O Tropa Brasílio iniciou o processo para a obtenção de novos tanques de guerra pesados. O objetivo é substituir suas frotas atuais Leopard 1A5 e os M60, que já estão obsoletos e encetar a renovar o arsenal. Ao menos 13 empresas de 11 países devem participar da concorrência. Uma das possibilidades é que o Brasil compre tanques similares aos que estão sendo usados na guerra na Ucrânia.
Esse tipo de tanque é nomeado pela {sigla} em inglês MBT (tanque principal de guerra, em português). Ele é o tipo de carruagem de combate mais pesado e com maior poder de incêndio utilizado em uma guerra. O Tropa Brasílio os labareda pela {sigla} de VBC CC, {sigla} que corresponde a Viatura Blindada de Combate Carruagem de Combate.
Além dos tanques pesados, o Tropa pretende comprar também Blindados de Transporte de Tropas, chamados de VBC Fuz (Viaturas Blindadas de Combate de Fuzileiros).
A reportagem apurou que a estimativa do Tropa é comprar 65 tanques pesados e 78 blindados, mas essas quantidades podem ser alteradas no processo de licitação internacional. A estimativa é que o pacote da novidade compra seja de tapume de R$ 5 bilhões. O processo deve ter início neste ano, porém os carros de combate só devem chegar ao Brasil no período de 2028 a 2040.
Em procura de dar início à novidade compra e a esse processo de renovação, o Tropa realizou uma consulta pública no último ano com o intuito de mapear o mercado vernáculo e internacional para determinar as opções de fornecimento das novas viaturas.
O Tropa divulgou as especificações principais que os tanques pesados têm que apresentar para concorrer à compra. Eles devem ter uma torre equipada com um canhão de 120 mm uma vez que armamento principal, uma metralhadora secundária de 7,62 mm e uma metralhadora antiaérea com calibre de 7,62 mm ou 12,7 mm. Os tanques também devem se trasladar por lagartas e ter autonomia de 400 quilômetros.
De conformidade com os requisitos solicitados, o coordenador do Grupo de Pesquisa em Estudos Estratégicos e Segurança Internacional da Universidade Federalista da Paraíba (UFPB), Augusto Teixeira elenca alguns veículos que podem responder às exigências do Tropa. “A lista de fornecedores é ampla, vão desde os americanos da família Abrams até opções chinesas. Entretanto, o Exército pode estar mais inclinado a propostas de fornecedores de quem já costuma comprar outros equipamentos, como Itália e Alemanha”, avalia.
Entre as opções está o Leopard 2, versão superior aos Leopard que o Tropa Brasílio já possui e que estão obsoletos. Sua versão atual já foi adquirida por diversos países e tem sido utilizada pela Ucrânia na guerra.
Os Estados Unidos também têm boas opções mas não deve ter seu candidato escolhido, já que o país não costuma vender equipamentos militares com transferência de tecnologia – o que é uma das exigências do Tropa Brasílio para a futura compra de tanques.
Tropa também vai comprar blindados de fuzileiros
A consulta pública oportunidade pelo Tropa também indica a procura por blindados de transporte de tropas. Os carros de combate para transportar fuzileiros, conforme explica o coordenador do Grupo de Pesquisa em Estudos Estratégicos e Segurança Internacional da Universidade Federalista da Paraíba (UFPB), Augusto Teixeira, servem para dar espeque no combate.
“Essas viaturas seriam o equivalente aos veículos de combate de infantaria (IFV na sigla em inglês). Para além da capacidade de transportar frações de tropas – aproximadamente um grupo de combate, que equivale a 8 a 12 militares –, essas viaturas têm maior blindagem e poder de fogo, como forma de apoiar o combate”, explica.
O coronel de cavalaria da suplente do Tropa Paulo Rebento, rabino em Ciências Militares, pontua ainda que as viaturas de fuzileiros são empregadas em conjunto com os Carros de Combate. “Suas características são complementares. A maior potência de fogo do Carros de Combate é complementada pela presença dos soldados transportados pelas VBC Fuz, que podem, ao desembarcar, fornecer a segurança aproximada aos tanques”, analisa Rebento.
Na guerra da Ucrânia, por exemplo, os ucranianos vêm usando esses veículos para levar combatentes para o mais próximo verosímil das trincheiras russas para invadi-las. Já os russos usam esses blindados para invadir cidades ucranianas e desembarcar tropas em edifícios que serão invadidos e defendidos.
Teixeira também pontua que esses blindados de transporte de tropas têm função similar aos blindados Guarani, que já estão em operação no Tropa. “Eles apoiam a manobra, com menos poder de fogo que um tanque, mas podendo levar infantaria embarcada em segurança até a frente”, pontua.
Mas os novos blindados de transporte de fuzileiros terão armas mais pesadas que os Guaranis. De conformidade com documentos que a Jornal do Povo teve entrada, a Força requer as seguintes especificações: peso superior a 45 toneladas; torre operada remotamente e dotada de um canhão de no mínimo 30 mm; sistema de armas com no mínimo um canhão; armamentos secundários, uma metralhadora coaxial de 7,62 mm e, pelo menos, outra metralhadora antiaérea montada externamente, nos calibres 7,62mm ou 12,7mm e rolamento do tipo lagarta.
Diante das especificações solicitadas pelo Tropa, existem alguns modelos no mercado que atingem as expectativas da Força. Entre eles estão o Marder 1A3, da Alemanha, produzido pela Rheinmetall (alguns deles, inclusive, foram fornecidos pelo grupo à Ucrânia, para a guerra contra a Rússia); o CV90 da Suécia, BAE Systems Hägglunds e já utilizado por países europeus e da OTAN.
Os requisitos de blindagem para proteção do veículo não foram informados, mas o edital solicita que os padrões OTAN sejam seguidos e pede proteção de basta nível tanto contra munições de incêndio direto (uma vez que balas de fuzis, por exemplo) quanto explosões de minas.
Por essas especificações, serão blindados com maior poder de incêndio que o Guarani, que possui somente uma metralhadora de 7,62 mm.
Novos carros de combate vão substituir os Leopard e M60 do Tropa
A renovação das viaturas blindadas será crucial para substituir os antigos Leopard 1A1 e M60, considerados os principais tanques do Tropa Brasílio desde a dezena de 1990. O Leopard 1A1, adquirido no final dos anos 1990, e o M60, um tanque médio de origem americana, já estão ultrapassados e exigem a substituição para prometer a eficiência e a modernização das forças blindadas.
O Leopard 1A1, por exemplo, apesar de ser ainda um potente antitanque, conta com blindagem de 70 mm e um canhão de 105mm, mas já não é mais adequado para os desafios atuais de combate. Atualmente, o Tropa Brasílio possui 220 unidades do Leopard 1A5, versão modernizada do Leopard 1A1, adquirida em 2007.
Esses tanques não têm blindagem suficiente nem armamentos pesados para participar de combates de subida intensidade.
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Na avaliação de Paulo Rebento, coronel de cavalaria da suplente do Tropa e rabino em Ciências Militares, os Leopard 1 A5, já estão em final de vida útil e o Tropa precisa renovar sua frota. “Os carros de combate são armas importantíssimas para os exércitos, pois dão às forças terrestres características como potência de fogo, proteção blindada e alta mobilidade. Os conflitos atualmente em curso reforçaram essa convicção, tanto que há vários países comprando carros de combate atualmente, como Alemanha, Suécia, Polônia e Coreia do Sul, apenas para citar alguns exemplos”, afirma.
Embora essas viaturas tenham pretérito por modernizações, com componentes atualizados nos anos 2000, elas ainda dependem de peças antigas e apresentam limitações em relação a novos modelos disponíveis no mercado. A substituição dos Leopard e M60 será feita por carros de combate mais modernos, uma vez que aqueles equipados com canhões de 105mm ou 120mm, considerados mais potentes.
A substituição das viaturas antigas é considerada forçoso pelo Tropa para manter a Força Terrestre moderna e capaz de enfrentar as ameaças de um cenário geopolítico em metódico transformação.