João Doria, ex-governador de São Paulo, está disposto a reconstruir sua relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Conforme o jornal O Orbe, em reportagem publicada neste domingo, 3, o ex-tucano chegou a enviar uma missiva escrita à mão ao patrão do Executivo, na qual pede desculpas pelos supostos erros que cometeu.
O jornal informou que o vice-presidente Geraldo Alckmin foi o escolhido para entregar a missiva a Lula. Na mensagem, Doria admite ter cometido “exageros e equívocos” em sua relação com Alckmin e com Lula. “Queria ter a chance de dizer que errei”, afirmou, no texto, conforme relatado por pessoas próximas ao presidente.
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O presidente teria lido o texto na hora e reconhecido o gesto de Doria. De convenção com O Orbe, o petista comentou que, depois de tantas experiências, já não guardava rancor do ex-adversário. Mas tornar-se companheiro de Doria seria um passo excessivo, teria dito Lula.
Essa iniciativa é secção de um esforço de reconciliação que Doria havia começado meses antes. Ele reconstruiu sua relação com Alckmin, com quem tinha rompido, depois de uma longa conversa em sua residência. Ou por outra, o ex-tucano também buscou se reconciliar com outros ex-aliados, uma vez que Rodrigo Garcia, seu ex-vice, e Bruno Araújo, ex-presidente do PSDB.
“Agora, sou o João Conciliador”, declarou Doria ao Orbe, em referência ao seu idoso bordão “João Trabalhador”, que o ajudou a se escolher prefeito em 2016. Segundo o ex-tucano, seu objetivo não é voltar à política, mas formar uma ampla frente em torno de suas atividades empresariais. Doria reassumiu o controle do grupo Lide e voltou a focalizar no setor privado.
Para se associar ao Lide, é necessário ter uma empresa com faturamento mínimo de R$ 200 milhões por ano. A página do Lide apresenta fotos de eventos que reúnem figuras uma vez que o ex-presidente Michel Temer e ministros do Supremo Tribunal Federalista.
“Saí da política de vez”, disse o ex-tucano ao jornal, ao salientar que pretende manter contato indireto com o mundo político. “Pode escrever. Não guardo ressentimentos nem mágoas. Não volto mais.”
Doria também se aproxima de aliados de Lula
Depois de um hiato de seis anos, Doria voltou ao mundo dos negócios. No entanto, enfrentou resistência do governo. Muitos do cume escalão petista preferiam não se associar a alguém que havia sido contendor de Lula e que, em 2019, fez piadas sobre a prisão do petista. Doria pediu desculpas publicamente por suas declarações, mas a suspicácia em Brasília persistiu.
Em sua mansão no Jardim Europa, em São Paulo, Doria recebe discretamente ministros do governo. Nos últimos meses, o ex-tucano se encontrou com vários deles, incluindo Alexandre Padilha e Paulo Pimenta. Sua boa relação se estende a outros quadros do governo, uma vez que Marina Silva e Fernando Haddad.
Outra estratégia de Doria é se aproximar de governadores do PT, uma vez que Fátima Bezerra e Rafael Fonteles, que agora participam de eventos do Lide ao lado de figuras proeminentes da política.
Recentemente, Doria conseguiu prometer a presença do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, em um evento do Lide. Embora alguns ministros ainda hesitem em participar, o ex-tucano segue em sua procura por reconciliação.
Doria admite que ainda não recebeu resposta de Lula à missiva, mas se sente tranquilo. “A minha alma é conciliadora”, disse. “Não tenho ódio de ninguém e não pretendo reviver conflitos. Se Lula leu, ótimo. Estou em paz e espero que ele também esteja.”
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