A presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou nesta segunda-feira, 3, que fez um acordo com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para pausar as tarifas anunciadas pelo republicano durante um mês.
Em uma publicação no Twitter/xClaudia disse que teve uma conversa com Trump, “com grande respeito” pelo relacionamento entre os dois países. Com isso, chegaram a uma série de acordos:
- O México vai reforçar imediatamente a fronteira norte com o envio de 10 mil membros da Guarda Nacional para coibir o tráfico de drogas para os EUA, com foco especial no fentanil;
- Os Estados Unidos se comprometeram a intensificar o combate ao tráfico de armas de alto calibre para o território mexicano;
- Serão criadas duas frentes de trabalho conjunto entre os países: uma voltada para segurança e outra para comércio;
- As tarifas comerciais entre México e EUA ficarão suspensas por um mês, período em que ambas as nações vão buscar avanços nas negociações.
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Em entrevista a jornalistas nesta segunda-feira, a presidente do México destacou que, durante a conversa, ambos os líderes concordaram que tais medidas são essenciais para manter a competitividade perante a China e outras potências globais.
Claudia informou ainda que o país terá, a partir de agora, três mesas de trabalho conjuntas com o governo dos EUA:
“Já temos uma mesa com a Secretaria do Departamento dos Estados Unidos, em que o subsecretário está trabalhando fortemente para a defesa dos nossos irmãos mexicanos e sobre todos os temas que tenham a ver com imigração”, disse a presidente.
“Agora, abrem-se duas novas mesas de trabalho, uma para tratarmos sobre o tema de segurança e outra sobre o tema de comércio”, acrescentou. Ela reforçou que considera muito importante a pausa das tarifas. “Teremos um mês para trabalhar e convencer a todos que esse é o melhor caminho.”
O presidente Donald Trump também se manifestou na rede Truth Social e classificou o diálogo com Claudia como uma “conversa muito amigável”. Ele destacou que os soldados enviados pelo México vão estar focados em interromper o fluxo de fentanil e de imigrantes ilegais na fronteira.
Trump também confirmou a suspensão temporária das tarifas e anunciou que as negociações com o México vão ser lideradas pelo secretário de Estado, Marco Rubio, pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, e pelo secretário de Comércio, Howard Lutnick.
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“Estou ansioso para participar dessas negociações, com a presidente Sheinbaum, enquanto tentamos alcançar um ‘acordo’ entre nossos dois países”, escreveu Trump.
Acabei de conversar com o presidente Claudia Sheinbaum, do México. Foi uma conversa muito amigável, na qual ela concordou em fornecer imediatamente 10.000 soldados mexicanos na fronteira que separava o México e os Estados Unidos. Esses soldados serão designados especificamente para interromper o fluxo de…
– Donald J. Trump posta de sua verdade social (@TrumpDailyPosts) 3 de fevereiro de 2025
Canadá entra em conflito Trump
Enquanto o México busca soluções diplomáticas, o Canadá segue um caminho oposto. No sábado, o primeiro-ministro, Justin Trudeau, anunciou uma tarifa de 25% sobre produtos dos EUA em resposta às medidas adotadas por Trump.
Trudeau afirmou que as tarifas prejudicam a relação histórica entre os países. Ele também incentivou os canadenses a priorizarem produtos nacionais e a viajarem pelo próprio país, em vez de irem aos Estados Unidos.
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As tarifas canadenses afetam uma série de produtos, incluindo cerveja, vinho, bourbonfrutas, sucos (como o famoso suco de laranja da Flórida), além de roupas, equipamentos esportivos e eletrodomésticos. O governo canadense também estuda medidas adicionais, como restrições em setores de minerais críticos e energia.
Questionada sobre a possibilidade de o México adotar uma postura semelhante à do Canadá, Claudia destacou:
“É interessante para nós manter o acordo comercial com os EUA”, disse. “Consideramos que é benéfico para o México e para os Estados Unidos. Mas o acordo comercial também vem para fortalecer a produção do nosso país, mas de uma maneria que permita um crescimento econômico, com empregos e proteção no médio prazo.”