Uma das tarefas principais do governo é – ou deveria ser – definir uma agenda econômica para o ano de 2025, com indicação dos rumos do governo e qual será a política econômica, com suas ações, gastos, fontes de recursos e resultados esperados. A rigor, a política econômica é o conjunto de ações e medidas discricionárias pelas quais se dá a mediação do Estado na economia, principalmente a política fiscal (orçamento de receitas e gastos públicos), política monetária (ação do governo sobre moeda, crédito e taxa de câmbio) e política social (programas de saúde, instrução, seguridade social, previdência e distribuição de renda etc.).
O planejamento governamental deve considerar o envolvente político, econômico e social construído ao longo do tempo e a verdade vernáculo existente nos últimos meses do ano atual. No Brasil, tem sido geral a elaboração de planos governamentais irreais e inviáveis pela não consideração da base sobre a qual o país funcionará nos períodos seguintes. Na estratégia de gestão empresarial, um dos modelos de planejamento usados pelos gestores começa com o figura do tecido de fundo no qual está contida a estrutura da organização, seus produtos, seu mercado, atividades, objetivos, propósitos, metas, receitas, despesas, investimentos, fontes de recursos e os resultados desejados ao termo do ano seguinte e anos posteriores. Com as devidas adaptações, esse é um padrão aplicável ao país uma vez que um todo e às estruturas governamentais.
Os pontos aqui abordados não esgotam uma agenda econômica, que deve abordar outros temas, mas são pontos essenciais para produzir previsibilidade e fomento ao incremento econômico e o desenvolvimento social. O governo deve isso ao país
Olhando o Brasil por esse prisma, o tecido de fundo sobre o qual a pátria brasileira viverá em 2025 começa com algumas realidades estruturais e algumas conjunturais, entre as quais se destacam: 1) o Brasil continua um país pobre, a julgar pelo Resultado Interno Bruto (PIB) por habitante, que está em torno de US$ 11,3 milénio (pelo critério de paridade de poder de compra); 2) a infraestrutura universal (o capital físico) é insuficiente, envelhecida e carente de modernização tecnológica; 3) a produtividade econômica é baixa (resultado por hora trabalhada); 4) no caso da indústria, a produtividade está estagnada há pelo menos quatro décadas; 5) o setor público consolidado (União, estados e municípios) está com déficit primitivo problemático (o resultado primitivo é igual às receitas tributárias menos os pagamentos de aposentadorias e programas sociais sem contrapartida, e menos os gastos com pessoal, investimentos, custeio da máquina estatal, custeio dos serviços públicos, e não considera os juros da dívida pública); 6) a fardo tributária é subida, em torno de 34% do PIB; 7) a inflação não está fora de controle, embora com viés de subida; 8) a dívida pública está bastante elevada, ameaçando passar de 80% do PIB; 9) a taxa básica de juros termina o ano com potente elevação; 10) as contas externas estão em situação confortável; 11) a taxa de câmbio subiu muito no termo do ano e está subida, basicamente em função dos juros elevados, da subida dívida pública e dos déficits fiscais.
Embora a lista de 11 realidades supra não contenha todo da economia brasileira, ela serve de base para o entendimento da situação e dos limites do país. O veste é que há problemas sérios que podem frustrar a tentativa de sucesso econômico no ano que vem. Uma agenda econômica é importante para mostrar as estratégias, políticas e medidas para combater as fragilidades e indicar uma vez que será verosímil continuar. Porém, para construção de uma agenda confiável, as autoridades maiores do país, sobretudo o presidente da República e seu ministro da Rancho, devem informar a pátria sobre o que pretendem e parar com discursos e declarações que desestimulam investimentos, inibem negócios e fomentam a fuga de capitais para o exterior.
Quanto a definir objetivos gerais para o país, não é um pouco difícil e deve encetar com os seguintes: aumentar o PIB a taxas superiores às taxas de aumento da população; ampliar o nível de trabalho; empregar potente programa de controle das contas públicas; reduzir de forma consistente e duradoura os déficits fiscais; e reduzir a dívida pública uma vez que porcentual do PIB. O triunfo desses cinco objetivos é exigência necessária para viabilizar demais objetivos e metas, porém o triunfo de qualquer projecto depende da realização de certas condições, sobretudo a melhoria do envolvente institucional e a redução da instabilidade jurídica.
Vale registrar que também é necessário reduzir as incertezas, principalmente quanto à reforma tributária que não se sabe qual será em seus detalhes, mas já indicou os setores castigados com mais tributos, uma vez que é o caso do setor de serviços materiais e profissionais que fazem secção do grande setor de serviços responsável pela maior parcela do PIB da pátria. Os pontos cá abordados não esgotam uma agenda econômica, que deve abordar outros temas, mas são pontos essenciais para produzir previsibilidade e fomento ao incremento econômico e o desenvolvimento social. O governo deve isso ao país.