Com sete campos de produção de lúpulo, com perspectiva de ampliação, e seis fábricas de cerveja artesanal em funcionamento, o município de Viana começa a se realçar porquê um importante polo cervejeiro no Espírito Santo. O município ganhou em 2024 a Rota do Polo Cervejeiro.
De conciliação com o secretário executivo do Polo Cervejeiro de Viana, Francisco Sizino, a expectativa inicial é de produzir até quatro toneladas de lúpulo “in natura”, por ano. “A gente sabe que o lúpulo é chamado de ouro verde, a gente tem lúpulo aí custando R$ 300 o quilo, sem estar beneficiado. Beneficiado, esse valor cresce exponencialmente”, explica o gestor.
“É uma oportunidade para o pequeno produtor, é uma oportunidade para o produtor sair de culturas antigas que dão pouca rentabilidade para ele em pequenos espaços. No nosso caso, em Viana, em plantações de 500 metros quadrados, esse cara tem condições de produzir 400 quilos de lúpulo por ano, a R$ 300 o quilo”, acrescenta.
Segundo Sizino, 92% do lúpulo consumido no Brasil vem de fora do país. “Obviamente os produtores vão fazer o seu processo de prospecção de clientes e, naturalmente, a gente vai ter saída desse produto feito aqui na cidade de Viana. Lembrando que Viana, hoje, já pode ser considerada no Espírito Santo a Capital do Lúpulo, porque nós somos o maior produtor de lúpulo do estado, mas tudo isso articulado dentro do projeto do Polo Cervejeiro”, comenta.
Rota estadual
O secretário explica que a aprovação da lei instituindo a rota na Ales serve porquê grande incentivo para produtores rurais e para as cervejarias investirem mais no negócio. “Com o Polo Cervejeiro de Viana, nós criamos um fundo de aval junto com o Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) para beneficiar até 20 empreendimentos com R$ 1 milhão”, pontua Sizino.
“Agora, como o polo é uma rota estadual, isso vai beneficiar esse produtor, aquele morador da rota do Polo Cervejeiro que queira pegar financiamento, ele passa agora a poder pegar financiamento até de R$ 15 milhões no programa do governo federal de incentivo ao turismo, do qual o Bandes faz parte também”, complementa.
“Você vai sair de R$ 1 milhão para R$ 15 milhões, então olha o potencial disso, né? Hoje a gente já tem casa de show querendo ir para a Rota do Polo Cervejeiro, nós temos 14 cervejarias que se inscreveram para ir para a Rota do Polo Cervejeiro, mas já temos lá, se a gente for parar para pensar, 100 quartos para hospedagem, você já tem a Cachaçaria Cavati ali naquela região, você já tem alguns equipamentos que estão montados para trazer essas pessoas para o polo”, projeta o secretário.
“A rota estadual era o que faltava para dizer para o cara: ‘vem para a rota, vem para cá que vai dar certo, tem recurso, com juros baixos’. A gente está falando de coisa de 7% ao ano. É um incentivo importantíssimo, a Assembleia foi fundamental para esse processo de não só beneficiar quem quer vir para Viana, mas também de reconhecer Viana como uma rota turística, até porque a Rota do Polo Cervejeiro é a primeira rota estadual criada em Viana”, comemora o gestor.
Cervejaria
Consolidada porquê a maior produtora em volume de litros no município, a Cervejaria Piabier é um exemplo do investimento que está sendo feito atualmente em Viana no setor. Um dos sócios-proprietários do empreendimento, Raian Lube Moreira, lembra que o negócio começou pequeno, sem grandes perspectivas e foi se profissionalizando com o passar dos anos.
“A cervejaria surgiu com o sonho de produzir a própria cerveja entre amigos e aí depois virou uma empresa familiar. Comercialmente falando, a gente trabalha desde 2016, mas eu produzo desde 2014. Em 2020 a gente implantou a nossa fábrica, a gente era uma cervejaria cigana, produzia em outra planta e agora com a planta própria estamos cada vez mais conseguindo melhorar o nosso produto. A gente já tem uma estabilidade no produto, tá bem bacana esse movimento”, diz o empresário.
Dentre os tipos de cerveja produzidos na fábrica se destaca a Pilsen, que responde por 90% da produção. Mas a Piabier produz ainda Ipa, Blonde, Red, Stout, Strong Ale e alguns estilos sazonais, porquê a Sour frutada. “A média, hoje, gira em torno de 10 mil litros por mês, com a capacidade de produção que a gente tem”, aponta Raian.
O empresário conta que a cervejaria tem dois funcionários e mais alguns colaboradores de freelancer. O faturamento anual médio é de R$ 400 milénio. “Investimento de equipamento a gente passa de R$ 1,5 milhão, que a gente já investiu, desde lá de trás. Estrutura toda em inox, tanque, câmara fria, toda essa parte maior, de acordo com a capacidade produtiva do nosso equipamento, que hoje gira em torno de 500 litros por braçada”, complementa.
O empreendedor está entusiasmado com a formalização da rota e com a perspectiva da geração de mais campos para a produção do lúpulo no município:
“Isso é maravilhoso, porque além de agregar valor a toda cadeia produtiva da cerveja em Viana e no estado, essa possibilidade de a gente ter um insumo tão querido na cerveja, que faz tanta diferença, é excepcional. (…) Acredito eu que isso vai fomentar ainda mais a cadeia produtiva, trazendo uma fonte de renda mais diversificada para a região. E, além de fomentar também a questão do turismo, o turismo de experiência, o turismo que vai girar em torno da cerveja e dos insumos, é muito bom”, avalia Raian Lube.
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Associação de produtores
A Prefeitura de Viana já conta hoje com uma fileira de 32 interessados em integrar a associação de produtores de lúpulo que está sendo criada. O Executivo municipal está investindo em equipamentos de beneficiamento do substância da cerveja para deixar à disposição de quem pretende investir na cultura. “A gente não vai conseguir atender todos eles. Provavelmente a gente vai chegar até o final do ano com 15 campos constituídos”, explica Francisco Sizino.
“A aquisição da máquina está dizendo para esse produtor o seguinte: você agora vai beneficiar o seu produto, o seu produto vai ter um valor agregado maior. E tendo um valor agregado maior, você vai poder comercializar melhor também. Porque o produtor de cerveja, ele não quer comprar o lúpulo ‘in natura’, ele quer comprar o lúpulo em pellet (produto processado). E vai ser uma realidade a venda do lúpulo produzido em Viana, em pellet, nessa associação que está sendo montada pelos produtores, que vai virar uma cooperativa num segundo momento”, acrescenta o secretário executivo do Polo Cervejeiro.
“É bom lembrar que nós vamos ter um Ifes cervejeiro na Rota do Polo, dedicado a cursos técnicos na área de cerveja e do turismo. Mas também que nós já temos o Qualifica ES, que vai ser lançado agora em fevereiro, para a área da cerveja. E que nós já temos curso de cervejeiro caseiro acontecendo em Viana. Nós tivemos cinco até agora, no passado. Tudo gira em torno de um tripé: turismo, desenvolvimento econômico e educação”, comenta Sizino.
“Então, a gente fechou com isso. Porque a gente viu que a educação é importante, para formar profissional, para formar mão de obra. Desses cinco cursos que nós demos {{aqui}} em Viana, formaram 110 pessoas, tem oito pessoas no mercado de trabalho, depois de terem feito esse curso, que é um curso que dura um sábado. Imagina, depois de ter o curso técnico, que custa R$ 21 mil hoje no Senai do Rio de Janeiro, e aqui vai ser de graça”, finaliza o secretário.
Associação de microcervejarias
Além da associação de produtores que está sendo criada, existe também a Associação Vianense de Microcervejarias Artesanais (Avicerva), da qual fazem segmento as seis cervejarias em funcionamento no município. O presidente da associação, Flávio Pimentel, afirma que a média mensal de produção é de aproximadamente 30 milénio litros, com a perspectiva de aumentar. O gestor informa ainda que o mercado cervejeiro gera um faturamento anual de muro de R$ 1 milhão.
“A gente aqui em Viana está fomentando muito o mercado cervejeiro, sem contar o próprio turismo. Viana, antigamente, por eu já rodar muitos eventos com minha cervejaria e tudo mais, antigamente as pessoas falavam ‘lá é a cidade onde tem os presídios’. Hoje, quando a gente fala em Viana, é a cidade do polo cervejeiro. Então, isso tem muito a acrescentar, o polo cervejeiro, a cultura cervejeira em Viana, o turismo, e agregar e crescer cada vez mais”, avalia o presidente.
“A gente está tentando botar em prática aqui a rota do polo cervejeiro mesmo, um dia que a gente vai abrir todas as cervejarias para incentivar o turismo, o pessoal vem visitar cada uma, em dia específico, e hoje as cervejarias, muitas aqui em Viana, não têm visitação ao público. Então a gente está tentando junto com as cervejarias, através da associação, por exemplo, marcar um domingo e todo mundo abrir para o pessoal visitar, conhecer todos os restaurantes e cervejarias de Viana”, anuncia Pimentel.
