O proclamação do fechamento da fábrica da General Mills em Paranavaí (PR) joga um alerta sobre os municípios que contam com unidades de produção de grandes empresas e que empregam um número consistente de funcionários. Na cidade localizada no noroeste do Paraná, 220 pessoas serão desligadas em março, dando término à trajetória da companhia no estado.
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O aviso tinha sido oferecido no início de 2023, quando a multinacional norte-americana de vitualhas, detentora das marcas Yoki, Kitano e Häagen-Dazs no Brasil, desativou a vegetal de Cambará, no Setentrião Pioneiro do estado. Na ocasião, 880 colaboradores foram despedidos, o que representava, à quadra, tapume de 17% da força de trabalho de toda a cidade.
De convénio com a General Mills, a decisão de transpor definitivamente do Paraná foi tomada “para ampliar a capacidade produtiva, otimizar a cadeia operacional e oferecer melhor nível de serviço ao varejo brasileiro”. As operações de Paranavaí, porquê ocorreu com Cambará, serão transferidas para Pouso Feliz, no sul de Minas Gerais.
A decisão de fechar uma fábrica envolve inúmeras variáveis, principalmente econômicas, porquê logística, insumos e incentivos fiscais.
“É o segundo grande alerta nos últimos anos. É uma notícia ruim e nos coloca em atenção. Por isso temos que trabalhar junto com os prefeitos para que isso não aconteça mais”, opinou o presidente da escritório de promoção de investimentos do governo estadual, Invest Paraná, Eduardo Bekin.
“O que estamos fazendo com prefeitos e secretários municipais é alertá-los para ficarem em cima dos maiores arrecadadores”, reforçou ele. A decisão de fechar uma fábrica não é tomada da noite para o dia e envolve inúmeras variáveis, principalmente econômicas, porquê logística, insumos e incentivos fiscais. Mesmo assim, a prefeitura de Paranavaí foi pega de surpresa.
No dia do proclamação, em 21 de janeiro, diretores da empresa se reuniram com o prefeito Maurício Gehlen (PSD) para discursar o fechamento. Depois disso, os colaboradores da General Mills na cidade foram comunicados que perderiam seus empregos. “A prefeitura ofereceu todas as oportunidades possíveis e legais para evitar essa decisão, mas infelizmente foi uma decisão unilateral da empresa”, lamentou o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Kaká Scarabelli.
Paranavaí procura soluções para empregos e unidade fabril
A prefeitura de Paranavaí ainda está calculando o impacto financeiro da saída da General Mills, mormente em termos de arrecadação. A empresa é uma das principais indústrias e uma das maiores empregadoras da cidade. Por isso, segundo Scarabelli, a preocupação maior no momento são os postos de trabalho que serão fechados a partir de março.
No mesmo dia do proclamação, a prefeitura reuniu algumas das maiores companhias instaladas no município para buscar uma solução em relação a esses empregos. “As empresas fizeram um pacto entre elas para absorverem todos os colaboradores”, adiantou o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo da cidade. Os possíveis destinos dos trabalhadores da General Mills são os setores da citricultura e da mandiocultura, que têm peso significativo sobre a economia de Paranavaí.
Em nota, a empresa afirmou que “todas as transferências e movimentações estão sendo realizadas com profundo respeito aos colaboradores, produtores, parceiros e a comunidade local.” Posteriormente o fechamento definitivo em março, a corrida também será para encontrar um novo proprietário para a unidade, que se espalha por uma extensão de tapume de 100 milénio metros quadrados.
Esse trabalho será realizado em parceria entre o governo do estado e a prefeitura da cidade. “Nosso objetivo é encontrar um novo grupo econômico para assumir essa planta industrial. Temos uma convicção muito grande que iremos encontrar investidores para a planta”, afirmou Scarabelli.
Dois anos depois, Cambará ainda sente impactos da saída da General Mills
O fechamento da unidade de Cambará da General Mills em março de 2023 foi ainda mais traumático. Isso porque a multinacional empregava 880 pessoas, direta e indiretamente, em uma cidade com tapume de 25 milénio habitantes. O impacto se alastrou por toda a economia do município do Setentrião Pioneiro, que viu até mesmo o negócio suportar com menos movimento.
A estimativa da prefeitura é de que o município deixou de receber R$ 800 milénio por ano com impostos diretos e indiretos. Além da arrecadação, toda a calabouço produtiva da cidade foi afetada, com impactos nos transportes de cargas e de passageiros, agronegócio, metalurgia, manutenção, entre outras.
O maior problema, entretanto, foi a deposição em volume. De convénio com o secretário da Indústria, Transacção, Turismo, Agronegócio e Inovação de Cambará, Luiz Fantineli Junior, esse movimento “representou e continua representando um grande desafio para Cambará”, pois até agora “não foi possível amenizar ou reverter de maneira significativa [o fechamento dos empregos].”
Nesses dois anos, o município e o governo do estado trabalharam para tentar acoitar novas empresas na vegetal que era da General Mills. Segundo o presidente da Invest Paraná, Eduardo Bekin, duas companhias devem assumir o sítio em breve — ele não confirmou quais — e terebrar vagas de trabalho.
O alerta serviu para que Cambará não ficasse tão dependente de somente uma empresa. Por isso, a gestão atual da prefeitura pretende variar a matriz econômica e industrial da cidade para previnir situações semelhantes. “Temos ampliado o diálogo com a iniciativa privada, oferecido incentivos adequados e fortalecido programas de capacitação profissional, visando tanto preservar o parque industrial atual quanto atrair novas empresas”, acrescentou Fantineli Junior.
Paraná perdeu a concorrência para Minas Gerais
A General Mills não saiu do Paraná por possibilidade. Apesar de alegar questões logísticas, a multinacional norte-americana também recebeu espeque do governo de Minas Gerais para a ampliação da unidade fabril em Pouso Feliz, no sul do estado. Logo posteriormente a saída de Cambará, a empresa anunciou investimento de R$ 300 milhões para ampliar a fábrica na cidade e gerar tapume de 600 empregos diretos e mais 400 indiretos.
O governo mineiro não divulgou que tipo de incentivo foi oferecido à General Mills, mas anunciou à quadra, em 2023, que a expansão recebeu “apoio por meio da interlocução com a Invest Minas” — a escritório é congênere da Invest Paraná. Aliás, o governo de Minas Gerais concedeu licenças ambientais simplificadas para o aumento da operação da multinacional em Pouso Feliz.
“É natural um estado buscar mais investimentos e acaba atacando outro estado”, reconheceu Bekin. Ele afirma, no entanto, que a Invest Paraná tem tentado diálogo com outras agências de investimento estaduais “para não tirar empresas uns dos outros”. O foco está principalmente na interlocução entre os estados do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), formado por São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.
De qualquer maneira, Bekin lembra que “o mercado também é livre” e que é preciso “entender” as decisões das empresas. Para evitar a transferência entre os estados, ele destaca que o Paraná está se concentrando em trazer indústrias estrangeiras.
A Unilin, empresa de belga produtos para interiores e construção, por exemplo, vai investir R$ 70 milhões em uma fábrica de pisos laminados em Piên, no sudeste do Paraná. “No pós-pandemia vimos a importância de ser autossuficientes. Muitas empresas de fora podem produzir aqui e temos que ir atrás delas para viabilizar”, completou Bekin.