Apesar de se esquivar do assunto, o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), tem se consolidado como uma das alternativas políticas para uma candidatura presidencial de direita, caso o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não consiga reverter a condenação que o tornou inelegível por oito anos. Diferente do governador goiano Ronaldo Caiado (União Brasil), que deve lançar a pré-candidatura a presidente nas próximas semanas, Ratinho Junior prefere aguardar para definir o rumo político em 2026, quando deixará o governo paranaense após dois mandatos.
Ratinho Junior entende que a opção de candidatura a presidente é uma construção partidária, a ser costurada dentro da própria sigla e, idealmente, em consenso com outros governadores protagonistas da representatividade de direita e centro-direita – além da concordância do próprio Bolsonaro.
O novo elemento nesse xadrez eleitoral veio com o resultado do último levantamento do instituto Paraná Pesquisas, divulgado nesta terça-feira (18). Partidos da base do governo Ratinho Junior defendem que a pesquisa aponta para a viabilidade da candidatura presidencial do governador paranaense.
No comparativo com a pesquisa publicada em janeiro pelo mesmo instituto, Ratinho Junior se manteve com 15% das intenções de votos, tendo assumido a segunda colocação no cenário estimulado com o nome dele como principal opositor ao presidente Lula (PT). Em janeiro, Ciro Gomes tinha 17,3% da preferência do eleitorado e caiu para 9,8%.
Por outro lado, Ratinho Junior ganhou a companhia do cantor sertanejo Gusttavo Lima, empatado tecnicamente com o governo paranaense ao obter 13% das intenções declaradas pelos entrevistados. Lula lidera este cenário estimulado com 33,8%.
Desempenho de Ratinho Junior anima aliados
Durante o evento agropecuário Show Rural, na última semana, Ratinho Junior reafirmou que a decisão sobre a pré-candidatura é do PSD e que não será tomada neste momento – a um ano e oito meses das eleições 2026. “Essa é uma questão partidária. Não sou eu que decido, faço parte de um partido, que é o PSD, um dos maiores do Brasil e isso passa por uma decisão coletiva. Eu penso que é importante para o país ter vários candidatos, pois o Brasil é maior que a polarização. Isso ajuda no debate político, traz mais clareza e ideias para a população”, declarou.
Nos bastidores, uma coligação partidária também aparece como possibilidade pelo apoio político de Ratinho Junior para atração dos votos na Região Sul. Assim, ele também poderia compor chapa e ocupar a vaga de candidato a vice-presidente. Segundo o instituto Paraná Pesquisas, o governador lidera o cenário estimulado com 33,6% contra 21,9% de intenções de votos para Lula no Sul do país.
A outra alternativa eleitoral para o governador paranaense é disputar o Senado em 2026, a partir da boa aprovação no estado. Após o resultado da pesquisa, Ratinho Junior disse, em nota, que os números refletem o “protagonismo que o Paraná conquistou em âmbito nacional” e que segue com o compromisso com aqueles que acreditam na proposta do governo estadual.
Se o governador adota a cautela, os aliados políticos mostram entusiasmo com os planos nacionais. O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), deputado Alexandre Curi (PSD), declarou que Ratinho Junior é responsável “pela paz política” no estado e afirma que essa característica é importante para a atual política brasileira após as últimas eleições.
“O Brasil, para voltar ao caminho do desenvolvimento, precisa restabelecer essa paz política”, afirmou Curi, que considera o papel nacional de Ratinho Junior como prioridade para o PSD paranaense em 2026. O presidente estadual do Podemos, Gustavo Castro, também destacou que a candidatura a presidente do governador não se enquadraria “na dicotomia da polarização política eleitoral”.
“Ratinho Junior colhe os frutos de uma gestão inovadora que alçou o Paraná a destaque nacional em diversas áreas. Não tenho dúvidas que será protagonista nas eleições majoritárias de 2026, pois de início supera nomes que estão colocados há muito mais tempos no cenário eleitoral”, avaliou.
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Aliado de Ratinho Jr., PL-PR reforça que Bolsonaro é candidato a presidente
O Partido Liberal e Jair Bolsonaro têm relações estreitas com o governador Ratinho Junior, que apoiou o ex-presidente nas eleições de 2018 e 2022. Além disso, o governador paranaense costurou com Bolsonaro uma aliança partidária para as eleições municipais de 2024, que resultou em vitórias nos principais colégios eleitorais do estado.
O PL mantém a boa relação com Ratinho Junior, mas o partido reforça o discurso de Bolsonaro para 2026: o plano “b” segue sendo o plano “a”. Ou seja, o ex-presidente é o pré-candidato do PL para a corrida presidencial mesmo inelegívelo que foi corroborado pelo resultado do levantamento do Paraná Pesquisas. De acordo com o instituto, Bolsonaro bateria Lula no segundo turno com 45,1% das intenções de votos contra 40,2% dos entrevistados que preferem o petista.
O deputado federal Filipe Barros (PL), considerado o principal articulador político de Bolsonaro no Paraná, afirmou que o governo Lula está em “queda livre” e comparou o futuro do petista a um “Titanic eleitoral prestes a beijar o iceberg”.
“Jair Bolsonaro, por outro lado, lidera a corrida, mostrando que o brasileiro já percebeu que só há um nome capaz de resgatar o país do caos petista. Enquanto o PT derrete sob o peso da incompetência, o presidente Bolsonaro permanece como única alternativa real para 2026”, defendeu o parlamentar pela rede social X.
O Partido Novo também se aproximou do governo Ratinho Junior, principalmente durante as eleições de 2024, com participação na coligação que elegeu o prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD), e o vice Paulo Martins (PL). No entanto, a sigla tem o nome do governador mineiro Romeu Zema como presidenciável para 2026.
O presidente do Novo no Paraná, Lucas Santos, afirmou que Ratinho Junior é um “bom gestor” com “pautas convergentes” com o partido. “Fico muito satisfeito com o bom desempenho dos governadores Ratinho Junior, Tarcísio de Freitas (São Paulo) e até mesmo de Romeu Zema, que, embora não tenha sido incluído na pesquisa, aparece bem em outras avaliações. Essa nova geração de líderes, com resultados concretos, tem o potencial de colocar o Brasil no rumo certo por muitos anos”, declarou em entrevista à Gazeta do Povo.
Ele também ressaltou que a pesquisa aponta para “o fim eleitoral de Lula” e a dificuldade que a esquerda deve enfrentar para se manter no comando do país nas eleições de 2026. “A consolidação da direita e o declínio de sua influência política são os grandes destaques. Isso é evidente ao observar a liderança do ex-presidente Bolsonaro no principal quadro da pesquisa”, completou.
- Metodologia: O Paraná Pesquisas realizou as entrevistas entre os dias 13 e 16 de fevereiro. O grau de confiança é de 95% com margem de erro estimada de 2,2 pontos percentuais para os dados gerais coletados no país. Para o estrato da Região Sudeste foram realizadas 848 entrevistas. Na Região Nordeste foram 558 entrevistados e no estrato da Região Norte + Centro-Oeste foram 303 entrevistas. Na Região Sul, o instituto de pesquisa ouviu 301 entrevistados.
Por que a Gazeta do Povo publica pesquisas eleitorais
UM Gazeta do Povo publica há anos todas as pesquisas de intenção de voto realizadas pelos principais institutos de opinião pública do país. As pesquisas de intenção de voto fazem uma leitura de momento, com base em amostras representativas da população.
Métodos de entrevistas, composição e número da amostra e até mesmo a forma como uma pergunta é feita são fatores que podem influenciar no resultado. Por isso é importante ficar atento às informações de metodologias, encontradas no fim das matérias da Gazeta do Povo sobre pesquisas eleitorais.
Pesquisas publicadas nas últimas eleições, por exemplo, apontaram discrepâncias relevantes em relação ao resultado apresentado na urna. Feitos esses apontamentos, a Gazeta do Povo considera que as pesquisas eleitorais, longe de serem uma previsão do resultado das eleições, são uma ferramenta de informação à disposição do leitor, já que os resultados divulgados têm potencial de influenciar decisões de partidos, de lideranças políticas e até mesmo os humores do mercado financeiro.
*Com a colaboração de Juliet Manfrin.