Os elementos que compõem uma exposição ou estande de uma feira são a principal ferramenta utilizada por seus realizadores para se comunicar com o público. Para além das obras, mobiliários e demais itens de design, a maneira como eles são apresentadas conta muito sobre o que se pretende com tal mostra, traduzindo conceito e lançamentos em experiência.
Em entrevista a HAUS, o arquiteto e mestre em Design Gabriel Schneider, sócio-fundador do escritório, revelou que o objetivo para a mostra era fugir de espaços supersetorizados de modo a propiciar uma experiência diferente daquela mais comum em feiras do setor. “A ideia sempre foi criar algo para que as pessoas pudessem passear, quase como se fosse uma praça”, compara.
A proposta dialogou de perto com o objetivo geral do evento, de impulsionar o design nacional através da promoção de conexão entre artistas e público. “No final das contas, o projeto expográfico é o pano de fundo para o que vem de importante ali em cima. [Ali] a ideia era que, além desse passeio, acontecesse também a interação com as peças e com os designers”, arremata Schneider.
Outro recurso presente no desenho do projeto conversou com o endereço escolhido para a mostra, de autoria do arquiteto Oscar Niemeyer, numa referência a características marcantes da arquitetura modernista, como a opção por não dividir o espaço, mas qualificá-lo, nas palavras do sócio-fundador da Solo.
Segundo ele, o layout foi pensado para manter uma linguagem simples e fluida. “Trouxemos uma série de aros e essas áreas funcionaram como órbitas. Todos os expositores estavam dentro desses círculos ou ao redor deles e a ideia era que cada cluster desses fosse uma minipraça”, convidando a uma visitação orgânica e sem regras de trajeto.
Expositores redondos de diversas alturas e diâmetros foram destaque, utilizados como pedestais ou bancadas para a exposição das peças. O arquiteto destaca que “a ideia sempre foi que a pessoa pudesse andar em volta das peças, que não fosse aquela exposição que você olha de frente, que fica àquela distância. Como são peças de design, é legal a pessoa poder ver em volta dela, poder percorrer, às vezes tocar mesmo”.
O único elemento mais rígido presente na expografia foram biombos, empregados para separar alguns expositores cujas obras necessitavam de paredes ou para criar uma espécie de cabine que favorecesse a experiência.
Desmontável e empilhável, o mobiliário criado para a exposição deverá ser reaproveitado em novos eventos e foi pensado para garantir seu reuso. “Como ele é redondo e é bem abstrato, tem essa forma muito pura, possibilita vários tipos de acabamento e de disposições. Os biombos são todos de encaixe, não tem parafusos, então podem ser reaproveitados também”, complementa Schneider.