Andre Burger
Fernando Pessoa escreveu, em 1922, o história O Banqueiro Libertárioonde narra a história de um libertário que descobriu que ser banqueiro era a melhor maneira de atingir o ideal libertário de perfazer com a vexação no mundo. Pessoa, de forma muito hábil, mostra uma vez que subverter a evidente incoerência entre ser banqueiro e libertário usando a lógica dos que têm poucos escrúpulos.
Em muitos aspectos, vemos esse comportamento contraditório nos gestores de ativos, os gestores de ativos. Esses são os gestores militantes, aqueles que, ou não se dão conta da incoerência da sua atividade profissional com sua paixão por causas em voga ou, muito pior, o fazem conscientemente.
O gestor militante segmento de uma visão de mundo muito própria sobre temas de pouca reciprocidade com o desempenho das carteiras que administra e usa o recurso dos outros para influenciar comportamentos e políticas de concórdia com essa visão. Com o moeda dos clientes, faz apologia de crenças pessoais. Isso foi bastante potente nos EUA sob a égide dos investimentos sustentáveis, ou ESG, termo agora em desuso.
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Óbvio que teve seguidores também no Brasil. Foi somente quando o maior gestor mundial, BlackRock, com U$11,5 trilhões, voltou a priorizar o retorno aos clientes, ou seja, aos poupadores que lhe entregaram recursos para serem administrados, que o ESG deixou de ser tendência. A seguir, os demais gestores refluíram desse modismo.
“São poucos os que abrem mão de uma aposentadoria confortável por uma questionável melhoria nas condições de vida no planeta”
André Hamburguer
A veras mostrou que gerir ativos baseando-se em discutíveis teses de sustentabilidade e inclusão social custa moeda — e são poucos os que abrem mão de uma aposentadoria confortável por uma questionável melhoria nas condições de vida no planeta. Dois movimentos concorreram para isso simultaneamente: os grandes fundos de pensão norte-americanos caíram fora da litania ESG; e a veras energética europeia mostrou que essas questões são menos tangíveis que uma morada aquecida.
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Ainda sobre a questão ESG
No entanto, devemos reconhecer que os gestores militantes são leigos sobre os complexos temas que defendem. É escasso seu conhecimento sobre ecologia, antropologia e termodinâmica, matérias fundamentais para entender a fundo as questões incorporadas nas letras E e S da {sigla} ESG. Os gestores de carteira normalmente têm formação em economia, governo ou contabilidade, quando muito em engenharia. Suas opiniões sobre temas distintos do envolvente econômico e da estudo de investimentos são, por princípio, restritas — e ainda muito, pois eles são contratados para a complexa atividade de cuidar do moeda dos outros. Seu trabalho é buscar os ativos mais rentáveis para entregar o maior retorno para seus clientes. Mas, alguns esquecem sua formação e adotam posturas ativistas que pouco contribuem para o desempenho das carteiras que administram e em completa incoerência com os interesses daqueles que lhes confiaram os recursos.
Uma vez que diz um dileto professor de economia, é no Brasil onde as ideologias vêm se reformar. aqui essa visão ambientalista-sustentável-includente segue potente entre alguns gestores. Para eles, o crescente endividamento do governo e a decorrente elevação das taxas de juros e inflação são tema secundário. Mais importantes são as questões ambientais e de gênero. O negacionismo só existe em relação aos temas que defendem, mas não em economia. Tal postura identifica o elitismo e descompasso dos gestores militantes com as efetivas demandas do brasiliano generalidade que procura segurança, renda e segurança.
Quando vemos os gestores que formam a turma apelidada de “farialimers” opinando sobre temas com os quais simpatizam, mas têm pouco conhecimento, fica evidente que eles são motivados pela paixão e não pela razão. Um bom motivo para que não os deixemos cuidar de nossas economias.
A incoerência do gestor militante
Acrescento que a mesma dissonância cognitiva dos “farialimers” se observa em temas sobre os quais deveriam ter espaçoso domínio: a economia. Essa turma votou em volume num candidato a presidente cuja proposta econômica era muito conhecida e causou, no pretérito recente, terríveis danos ao país. Da mesma forma, o pretérito de devassidão do eleito contradiz a boa governança, o que mostra a intervalo entre a razão e a emoção dessas pessoas na hora do voto.
Portanto, a credibilidade dos gestores que enveredaram por caminhos além da pura governo dos recursos, fica muito reduzida. Quem lhes entregar recursos para gerir terá incerteza sobre qual chapéu o gestor usa: o de comentador fleumático ou de militante ativista. Estará o gestor imbuído do obrigação fiduciário de buscar o melhor retorno para seu cliente?
“Gestores que deveriam cuidar do dinheiro dos clientes passam a opinar publicamente sobre questões de segurança interna e conflitos mundiais”
Andre Burger
Não bastasse esse óbvio conflito de interesses, alguns gestores extrapolam suas opiniões e palpites para áreas uma vez que segurança e geopolítica. Gestores que deveriam cuidar do moeda dos clientes passam a opinar publicamente sobre questões de segurança interna e conflitos mundiais. Não me lembro de ter visto essas matérias nas aulas sobre governo de investimentos.
Penso que um gestor de carteira de investimentos deve ter a postura de um mordomo inglês: fazer seu trabalho o melhor provável sem que se perceba a sua existência. Gestores que buscam exposição na mídia e são opiniáticos me fazem duvidar da sua cultura técnica, uma vez que se necessitassem da popularidade para manter o fluxo de recursos sob gestão.
Leia também: “O negacionismo de Lula“, item de Adalberto Piotto publicado na Edição 248 da Revista Oeste
Será interessante seguir o desempenho das carteiras administradas pelos gestores militantes. Espero que seu obrigação fiduciário se sobreponha à paixão das causas que defendem e obtenham retornos adequados ao nicho em que decidiram apostar.
Assim uma vez que Fernando Pessoa fez de forma proposital uma argumentação viciosa para justificar o banqueiro libertário de seu história, os gestores militantes o fazem em relação às causas que defendem ao forçar uma relação inexistente com a atividade de governar ativos. São rodeios de lógica que soam muito para um dos melhores escritores da língua portuguesa, mas um sinistro para quem se propõe de forma séria a cuidar do moeda alheio.
O história O Banqueiro Libertário pode ser baixado de forma on-line. Clique cá.
André Burger é economista e mentor do Instituto Liberal.