A cada temporada, a National Football League (NFL) vem quebrando recordes de arrecadação que a colocam como a maior liga do mundo em receitas. A receita da NFL em 2023 chegou a cerca de US$ 20 bilhões (18,7 bilhões, segundo a Deloitte Annual Review of Football Finance). O valor é equivalente a R$ 107,8 bilhões.
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Como comparação, no Brasil, todos os investimentos em publicidade, em todos os setores, chegaram a R$ 23,4 bilhões em 2023, segundo o estudo Cenp-Meios, do Conselho Executivo das Normas-Padrão (Cenp). Somente a receita anual da NFL, portanto, é quase cinco vezes maior (4,6) do que a de todos os anúncios que movimentam as agências no Brasil.
O valor total de R$ 23,4 bilhões da publicidade no Brasil veio dos seguintes segmentos: televisão aberta: R$ 9,28 bilhões (39,6% do total); internet: R$ 8,96 bilhão (38,2% do total); mídia exterior: R$ 2,53 bilhão (10,8% do total); televisão por assinatura: R$ 1,16 bilhão (5,0% do total); rádio: R$ 975,8 milhões (4,2% do total); jornal: R$ 367,6 milhões (1,6% do total); revista: R$ 86,2 milhões (0,4% do total); cinema: R$ 68,0 milhões (0,3% do total).
Tamanha diferença, conforme afirma a Oeste Paulo Azevedo, doutor em Administração e professor de estratégia financeira do Ibmec São Paulo, se deve, em grande parte, ao potencial da mídia norte-americana. Há décadas, ela é capaz de criar valor em atividades dos mais diversos tipos. A NFL é um dos expoentes deste modelo bem-sucedido.
“A criação desse valor gera a possibilidade de apropriação de valor, como é estudado em estratégia empresarial”, afirma o especialista. Neste sentido, a publicidade se encaixou à própria cultura norte-americana, apreciadora do esporte há mais de um século. E se utilizou dele para gerar receitas.
“Os clientes que veem valor nos produtos estão dispostos a pagar mais por eles”, observa Azevedo. “Isso ajuda na venda de ingressos, na compra de produtos derivados do evento e na fidelização de clientes.”
Equipes da NFL também lucraram
A temporada de 2024-2025 se encerra no próximo domingo, 9, com a partida entre o Kansas City Chiefs e o Philadelphia Eagles.
Este jogo final, conhecido como Super Bowl, reúne, em um evento que engloba patrocínios milionários e show de artistas de peso, os vencedores Conferência Americana (AFC) e da Conferência Nacional (NFC), durante a temporada regular.
Somente este jogo gera uma receita de pelo menos US$ 3 bilhões. Todas as equipes participantes da temporada, porém, lucraram.
Cada uma das 32 equipes da liga recebeu US$ 372 milhões (R$ 2,1 bilhões). Os recursos vieram de direitos de transmissão nacionais, patrocínios, venda de produtos licenciados e licenciamentos e foram distribuídos pela NFL, que ficou com uma parte do lucro.
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“A NFL, faz algumas décadas, deixou de ser um liga esportiva somente”, explica Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil à Exame. “Cada um de seus jogos é visto pelos norte-americanos como uma celebração de sua cultura competitiva. É a principal atração da mais rica e próspera economia do mundo, e seguirá sendo a mais valiosa liga do planeta, no mínimo, por mais algumas décadas.”
A COO da Roc Nation Sports no Brasil é uma empresa de entretenimento norte-americana comandada pelo rapper Jay-Z. Centenas de atletas são gerenciados por ela.
Roger Goodell, comissário da NFL, revelou a proprietários, segundo o EUA hojeque o objetivo da liga é ultrapassar US$ 25 bilhões (R$ 144,2 bilhões) em receitas até 2027. A promessa foi feita em 2010, quando a NFL gerava algo em torno de US$ 8 bilhões (R$ 46,1 bilhões).
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Outras duas ligas norte-americanas: a Major League Baseball (MLB) e a National Basketball Association (NBA), ambas com US$ 10,9 bilhões (R$ 62,8 bilhões), vêm atrás da NFL, mas também com arrecadações imponentes.
Em 2023, para se ter uma ideia, a Premier League (liga de futebol da Inglaterra), a mais rentável da Europa, gerou U$ 7,2 bilhões em receitas (R$ 41,5 bilhões), segundo a Sports Value. Já o Campeonato Brasileiro de futebol gerou uma receita de US$1,8 bilhão.
“Os Estados Unidos já têm uma tradição histórica de transformar os esportes em eventos midiáticos, explorando seus diversos aspectos comerciais e de publicidade”, completa Azevedo.