A alta aprovação da gestão Ratinho Junior (PSD) credenciou o governador ao posto de maior cabo eleitoral nos estados do país administrados pelos principais nomes da direita e da centro-direita, a partir de vitórias dos candidatos do partido em 41,1% das prefeituras do Paraná. O índice é o maior entre os governadores de direita que podem disputar as eleições presidenciais de 2026, entre eles, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Ronaldo Caiado (União), de Goiás.
O PSD, que tem como presidente estadual Ratinho Junior, vai comandar 164 municípios paranaenses, entre eles, a capital Curitiba e Londrina, maior cidade do interior do estado, que tiveram os novos prefeitos definidos no segundo turno decidido no último domingo (27) com campanhas marcadas pela presença do governador em apoio aos aliados.
O atual vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) venceu a corrida eleitoral em Curitiba e assume a capital a partir de 1º de janeiro, dando continuidade à gestão Rafael Greca (PSD). Em Londrina, o deputado estadual Tiago Amaral (PSD) foi eleito. Nas eleições de 2020, o PSD terminou o pleito municipal com a vitória em 128 municípios paranaenses.
“O Ratinho Junior sai das eleições como uma das maiores lideranças do Brasil neste momento. Entre todos os estados, o governador que proporcionalmente fez o maior número de prefeitos do próprio partido foi o do Paraná. Ao lado do Tarcísio, em São Paulo, e do Caiado (União), no estado de Goiás, foram os três governadores de grande expressão que conseguiram eleger prefeitos nas capitais”, comentou o deputado estadual Alexandre Curi (PSD), novo presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).
Em Goiás, Caiado elegeu 38% dos prefeitos pelo União Brasil. No estado de São Paulo, o desempenho do Republicanos foi menor e Tarcísio contará com 13% de prefeituras administradas por correligionários. Em Santa Catarina, Jorginho Mello (PL) elegeu 90 prefeitos catarinenses, equivalente a 31% dos municípios no estado.
Além disso, 93 prefeitos de outras legendas ainda foram eleitos com o apoio do PSD Paraná nas coligações partidárias, ampliando o número de gestores municipais aliados ao governador para 257, o que representa 64,4% das 399 cidades do estado, com uma estimativa de quase 6 milhões de habitantes. “Os números do PSD no Paraná e os números apresentados pelo PSD no Brasil, partido com maior número de prefeituras do país, credenciam o governador Ratinho a disputar o cargo de presidente, além dos resultados positivos da gestão estadual. Ele passa a ter um nome nacional e não vejo outra liderança dentro do PSD que possa disputar a Presidência da República”, defende Curi, que pode ser candidato ao governo do Paraná em 2026 como sucessor de Ratinho Junior.
“O que eu posso garantir é que o PSD terá candidato a governador e dentro do partido tem o atual prefeito de Curitiba, Rafael Greca, uma liderança nacional, já foi ministro do Esporte, prefeito da capital por três vezes. O meu nome também está entre os que podem ser apresentados como candidato, assim como o do vice-governador Darci Piana, que pode assumir o estado em abril de 2026, se houver a renúncia do Ratinho Junior para a disputa eleitoral”, comentou Curi, que assume o comando da Alep em fevereiro 2025.
Curi defende discurso de Ratinho Jr. sobre vitória da “direita popular”
Questionado pela Gazeta do Povo sobre as articulações do PSD no âmbito nacional, lideradas pelo presidente da sigla, Gilberto Kassab, o deputado respondeu que preferia falar sobre o posicionamento do partido no estado com líderes de direita com menos de 45 anos nos quatro cargos mais importantes do Paraná: as prefeituras de Curitiba e Londrina, a presidência da Assembleia Legislativa e o chefia estadual do Executivo.
O que eu posso garantir é que o PSD terá candidato a governador no Paraná.
Deputado estadual Alexandre Curi
“Nós fazemos parte da direita popular, que se comunica com todos. A eleição terminou e o Eduardo Pimentel será o prefeito de todos os curitibanos. Vai dialogar com a direita, com o centro e vai ter respeito e diálogo também com a esquerda. Quem está na Presidência da República é a esquerda e todos os municípios e a prefeitura de Curitiba precisam de recursos do governo federal, da [hidrelétrica] Itaipu que está investindo nas cidades do Paraná”, respondeu.
Curi defende o diálogo com outros partidos, mas reafirma que o PSD do Paraná deve manter o posicionamento conservador. “Somos contra as drogas, contra a ideologia de gênero, a favor da família e do direito à propriedade, mas um governante tem que respeitar todas as ideologias e dialogar com todos os lados”, completou.
Na segunda-feira (28), em entrevista à revista Veja, Ratinho Junior afirmou que a direita estadual criou o “método Paraná” com mais equilíbrio na política, que se refletiu no resultado das urnas. “É poder ter o equilíbrio dessa direita, desse movimento que criamos no Paraná, que é a direita popular, em que temos de forma muito clara a questão da liberdade econômica, da defesa da propriedade privada, dos valores mais conservadores. Mas, acima de tudo, também com o olhar social, que é muito importante. Nós conseguimos fazer com que houvesse esse equilíbrio”, declarou então o governador.
Votos antissistema e de eleitores de Bolsonaro são desafios para governador do Paraná
Na avaliação de Doacir Quadros, professor do curso de Ciência Política e do mestrado acadêmico em Direito do Centro Universitário Internacional Uninter, o governador Ratinho Junior vai precisar conquistar os votos de outras forças políticas da direita, se optar pela corrida presidencial de 2026, ao invés do “caminho natural” com a candidatura ao Senado.
Pelo menos é a tendência apontada pelo segundo turno das eleições de 2024 em Curitiba, de acordo com a análise do cientista político, que ressalta a identificação do eleitorado de direita com a jornalista conservadora Cristina Graeml (PMB), adversária do grupo político do PSD no pleito da capital do estado.“É um eleitor antipetista, anticorrupção, que apoiou a Lava Jato e que quer uma renovação na política. Esse eleitor votou na Graeml e não votou no indicado pelo Ratinho porque não se identificou com o candidato.”
Quadros alerta que a falta de aderência deste eleitorado mais à direita pode impedir a projeção política do governador paranaense em âmbito nacional para a construção de uma candidatura viável a presidente da República. “Para de fato ter sucesso, ele teria que conquistar essa parte do eleitorado, pois o Ratinho Junior não é um fenômeno bolsonarista. Ele tem capital político próprio, construído durante 20 anos de vida pública no Paraná”, avalia.