONGs em São Paulo, a mídia ligada à esquerda se mobilizou para tutelar o padre.
É o caso da revista Fórumque contratou o instrutor de computação judicial Mário Gazziro, pesquisador na Universidade Federalista do ABC (UFABC), para realizar uma perícia no material. O documento elaborado por ele tem unicamente 12 páginas.
Ao contrário dos peritos que atestam a verdade do documento, o currículo de Gazziro é indigente. Ao pesquisar o nome de Gazziro no Jusbrasil, Oeste se deparou com unicamente quatro processos. Nenhum deles é sobre perícia. Em seu currículo, não constam cursos de perícia nem registros profissionais para o manobra da profissão.
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Embora a falta de registro não implique necessariamente em ilegalidade, a falta do cadastro ressalta que Gazziro não atua frequentemente porquê perito, unicamente em situações particulares. É dissemelhante dos casos de Reginaldo Tirotti, Jacqueline Tirotti e Onias Tavares de Aguiar.
Oficialmente, a Arquidiocese de São Paulo afirma que ainda não recebeu nenhuma denúncia vinculada ao padre Júlio Lancellotti eportanto, desconhece o teor das investigações.