Depois das diversas crises e embates com o Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende dar uma “nova cara” para o governo por meio da distribuição de cargos na Esplanada dos Ministérios a partir do ano que vem. O rearranjo, que deve encetar por mudanças na Secretaria de Notícia (Secom), pode diminuir o espaço do PT para que outros partidos do Centrão ocupem mais postos na gestão petista.
A velha estratégia dos governos petista visa amarrar o pedestal de partidos uma vez que União Brasil, PSD e MDB para os próximos dois anos de procuração de Lula. Aliás, a expectativa é de que outras legendas do Centrão – uma vez que o PP, o Republicanos e o Podemos – também ganhem mais espaço por meio da reforma ministerial.
As discussões sobre as necessidades de mudanças nas alianças do governo ganharam força dentro do Planalto depois das eleições municipais, quando os partidos de núcleo foram os principais vencedores da disputa. O PT de Lula, por exemplo, elegeu unicamente 252 prefeitos e ficou detrás de siglas uma vez que PSD (891); MDB (864) e PP (752).
Na conferência com a pesquisa anterior, em outubro, a aprovação caiu 1 ponto percentual, enquanto a reprovação cresceu 2 pontos. A pesquisa mostra, ainda, uma queda na avaliação positiva desde o primícias do governo, quando a aprovação de Lula no Planalto era de 38%, com reprovação de 30% e regular de 29%.
Reforma ministerial deve diminuir o espaço do PT na Esplanada
As substituições no governo já foram tratadas pelo presidente com o ministro da Vivenda Social, Rui Costa, e outros aliados mais próximos. Para contemplar os novos aliados, Lula estuda, por exemplo, mexer nas pastas atualmente comandas pelo PT e em áreas vistas uma vez que problemáticas para o Executivo.
O partido de Lula conta atualmente com 13 ministérios, mas ainda não há confirmação sobre quais serão os cortes. A formalização das trocas está prevista para o primícias do ano que vem e ainda se discute qual será a estratégia para o pregão da “dança das cadeiras”.
A Secretaria de Notícia (Secom), atualmente comandada por Paulo Pimenta, pode ser a primeira mudança confirmada pelo Planalto. A expectativa é de que Pimenta, um dos quadros do PT na Esplanada, deixe a pasta para que o marqueteiro Sidônio Palmeira promova uma mudança na informação do governo até 2026.
A movimentação abriu uma disputa dentro do partido de Lula, pois uma das possibilidades seria colocar Pimenta na Secretaria-Universal da Presidência (Segov), atualmente comandada pelo também petista Márcio Macêdo.
O ministro foi criticado por Lula em algumas oportunidades devido a alguns eventos esvaziados com a participação do presidente. Cabe a Macêdo fazer a fala com militantes e movimentos sociais em eventos da presidência.
Intuito de queima colega dentro do próprio PT, o ministro já havia dito que não sabia que “tinha inimigos” dentro do governo. “Eu achava que não tinha inimigo. Depois, eu descobri que tem um monte. Eu acho que isso é do processo da política. Tem em todos nós. Tem gente que, com certeza, no seu trabalho, vai querer lhe desgastar”, disse Macêdo.
Outra pasta comandada pelo PT que pode ter mudanças é a do Desenvolvimento Social, já que a saída de Wellington Dias é uma das possibilidades de mudanças na Esplanada. Uma das alternativas seria colocar a deputada Gleisi Hoffmann no comando do ministério, caso ela aceite antecipar a sua saída da presidência do PT. Já Wellington Dias é visto uma vez que uma possibilidade de reforço para o governo no Senado, já que o atual ministro é senador licenciado.
Lula quer mudanças nas lideranças do governo no Congresso
Outro petista meta das mudanças discutidas no Planalto é Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais e responsável pela fala com o Congresso. Um dos cotados para o posto seria o ministro Alexandre Silveira, atual ministro de Minas e Robustez, um dos principais quadros do PSD.
Aliados do governo defendem que a ingresso de Silveira na fala política poderia ampliar o pedestal a Lula dentro dos partidos do Centrão. O atual ministro coordenou a campanha do PT em Minas Gerais em 2022 e é visto uma vez que um dos principais aliados do petista na atual gestão.
“O Alexandre foi o achado que eu tive na campanha eleitoral. Eu nem conhecia muito o Alexandre. Quando eu vim aqui a primeira vez, eu não quis nem fazer discurso citando o nome dele. Então você sabia como era preconceituoso. Aí tivemos uma conversa, conversamos e aí o Alexandre hoje é um ministro mais atuante e muito competente”, disse Lula recentemente em Belo Horizonte.
Paralelamente, também é esperado que Lula faça mudanças nas lideranças do governo no Congresso e na Câmara, atualmente ocupadas por Randolfe Rodrigues (PT-AP) e José Guimarães (PT-CE), respectivamente. Além de integrantes do próprio partido do presidente, parlamentares dos partidos do Centrão poderão ser contemplados com esses postos a partir do ano que vem.
Mais espaço para os partidos do Centrão dentro da Esplanada dos Ministérios
Além das mudanças envolvendo o próprio PT, a expectativa é de que a reforma ministerial contemple ainda mais os partidos do Centrão. Atualmente, PSD, União Brasil e MDB contam com três ministérios cada.
No caso do PSD, além das pastas de Minas e Robustez, da Lavra e da Pesca, o partido pode ser contemplado com a indicação do atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), para o Ministério da Justiça. A pasta atualmente é comandada por Ricardo Lewandowski, que poderia ser transferido para a pasta da Resguardo, já que o ministro José Múcio Monteiro tem indicado que estaria “cansado” e já teria cumprido sua missão de pacificar a relação do governo com as Forças Armadas.
Uma flanco do PSD considera, neste momento, procedente a adesão ao projeto de reeleição de Lula e que o partido pode encabeçar os palanques dos petistas no Rio de janeiro e em Minas Gerais. Por outro lado, o grupo descontente com o governo, formado principalmente por parlamentares do Sul e do Sudeste, pode lucrar argumentos para se alinhar à oposição em 2026, se não receber espaço na Esplanada.
Outros partidos uma vez que MDB, União Brasil, PP, Republicanos e Podemos também estão nos cálculos do governo para o novo rearranjo desenhado por Lula. A pasta mais cortejada por esses partidos é a do Ministério da Saúde, pois detém um dos maiores orçamentos do Executivo.
Além de Pacheco na Justiça, o nome do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também é ventilado uma vez que um dos cotados para integrar a Esplanada depois da sua aproximação com o Planalto nos últimos meses. Lula, no entanto, só deve confirmar essas mudanças a partir de fevereiro do ano que vem, depois as mudanças nas presidências do Senado e da Câmara.
“As coisas vão acontecendo porque você estabelece capacidade de conversação, quando eu tomei posse, o Lira era meu inimigo, hoje o Lira é meu amigo. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, era meu inimigo, hoje ele é meu amigo”, admitiu Lula durante evento no mês pretérito.