Nos próximos meses, aviões de pequeno porte munidos de câmeras e sensores de última geração sobrevoarão todos os quase 200 mil quilômetros quadrados do Paraná. Olhando de cima, o estado terá em breve um retrato de momento, com uma qualidade superior a levantamentos anteriores, e poderá planejar e tomar decisões em diversas áreas, desde meio ambiente e agricultura até infraestrutura e planejamento urbano.
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Esse será o resultado do mapeamento aéreo liderado pelo consórcio ParanaMap, formado por quatro empresas: Esteio, Engemap, Aerocarta e Engefoto. O consórcio foi o vencedor da licitação realizada pelo Instituto Água e Terra (IAT), órgão vinculado à Secretaria do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), que pagará R$ 118,5 milhões pelo serviço — o contrato será assinado ainda em fevereiro.
A prazo para a conclusão é de 24 meses, mas o IAT acredita que o produto final seja entregue antes disso. Isso porque as empresas terão uma janela de tempo apropriada ainda neste ano, entre abril e agosto, quando há menos formação de nuvens, facilitando os voos e tirando obstáculos das câmeras e sensores.
O levantamento mais recente do Paraná foi realizado entre 2012 e 2016tendo a Copel (Companhia Paranaense de Energia) como contratante. Diferentemente do trabalho a ser realizado a partir desse ano, os dados foram obtidos por sensores instalados nas constelações de satélites Vista de mundo e Pleiadescom uma resolução inferior à contratada agora pelo IAT.
“Teremos equipamentos muito mais avançados e isso é uma garantia de que qualquer ação que tomarmos será com base em dados muito mais coerentes. Nós vamos ter que ir para o campo, mas vamos com muito mais clareza”, explica o diretor-presidente do Instituto Água e Terra (IAT), José Luiz Scroccaro.
Mapeamento aéreo é peça-chave para fiscalização ambiental
As imagens que serão coletadas pelos aviões deverão ser usadas por diversos órgãos do governo, com a possibilidade de abri-las para instituições de fora da estrutura pública. Isso significa que serão úteis para inúmeras atividades, como fiscalização ambiental, planejamento urbano, licenciamentos, obras públicas e infraestrutura.
A parte ambiental, entretanto, deve ganhar destaque, especialmente porque a contratação está sendo feita exatamente pelo IAT. Com o novo aerolevantamento, o órgão terá mais subsídios para estudar cursos de nascentes, de águas, de córregos, para gerir bacias hidrográficas e acompanhar áreas de desmatamento.
“Esse levantamento vai trazer um avanço significativo para o estado na área ambiental. Todas as decisões serão mais assertivas”, complementa Scroccaro. “Se há uma denúncia, entraremos rapidamente no sistema e veremos como está aquela área a partir do levantamento. Já saberemos se é uma denúncia falsa, por exemplo”, acrescenta.
O mapeamento aéreo terá benefícios em outras áreas da administração pública. “Outras secretarias necessitam desse tipo de planejamento para responder melhor às suas iniciativas, seja na logística, no meio ambiente, na engenharia ou em diferentes outros setores”, complementa o secretário estadual de Desenvolvimento Sustentável, Everton Souza.
Primeiro aerolevantamento do Paraná tem mais de 70 anos
O Paraná de hoje é bem diferente daquele da década de 1950. Se hoje são mais de 11 milhões de habitantes, naquela época eram pouco mais de 2 milhões. A população estava mais concentrada nas áreas rurais do que nas cidades. As áreas verdes nativas eram muito mais significativas, apesar da abertura acelerada de áreas para o cultivo do café, especialmente nas regiões norte e noroeste do estado.
O primeiro aerolevantamento do Paraná foi feito em 1952 e 1953gerando informações fundamentais para a elaboração de projetos estruturantes nos anos seguintes. E mesmo com recursos tecnológicos menos avançados, o resultado foi uma cobertura completa do estado com imagens em escala de 1:25.000, ou seja, cada unidade mostrada na imagem é referente a 25 mil unidades reais.
E apesar de terem se passado mais de 70 anos, a qualidade das imagens desse aerolevantamento é melhor ou igual à usada pelo estado hoje, que tem como base os levantamentos de 2012 a 2016 com a mesma escala, e de 2005 e 2006 com escala inferior , de 1:50.000, que usam imagens obtidas por satélite. O governo do Paraná contratou ainda dois outros mapeamentos, com aviões, em 1963 e em 1980, com escalas 1:70.000 e 1:25.000, respectivamente.
Em outros momentos, houve levantamentos aéreos mais precisos, mas sem cobrir todo o estado. A antiga Comec, hoje Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná (Amep), contratou mapeamento em 1976, e a Suderhsa, hoje IAT, mapeou a Bacia do Alto Iguaçu, ambos em escala 1:10.000.