O ministro da Secretaria-geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, chamou os militares presos pela Polícia Federalista na manhã desta terça (19) de “delinquentes” e “traidores da pátria”. Eles foram detidos durante a Operação Contragolpe, que descobriu um suposto esquema formado por agentes das Forças Especiais do Tropa para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) em dezembro de 2022, poucos dias depois da diplomação.
As prisões e mandados de procura e consumição ocorreram nos estados do Rio de Janeiro, Goiás e Amazonas e no Província Federalista, e um deles estava atuando na segurança de líderes durante a Cúpula do G20, no Rio de Janeiro. Outro foi recluso chegando no aeroporto da capital fluminense vindo de Manaus, mais cedo, para também trabalhar na operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), decretada até o dia 21 na cidade.
“Agentes de Estado que agem contra a democracia é coisa de bandido, de delinquente, que tem que ser tomadas as providências no rigor da lei. Não tem tolerância”, disparou em entrevista à GloboNews. O governo em si ainda não se pronunciou.
Márcio Macêdo ainda atacou o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmando que a própria Secretaria-geral que ele comanda hoje era ocupada por “um delinquente, um traidor da pátria e da democracia” – o general Mario Fernandes.
“Você vê a diferença de um governo democrático popular [de Lula] para um governo que namorava com o fascismo e com o autoritarismo”, afirmou.
O ministro ainda se colocou contra o projeto de lei que concede anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 e ressaltou que é preciso possuir uma punição rigorosa “com esses bandidos que atentaram contra a democracia”.
“Esses delinquentes do dia 8 de janeiro eles têm que ser punidos no rigor da lei para que fique o exemplo que nunca mais nenhum golpista ouse atentar contra a democracia brasileira e o Estado democrático de direito”, completou classificando porquê “muito grave” o suposto projecto de realização de Lula e Alckmin.
Mario Fernandes foi ministro interino da Secretaria-Universal da Presidência da República durante o governo Bolsonaro, chegou a ocupar o Comando de Operações Especiais do Tropa e trabalhou porquê assessor do deputado federalista Eduardo Pazuello (PL-RJ) entre março de 2023 e março deste ano. Ele foi deposto do PL semanas depois da Operação Tempus Veritatis.
Ele chegou a ser convocado para prestar prova à PF em fevereiro, depois a operação, mas se manteve em silêncio. Segundo a PF, Fernandes integraria um dos núcleos da organização que supostamente planejava um golpe de Estado. Em uma reunião com ministros de Bolsonaro, Fernandes teria defendido uma ação antes das eleições.
“Então, tem que ser antes. Tem que acontecer antes. Como nós queremos. Dentro de um estado de normalidade. Mas é muito melhor assumir um pequeno risco de conturbar o País pensando assim, pra que aconteça antes, do que assumir um risco muito maior da conturbação no ‘the day after’, né? Quando a fotografia lá for de quem a fraude determinar”, disse, conforme a transcrição da PF.
Além dos quatro militares das Forças Especiais – os “kids pretos” – um policial federalista também foi recluso. As investigações apontam que o grupo “se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022”.
“Ainda estavam nos planos a prisão e execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal, que vinha sendo monitorado continuamente, caso o Golpe de Estado fosse consumado”, completou a Polícia Federalista sem reportar nomes. No entanto, se acredita que seria Moraes, que presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) naquele ano e proferiu decisões que atingiram diretamente eleitores do logo presidente candidato à reeleição.
Os documentos apreendidos mostram que o planejamento incluía a utilização de recursos bélicos e humanos, com técnicas militares avançadas, além da geração de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” para gerenciar os conflitos decorrentes das ações.
A PF acredita que a organização atuava com um esquema minusioso, indicando subida preparação estratégica para a realização das ações supostamente golpistas.
Segundo a PF, os crimes investigados incluem derrogação violenta do Estado Democrático de Recta, golpe de Estado e organização criminosa. As ações desarticuladas apontam para uma grave prenúncio à segurança institucional do país.