O que é considerado resíduo para uma dimensão, pode não ser para outras. Com a possibilidade de dar um tramontana útil a esses materiais descartados, Júlio Cesar Fiorio Vettorazzi, doutor em Genética e Melhoramento de Vegetalidade pela Universidade Estadual do Setentrião Fluminense (Uenf), desenvolveu seu projeto sobre transformar resíduos em substratos de subida qualidade para a produção de mudas de mamão, no Instituto Federalista de Instrução, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) – Campus Prazenteiro.
O estudo foi provável por conta do financiamento da Instalação de Esteio à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), por meio de parceria com o Recomendação Vernáculo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no Edital CNPq/Fapes nº 11/2019 do Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional (PDCTR).
Substrato é a terreno projetada para servir de suporte fixo para o incremento de vegetais e suas raízes. O pesquisador, portanto, viu a oportunidade de desenvolver um substrato a partir de resíduos agrícolas e industriais produzidos no Espírito Santo, o que tornaria o dispêndio de produção mais plebeu, já que a grande maioria dos substratos utilizados na cultivação do Estado são comercializados de outras regiões do País.
“A gente tem aqui no Estado diferentes resíduos que podem ser utilizados na produção de substratos. Se pensarmos que em um futuro próximo existe a possibilidade desse substrato ser produzido no Espírito Santo, que é um dos maiores produtores e exportadores de mamão do Brasil, e que a logística entre o local de produção e o produtor final pode ser reduzida, isso trará um grande impacto econômico, como a redução de custos de transporte, maior facilidade de aquisição e entrega mais rápida”, lista o doutor em Genética e Melhoramento de Vegetalidade, Júlio Cesar Fiorio Vettorazzi.
Durante a pesquisa, foram utilizados para a produção de substratos quatro diferentes resíduos: leito de frango, esterco bovino, esterco suíno e lodo de curtume desidratado. Cada um desses resíduos compostado com palha de moca. De convénio com Vettorazzi, todos os substratos testados produziram mudas de qualidade.
“Desses resíduos, apenas a cama de frango e a palha de café são comercializáveis, os demais, na maioria das vezes, são doados ou destinados para outros fins sem custos. Ou seja, com os pontos levantados aqui, observa-se que existe resíduos que podem ser utilizados na produção de substrato de baixo custo”, afirma o pesquisador.
Procura por patente
Com os resultados positivos do projeto, que foi supervisionado pelo professor Sávio da Silva Berilli, do Ifes – Campus Prazenteiro, Vettorazzi conta que existe a possibilidade de buscar um repositório de patente no porvir. “Há sim essa intenção, referente ao substrato para a produção de mudas de mamão. Entretanto, ainda estamos aguardando os resultados do ensaio de competição para verificar o desenvolvimento das plantas, a produção e a qualidade dos frutos”, explica.
Pesquisador exalta PDCTR
As conclusões geradas pela pesquisa científica realizada dentro do PDCTR, que teve um valor financiado de pouco mais de R$ 25 milénio, fez com que Vettorazzi participasse de simpósios nacionais de vegetais e mudas, apresentando diversos resumos expandidos. Segundo o pesquisador, o projeto acabou abrindo novos caminhos de conhecimento para ele dentro da Agronomia, seu curso de formação.
“Participar do programa PDCTR foi muito gratificante e enriquecedor. Fez com que eu saísse da área que vinha trabalhando/estudando na pós-graduação e buscasse conhecimento em outras áreas, até então nunca trabalhadas. Me permitiu desenvolver habilidades em outras áreas da Agronomia, como Fisiologia Vegetal, área muito utilizada na avaliação de desenvolvimento de culturas para validação da qualidade de um substrato. Acredito que participar desse programa, trouxe retornos sociais, científicos e pessoais”, complementa Vettorazzi.
O que é o Edital PDCTR da Fapes com o CNPq?
O PDCTR é um programa vernáculo no qual as Fundações de Esteio à Pesquisa (FAPs) de todo o País podem aderir para ofertar bolsas de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional (DCR) para a fixação de pesquisadores doutores. No Espírito Santo, por meio do Edital nº 11/2019, 23 pesquisadores brasileiros que estavam fora do mercado de trabalho foram selecionados para receber as bolsas DCR e poderem desenvolver pesquisas em território capixaba.
“O edital PDCTR é muito importante para nós, por ir ao encontro de uma estratégia prioritária da Fapes, que é atrair e fixar pesquisadores no Espírito Santo. Essa é mais uma de nossas ações que visam a fortalecer a nossa produção científica e tecnológica, ampliando o alcance e a relevância da nossa pesquisa no cenário nacional, beneficiando o nosso sistema de pós-graduação como um todo. Esses profissionais altamente qualificados se somam aos esforços de nossos pesquisadores no enfrentamento dos grandes desafios do presente e na proposição de soluções que favoreçam o desenvolvimento econômico social do Espírito Santo”, pontuou o diretor-geral da Fapes, Rodrigo Varejão.