O Tamanduá-Mirim “Tatá”, que recebeu atenção peculiar dos capixabas pela história de resgate e recuperação, foi transferido na última semana para um zoológico do Rio de Janeiro. A mudança visa a prometer um envolvente seguro e saudável para o bicho, que passou por processo de adaptação no Parque Estadual Paulo César Vinha (PEPCV), mas devido às condições físicas e comportamentais necessitava de cuidados específicos para desenvolvimento e bem-estar.
Carinhosamente chamado de Tatá, o tamanduá foi resgatado ainda filhote, em agosto de 2023, sozinho e estava em reparação no Instituto de Pesquisa e Reparação de Animais Marinhos (Ipram). Em janeiro de 2024, foi transferido para o PEPCV, em Guarapari, onde passou por um processo de soltura branda.
“Esse método, adotado para readaptar animais à vida selvagem, consiste na transição gradual, com supervisão e suporte da equipe do parque, com a liberação diária para o animal explorar o ambiente ao redor até que se sinta independente”, explicou a guarda-parque Fernanda Severino.
Durante a adaptação, um dia o “Tatá” retornou ao parque com uma fratura no membro torácico recta, possivelmente provocada pelo ataque de um cão doméstico. Por isso, o bicho foi direcionado novamente ao Ipram, onde realizou uma complexa cirurgia ortopédica de osteossíntese. O médico-veterinário Fabrício Pagani, ortopedista e neurocirurgião que integrou a equipe responsável pelo procedimento, destacou o caso porquê um repto inédito.
“Na literatura científica, são raros os registros de intervenções cirúrgicas desse porte em tamanduás-mirins. Realizamos uma tomografia completa do esqueleto para comparar o membro lesionado com o membro saudável, e a abordagem cirúrgica precisou ser adaptada especificamente para ele, dado o pouco conhecimento prévio sobre casos semelhantes”, explicou Pagani.
Em seguida o período de recuperação no Ipram, “Tatá” recebeu subida, mas a cirurgia resultou numa limitação no membro recta do bicho, que precisaria de fisioterapia para a recuperação totalidade. Ou por outra, o “Tatá” desenvolveu um comportamento manso pela relação próxima com os humanos. Por isso, a equipe de especialistas concluiu que a reintegração na natureza não seria segura para o bicho e iniciou o processo de encontrar uma novidade morada para o Tamanduá.
De conformidade com a zootecnista do Instituto Estadual de Meio Envolvente e Recursos Hídricos (Iema), Julia Medeiros Mercado, as estruturas do Espírito Santo não comportavam as necessidades específicas de “Tatá” para o longo prazo. “Com o apoio da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB), identificamos o local mais apropriado para ele e, com a anuência do Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea), transferimos Tatá de acordo com todas as normas ambientais e de bem-estar animal”, destacou Julia Mercado.
“Tatá” agora inicia um novo capítulo de vida em um envolvente controlado, um zoológico do Rio de Janeiro, onde terá a oportunidade de se ajustar com segurança às condições de seu novo lar. A escolha do sítio considerou não unicamente a estrutura física disponível, mas também a experiência da equipe em cuidados específicos para tamanduás-mirins, garantindo que “Tatá” receba o séquito necessário para a recuperação e bem-estar.
O Iema seguirá monitorando sua adaptação, recebendo atualizações periódicas sobre a evolução dele. Esse séquito contínuo permitirá que “Tatá” continue o processo de reparação com o suporte adequado e que todas as informações sobre seu progresso sejam compartilhadas, assegurando o compromisso com o bem-estar do bicho.