O começo de novembro de 2024 não traz ainda a confirmação de um episódio da La Niña pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos. Desde o término do El Niño, no começo do outono, o Oceano Pacífico permanece em um estado de neutralidade climática.
Segundo o site Metsul, é possível observar uma faixa de águas mais frias no Pacífico, típica da La Niña, mas os critérios para sua confirmação ainda não foram atendidos. O mapa de anomalia de temperatura da superfície do mar revela essa tendência.
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Nos últimos quatro meses, a anomalia média de temperatura na região, usada para identificar o fenômeno, registrou -0,4ºC. A situação permanece neutra, muito próxima à La Niña, segundo os dados mais recentes.
Além disso, outros fatores, como o padrão dos ventos alísios e o comportamento das chuvas na Indonésia e no Pacífico Oeste, não corroboram, até o momento, a declaração oficial do fenômeno.
Previsões da NOAA
Confira:
O boletim mensal da NOAA, emitido em meados de outubro, sustenta a impossibilidade de garantir o fenômeno nos próximos meses. Segundo a MetSul, se o fenômeno ocorrer, será fraco e de curta duração, no limite da faixa de neutralidade.
Para o trimestre outubro a dezembro de 2024, as probabilidades indicadas são 71% para La Niña, 39% para neutralidade e 0% para El Niño. Já para o período de novembro de 2024 a janeiro de 2025, as previsões mostram uma chance de 75% de probabilidade de o fenômeno ocorrer.
No verão, entre dezembro e fevereiro, a NOAA estima 71% de chance de La Niña, 28% de neutralidade e 1% de El Niño. Essas probabilidades refletem a expectativa de um evento fraco e breve, caso se concretize.
No trimestre de janeiro a março de 2025, as chances de La Niña diminuem para 60%, com 38% de neutralidade e 2% de El Niño. De fevereiro a abril, as projeções são 46% para La Niña, 51% para neutralidade e 3% para El Niño.
Expectativas para 2025
O outono de 2025, de março a maio, é esperado com 32% de La Niña, 63% de neutralidade e 5% de El Niño, com tendência de neutralidade prevalente nos meses seguintes. O último boletim da NOAA, divulgado no começo desta semana, mostra que a anomalia de temperatura do Pacífico Equatorial Central-Leste está em -0,5ºC.
“Se a La Niña vier a ser declarada, o que consideramos possível porém duvidoso, a oficialização do começo do fenômeno se daria muito mais tardiamente do que o habitual”, informou a Metsul. “Normalmente, no inverno ou mais tarde, no começo da primavera.”
A Metsul Meteorologia, por sua vez, acredita que o estado neutro do Pacífico deve continuar no curto prazo, apesar das previsões da NOAA de 75% de probabilidade de La Niña.
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“O que enxergamos para os próximos mostra dois possíveis cenários e são dois justamente porque as condições que esperamos são muito limítrofes”, afirmou a Metsul
No primeiro cenário, um evento do fenômeno se estabelece no fim da primavera e começo do verão, mas seria de intensidade fraca e de curta duração. O aquecimento do Pacífico Leste poderia contrabalançar os efeitos do resfriamento no Pacífico Central.
No segundo cenário, o Pacífico permaneceria em neutralidade, com anomalias de temperatura próximas aos valores de La Niña, sem, contudo, caracterizar o fenômeno. Mesmo que a NOAA venha a declarar um evento do fenômeno, é improvável que a agência de Meteorologia da Austrália (BoM) faça o mesmo.
A diferença entre os critérios das agências reside no patamar mínimo de anomalia: a NOAA considera -0,5ºC, enquanto a BoM exige -0,8ºC. Essa discrepância pode resultar em diferentes interpretações dos fenômenos climáticos.
Impacto global de La Niña
O fenômeno La Niña impacta significativamente o clima global, com águas do Oceano Pacífico equatorial central e oriental mais frias do que o normal. Esse contraste com o El Niño, que aquece essas águas, faz parte do El Niño-Oscilação Sul (Enos), que influencia os padrões climáticos em todo o mundo.
Durante um evento de La Niña, as condições climáticas no Brasil são bastante variadas. No Sul do Brasil, por exemplo, o fenômeno tende a reduzir as chuvas, enquanto no Norte e no Nordeste, as precipitações aumentam. Isso eleva o risco de estiagens no Sul e em Mato Grosso do Sul, embora eventos de chuva intensa e inundações possam ocorrer.
O fenômeno também influencia as temperaturas. No Sul, o fenômeno favorece a entrada de massas de ar frio, que podem ocorrer de forma tardia no primeiro ano do evento e precocemente no outono do segundo ano. Em contrapartida, as estiagens aumentam a probabilidade de ondas de calor e temperaturas extremas durante o verão.
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Em termos globais, a presença de La Niña tende a reduzir a temperatura média do planeta.