O papa Leão XIV confirmou nesta segunda-feira (12) que a viagem planejada por Francisco à Nicéia, na Turquia, no final de maio, para celebrar o 1.700º aniversário do Concílio Cristão segue sendo preparada, ao responder a perguntas de jornalistas durante a audiência que concedeu à imprensa na Sala Paulo VI.
Embora não tenha sido anunciado oficialmente, Francisco expressou sua intenção de viajar no final de maio, antes de adoecer, e convidou o patriarca ecumênico da Igreja Ortodoxa e arcebispo de Constantinopla, Bartolomeu I, para participar da visita.
Se a viagem for confirmada para o final de maio, provavelmente será a primeira feita pelo papa Leão XIV e servirá para comemorar o 1.700º aniversário do importante Concílio de Niceia, convocado no ano 325 naquela cidade romana da Ásia Menor (atual Turquia) pelo imperador Constantino I para aproximar os cristãos.
Com esta viagem, o novo pontífice daria continuidade à aproximação de Francisco com os ortodoxos nos diversos encontros que manteve com o patriarca Bartolomeu.
Em 2014, em um encontro em Jerusalém, os dois líderes renovaram sua intenção de continuar fortalecendo os laços, 50 anos depois do abraço histórico com o qual seus antecessores, Paulo VI e Atenágoras I, puseram fim à animosidade entre católicos e ortodoxos.
Por outro lado, quando perguntado se retornaria “em breve” ao seu país natal, os Estados Unidos, o papa Leão XIV respondeu que não seria tão cedo
“Desarmemos as palavras e ajudaremos a desarmar a Terra”, diz papa a jornalistas
Ainda durante a audiência com jornalista, nesta segunda-feira, o papa Leão XIV pediu aos meios de comunicação que escolham “com consciência e coragem o caminho da comunicação de paz”.
Ele acrescentou: “Desarmemos as palavras e ajudaremos a desarmar a Terra”, durante o encontro concedido aos jornalistas que cobriram o conclave em que foi eleito.
Em sua primeira audiência, assim como Francisco fez no início de seu pontificado, o primeiro papa americano reuniu milhares de comunicadores na Sala Paulo VI, no Vaticano, aos quais destacou que “estamos vivendo tempos difíceis de navegar e de comunicar, que representam um desafio para todos nós e dos quais não devemos fugir”.
“Pelo contrário, pedem a cada um de nós, em nossos diferentes papéis e serviços, que nunca nos rendamos à mediocridade”, enfatizou.
Leão XIV afirmou que “o que é necessário não é uma comunicação ruidosa e muscular, mas uma comunicação capaz de ouvir, de recolher a voz dos fracos que não têm voz”.
“Desarmemos as palavras e ajudaremos a desarmar a Terra. A comunicação desarmada e desarmante nos permite compartilhar uma visão diferente do mundo e agir de forma coerente com a nossa dignidade humana”, declarou o papa, que em seu primeiro discurso após ser eleito, em 8 de maio, também pediu “uma paz desarmada e desarmante”.
“Vocês estão na linha de frente, narrando conflitos e esperanças de paz, situações de injustiça e pobreza, e o trabalho silencioso de muitos por um mundo melhor. Para isso, peço que escolham consciente e corajosamente o caminho da comunicação de paz”, acrescentou.
“Não pode haver comunicação ou jornalismo fora do tempo e da história”, afirmou, lembrando-se do ditado de Santo Agostinho, já que é agostiniano: “Vivamos bem e os tempos serão bons. Nós somos os tempos”.
Aos jornalistas, que aplaudiram seu discurso em vários momentos, explicou que hoje “um dos desafios mais importantes é promover uma comunicação capaz de nos ajudar a sair da ‘Torre de Babel’ em que às vezes nos encontramos, da confusão de linguagens sem amor, muitas vezes ideológicas ou tendenciosas”. Para isso, salientou que “as palavras que usam e o estilo que adotam são importantes”.
“A comunicação, de fato, não é apenas a transmissão de informações, mas a criação de uma cultura, de ambientes humanos e digitais que se tornam espaços de diálogo e confronto”, completou.
Acima de tudo, destacou o potencial dos desenvolvimentos tecnológicos e da inteligência artificial, “que, no entanto, exige responsabilidade e discernimento para orientar essas ferramentas para o bem de todos, para que possam produzir benefícios para a humanidade”.
Durante a audiência, Leão XIV também pediu a libertação dos jornalistas presos e pediu “a salvaguarda do bem precioso da liberdade de expressão e de imprensa”.
“A Igreja reconhece nestes testemunhos – penso naqueles que narram a guerra, mesmo à custa da própria vida – a coragem daqueles que defendem a dignidade, a justiça e o direito dos povos de serem informados, porque somente pessoas informadas podem tomar decisões livres”, ressaltou o pontífice em sua mensagem.
“O sofrimento desses jornalistas presos desafia a consciência das nações e da comunidade internacional e nos convoca a todos a salvaguardar o precioso valor da liberdade de expressão e de imprensa”, disse.