O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) teve uma participação de destaque no 4º Seminário da Palmeira Juçara, realizado na última quarta-feira (09), no município de Rio Novo do Sul, reconhecido como a capital capixaba da juçara. O evento reuniu produtores rurais, técnicos, pesquisadores, estudantes e representantes de instituições ligadas ao agroextrativismo, consolidando-se como um espaço estratégico para o fortalecimento da cadeia produtiva da espécie no Espírito Santo.
Com uma programação diversificada, o seminário promoveu palestras técnicas, apresentação de casos de sucesso e visitas guiadas a áreas de cultivo e agroindústrias, destacando as múltiplas potencialidades da palmeira juçara (Euterpe edulis), espécie nativa da Mata Atlântica com elevado valor ecológico, social e econômico, que produz frutos semelhantes ao açaí da Amazônia.
Na abertura do evento, o diretor-geral do Incaper, Alessandro Broedel, salientou que o instituto está empenhado em contribuir com o desenvolvimento sustentável desse sistema produtivo.

A bióloga e coordenadora de Recursos Naturais do Incaper, Fabiana Gomes Ruas, ministrou a palestra “Conservação da espécie e geração de renda com o cultivo da Palmeira Juçara”. Durante a fala, ela resgatou o histórico de atuação do Incaper no incentivo ao uso sustentável da juçara no Espírito Santo, destacando as ações de pesquisa, extensão rural e articulação institucional voltadas à valorização da espécie.
“É uma planta símbolo da Mata Atlântica que, além de ser essencial para a biodiversidade, oferece oportunidades concretas de geração de renda para agricultores familiares, especialmente quando inserida em sistemas agroflorestais”, afirmou Fabiana Gomes Ruas.
Entre os pontos abordados, ela enfatizou que a palmeira juçara é um excelente componente de sistemas agroflorestais, pois contribui para a conservação do solo e da água, além de favorecer a biodiversidade. Também destacou o potencial de inserção da polpa dos frutos de juçara na alimentação escolar, ampliando mercados e fortalecendo a agricultura familiar.
Fabiana Gomes Ruas chamou atenção para a sustentabilidade do sistema. Segundo ela, os frutos podem ser colhidos anualmente, e, após o processamento da polpa, as sementes viáveis são reaproveitadas para replantios, contribuindo para o aumento das populações naturais da espécie.
A coordenadora também ressaltou o papel ecológico da juçara na manutenção dos ecossistemas da Mata Atlântica. “Diversas espécies de aves e mamíferos silvestres dependem dos frutos da juçara para sobreviver. Arapongas, sabiás-unas, tucanos, catetos, queixadas, esquilos, cutias, antas, entre outros, consomem os frutos e ajudam na dispersão das sementes pela floresta, garantindo a regeneração natural da mata”, explicou.
Agroindústrias
O Incaper também foi representado pelo engenheiro agrônomo Justino Marcos Marquezine, que apresentou um estudo de caso sobre as agroindústrias de beneficiamento da juçara em Rio Novo do Sul. Ele evidenciou o impacto positivo da organização da cadeia produtiva no município e o papel da assistência técnica na consolidação de empreendimentos que transformam o fruto em polpas, sucos, geleias e outros produtos de valor agregado.
Além do Incaper, o seminário contou com a contribuição de representantes de diversas instituições públicas e privadas, que compartilharam experiências e conhecimentos sobre temas, como sistemas produtivos sustentáveis, políticas de financiamento, subvenção agrícola, apoio técnico, pesquisa aplicada e comercialização de produtos derivados da juçara.
O evento foi encerrado com visitas técnicas a duas agroindústrias de processamento da juçara e a uma área de mata nativa, oferecendo aos participantes uma vivência prática sobre as etapas do cultivo, colheita e beneficiamento do fruto.