Nos anos 1990, muitas pessoas acreditavam que a Internet garantiria nossa liberdade. “Estamos criando um mundo onde qualquer pessoa, em qualquer lugar, poderá expressar suas crenças, por mais singulares que sejam, sem medo de ser coagida ao silêncio ou à conformidade”, proclamava um manifesto de 1996 amplamente discutido chamado “Uma Declaração de Independência do Ciberespaço”. Muitos consideravam o documento visionário.
A Internet fez exatamente o oposto. O totalitarismo global não era possível antes da Internet. Hoje, a informação flui por um pequeno número de grandes corporações que os governos podem controlar.
Primeiro o Brasil e agora a União Europeia afirmam que confiscarão os bens das empresas de Elon Musk se ele não censurar da maneira que desejam. Dadas suas declarações e a censura do governo Biden, é razoável esperar que a candidata presidencial democrata Kamala Harris tente fazer o mesmo.
Eles sabem que é ilegal. Sabem que parece ruim. Eles não se importam. Sabem que não podem governar o mundo sem censura em massa e controle total da informação.
Morte, falência e, aparentemente, totalitarismo acontecem gradualmente e, depois, de uma vez só. Os totalitários controlaram o Google e a Meta por anos. Zuckerberg basicamente admitiu isso. Agora estão desesperados para controlar o X.
Os Twitter Files revelaram operações de censura em massa pelo Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) e supostos “ex”-colaboradores da CIA para controlar sua censura (“moderação de conteúdo”) de dentro da empresa. O DHS usou think tanks ligados à Comunidade de Inteligência para censura em massa. Sua Liga de Inteligência de Ameaças Cibernéticas criou um manual de censura com base em operações militares dos EUA no exterior.
No ano passado, um delator nos forneceu um tesouro de documentos provando que funcionários e contratados militares e de inteligência dos EUA e do Reino Unido adaptaram táticas de contraterrorismo para criar planos de controle da informação que incluíam censura, bloqueio de contas bancárias e proibições cruzadas entre plataformas. Depois, a “Parceria para a Integridade Eleitoral” de Stanford e o “Projeto Viralidade” colaboraram com o governo dos EUA para censurar conteúdo sobre eleições e Covid.
Devemos nos lembrar de “1984”, “Black Mirror”, “Admirável Mundo Novo”, “Fahrenheit 451”, “V de Vingança”, “Filhos da Esperança” e relatos históricos sobre o fascismo e o comunismo. Eles nos ajudam a entender o totalitarismo do mundo real e dos dias atuais acontecendo diante dos nossos olhos.
Na apresentação fascinante e perturbadora que acompanha este artigo, Paul Coleman, advogado da Aliança em Defesa da Liberdade (ADF, na sigla em inglês), explica como os esforços de censura que vemos se desdobrando hoje na UE são apenas a ponta do iceberg. Essa censura é baseada na “ideia de que há muita informação por aí, e precisamos controlá-la”, ele diz.
Acrescenta Coleman: “A pessoa comum na rua não tem ideia do quão enormes são as burocracias dessas instituições internacionais… Devido à Covid, a OMS [Organização Mundial da Saúde] se tornou muito proeminente na mente de todos. Mas a OMS dentro do sistema das Nações Unidas é apenas uma pequena linha no orçamento. Só isso.”
O mais perturbador é que a ONU e a UE formaram uma aliança com 57 estados muçulmanos que são membros da “Organização da Cooperação Islâmica” para exigir censura global em massa. “É um grande impulsionador da censura”, disse Coleman, “pois eles buscam essencialmente criar, dentro do contexto ocidental, leis globais de blasfêmia.”
É fácil ver aonde isso leva: qualquer pessoa na Europa que criticar a migração em massa de países muçulmanos será acusada pela UE de “ódio religioso” e poderá ser perseguida. “O que a UE está tentando fazer é tornar o discurso de ódio um crime da UE”, disse Coleman. “O que isso significa é que será aplicável em todo o continente.”
E o discurso de ódio seria um crime grave, equivalente a crimes como tráfico humano e terrorismo. E há apenas meia dúzia de crimes dentro dos tratados da União Europeia que são considerados crimes da UE.
Coleman apresentou gráficos e tabelas chocantes sobre o sistema de censura da UE e da ONU. “Cada linha na tela tem um orçamento que varia de dezenas de milhões a bilhões”, disse ele. “É um sistema extremamente complexo que, diariamente, produz relatórios e estudos através de seus comitês e comissões”, exigindo censura.
Coleman vê um padrão. “Acho que vemos esses passos em todas as partes do mundo. Primeiro, a ameaça percebida é anunciada. Seja qual for. Pode ser que a Rússia esteja afetando nossa democracia aqui ou na Europa, ou o que for. A ameaça está sempre aumentando. Eles citarão um estudo de uma ONG com fontes de financiamento duvidosas ou Redes Soros. E então são anunciados planos vagos para combater a ameaça.”
Agora podemos ver esse padrão se desenrolando na vida real, com a UE se unindo ao Brasil para respaldar suas ameaças com ações no mundo real, tornando a utopia e o otimismo tecnológicos dos anos 1990 algo que parece muito distante.
©2024 Public. Publicado com permissão. Original em inglês: “EU Threat To Seize Elon Musk’s Assets Is Part Of Larger Totalitarian Plan”.