O Governo do Paraná deu início ao desenvolvimento de uma estrutura de monitoramento climático para a região costeira do estado. O projeto, coordenado em parceria pelo Instituto Água e Terra (IAT) e pelo Simepar, é chamado de Monitora Litoral e tem como objetivo a instalação de dispositivos para coletar dados sobre condições marítimas e atmosféricas, incluindo correntes, marés e ondas.
Com os dados, será possível melhorar a previsão e a resposta a eventos climáticos extremos, como chuvas torrenciais, ressacas e alagamentos. Além disso, o monitoramento vai avaliar a qualidade das águas dos rios e do mar. Estão previstas as instalações de um novo radar, estações meteorológicas e hidrológicas e equipamentos específicos para o monitoramento marinho, como marégrafos, sensores ADCP e uma boia oceanográfica.
O total estimado de investimentos no programa Monitora Litoral é de R$ 70 milhões. Os recursos para o financiamento do projeto virão de valores pagos pela Petrobras, a título de compensação pelo desastre ambiental em Araucária. O governo estima que o prazo necessário para a implantação total do programa Monitora Litoral chegue a quatro anos.
Monitora Litoral vai melhorar a tomada de decisões em situações extremas
Para o secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável, Everton Souza, os dados enviados pelos novos equipamentos permitem decisões mais precisas e ações dos órgãos de primeira resposta, além da prevenção de desastres naturais.
“Esses novos equipamentos vão ampliar a estrutura de geração de dados que pauta a nossa tomada de decisões, seja para ações de agricultura, abastecimento público ou auxiliar na prevenção de efeitos de eventos climáticos como chuvas torrenciais, característica dessa região no Paraná”, disse o secretário.
Paulo de Tarso, diretor-presidente do Simepar, enfatizou que o novo sistema trará benefícios significativos para a segurança da região costeira, especialmente durante a alta temporada. “A partir desse novo sistema, teremos benefícios na cobertura meteorológica da costa marítima. Isso é algo importantíssimo para garantir a segurança na região, principalmente na alta temporada, quando o litoral recebe uma concentração maior de pessoas e fica sujeito a eventos naturais extremos, como chuvas fortes e alagamentos”, ressalta.
Programa vai criar um panorama completo das condições climáticas no litoral
De acordo com José Eduardo Gonçalves, pesquisador do Simepar, os dispositivos coletarão uma ampla gama de dados para criar um panorama completo das condições climáticas e marítimas da região. Um radar meteorológico será instalado em Pontal do Paraná para monitorar o clima em tempo real, preenchendo uma lacuna importante na previsão meteorológica local.
“O litoral do Paraná é uma região rica e complexa. O monitoramento vai ser fundamental para podermos preservar os ecossistemas marinhos e costeiros, como manguezais e estuários [corpo d’água parcialmente encerrado], garantindo o desenvolvimento de atividades econômicas importantes como o turismo, a pesca, a navegação e a operação portuária”, afirma.
Além do novo radar em Pontal do Paraná, outros dispositivos, como as 14 estações hidrológicas e meteorológicas, serão distribuídos entre os sete municípios da região litorânea. Esses equipamentos medirão precipitação, vazão, vento, temperatura, umidade, pressão atmosférica e radiação solar, entre outros parâmetros, para fornecer um quadro detalhado das condições locais.
Adicionalmente, equipamentos como marégrafos, ondógrafos e uma boia oceanográfica serão utilizados para monitorar as condições específicas do mar. Os sensores ADCP, previstos no projeto, medem a velocidade das correntes marítimas em diferentes profundidades. Esses dados permitirão a criação de sistemas operacionais robustos e modelos hidrodinâmicos, essenciais para ações de prevenção e resposta a desastres ambientais na costa paranaense.
“Com esse sistema planejamos ter uma definição mais precisa da circulação atmosférica e da hidrodinâmica dos estuários do Litoral paranaense. Assim poderemos construir modelos hidrodinâmicos e simulações que serão usados como referência para várias ações. Caso ocorra um vazamento de alguma substância contaminante no mar, por exemplo, poderemos prever as trajetórias dos contaminantes ao longo das baías de Paranaguá e Guaratuba, complementando o trabalho da Defesa Civil de alertar a população e conter os danos”, ressaltou Gonçalves.