Antes de ser nomeado bispo, cardeal e eleito papa, Robert Francis Prevost esteve por sete vezes em território brasileiro, em visitas a comunidades religiosas da ordem dos Agostinianos, da qual faz parte e foi superior geral, de 2001 a 2013, coordenando mais de 2,6 mil freis consagrados mundo afora. Confira abaixo como foram as passagens do agora papa Leão XIV pelo Brasil.
“O que nos marca é a serenidade dele. Um homem tímido, porém com um sorriso”, afirma frei Maurício Manosso, superior geral da Ordem dos Agostinianos no Brasil. Em 2002, durante a primeira visita ao Brasil, Robert Francis Prevost era recém-eleito como superior e esteve em Curitiba (PR).
O objetivo da chamada visita canônica era verificar a realidade pastoral e a vida comunitária dos freis. O então seminarista Maurício Manosso, à época com 25 anos, teve o primeiro contato com o religioso e guarda memórias do encontro. “Era a preocupação de um prior com um jovem vocacionado. Depois de alguns anos, na Espanha, estive novamente com ele, foram mais de 40 minutos de conversa em que ele questionava sobre a vocação, o ideal de vida e os sonhos da gente”, relata o sacerdote.
Dois anos depois, foi a vez da visita dele ocorrer em Rolândiamunicípio localizado no norte do estado paranaense. Frei Robert, como era conhecido o Papa Leão XIV, celebrou a missa na Paróquia São Pedro Apóstolo e depois teve um momento de confraternização com os outros religiosos.
Frei Rodrigo Vieira da Silva estava começando a caminhada vocacional e lembra que o então superior dos agostinianos foi muito atencioso com os jovens. “Era necessário um tradutor para o inglês, mas a impressão deixada foi de um carinho genuíno com todos os presentes no encontro. É uma pessoa muito simples, muito afável. Ele está sempre pronto a ouvir e ao mesmo tempo é muito direto”, recorda frei Rodrigo que, quando se tornou sacerdote, entregou à sua mãe um título de filiação à ordem agostiniana, assinada por Prevost. O documento é guardado com muito carinho pela família.
A celebração em Rolândia iniciou a amizade de leigos com o frei Robert, que o acompanhavam, mesmo à distância, com a oração. “Lembro da visita do frei Robert. Devo ter cantado nessa missa, porque eu fazia parte de um grupo que sabia o repertorio agostiniano. Acompanhamos toda a trajetória do frei Robert. Festejamos quando se tornou bispo, depois cardeal e brincávamos que um dia ele poderia ser papa. Nesta quinta-feira (8) soltei um grito, era o nosso frei Robert o novo papa”, comemora a auxiliar administrativa Adriana Amaral de Souza.
Leão XIV ainda esteve no Brasil no ano de 2007, para a beatificação de frei Mariano de la Mata Aparicio, padre espanhol que chegou no país em 1931 e se destacou com o trabalho em prol dos mais pobres. Depois retornou em 2008, 2010 e 2012 para visitas canônicas. Nestes encontros, além de Curitiba e Rolândia, Prevost esteve em Ponta Grossatambém no Paraná.

Ainda em 2004, Frei Robert passou por Minas Gerais e participou da festa de 70 anos do tradicional Colégio Santo Agostinho, em Belo Horizonte. Em dezembro de 2012 esteve na Província Agostiniana Nossa Senhora da Consolação, em Belo Horizonte, e em Mário Campos (MG) recebeu a profissão religiosa dos freis da ordem.
Há registros também de visitas à paróquia Cristo Redentor. Frei Jeferson Felipe Cruz tem lembranças das visitas e afirma que Prevost se comportava como um homem reservado, mas muito cortês. “Em 2012 eu fiz a profissão solene e tive a graça de emitir os votos nas mãos dele. Apesar da função, do cargo, sempre conservou sua personalidade. Muito cortês, sereno, educado e delicado no trato com as pessoas”, recorda.
Acompanhamos toda a trajetória de frei Robert. Festejamos quando se tornou bispo, depois cardeal e brincávamos que um dia ele poderia ser papa.
Auxiliar administrativa Adriana Amaral de Souza

Nas capitais Rio de Janeiro e São Pauloe no interior paulista – Campinas, São José do Rio Preto e Guarulhos – Prevost marcou presença visitando obras sociais e comunidades religiosas. Em 2013, participou do encontro latino-americano de jovens agostinianos em São Paulo e colaborou ativamente com a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro.
Um ano depois foi nomeado bispo pelo papa Francisco e deixou as atividades de acompanhamento das casas religiosas agostinianas. Os religiosos agostinianos garantem que a eleição de Prevost era esperada.

“Pensávamos que fosse possível, porque ele possui um espírito missionário. Ele conhece a igreja no mundo, já que, como superior geral dos agostinianos, viajou e conheceu os cinco continentes. Ele tem um olhar especial para a América Latina, conhece a realidade da pobreza, porque trabalhou fortemente nas periferias do Peru”, diz o superior geral dos agostinianos no Brasil.
“Ele viveu e vive o carisma do serviço à igreja e da busca de Deus sobre todas as coisas, então não lhe faltam atributos para ser um bom papa”, afirma Manosso.