O Sudão está atolado, há mais de um ano, numa guerra social que coloca dois generais e os seus respectivos grupos armados um contra o outro: o General Abdelfatah al Burhan, no comando das Forças Armadas Sudanesas (FAS), e o General Mohamed Hamdan Dagalo, bem pelas Forças paramilitares de Base Rápido (FAR). Os aliados no golpe de 2019 contra o ditador Omar al Bashir, Al Burhan e Dagalo desentenderam-se e arrastaram o seu país para um cenário de guerra sem solução à vista.
Apesar da sua exiguidade nas grandes manchetes, dominada pelos atuais conflitos no Oriente Médio, a guerra no Sudão deixa números assustadores: 14 milhões de deslocados e 24 milénio mortos segundo a ONU, embora haja investigações que sugerem que há até 150 milénio. É um contexto dramático de refugiados internos, massacres, limpeza étnica e bombardeamentos, muito porquê de violência sexual generalizada contra as mulheres. A isto devemos acrescer a míngua e as doenças que afetam principalmente os deslocados, que vivem em condições terríveis.
Localizado no leste do continente africano, fazendo fronteira com o Egito ao setentrião e com o Mar Vermelho a leste, o Sudão é o terceiro maior país da África. Em seguida a sua independência do Reino Uno em 1956, a fraqueza interna do Estado levou a golpes de estado e governos militares. O mais longo foi o do ditador Omar al Bashir, que chegou ao poder em 1989 e foi deposto em 2019 por uma revolução popular liderada pelo general Al Burhan. Em 2021, Al Burhan também liderou o golpe que derrubou o frágil governo do primeiro-ministro Abdullah Hamdok.
Líderes militares em guerra, milícias e uma capital provisória
Confira:
Depois de dois golpes de Estado, sem um governo poderoso e com uma transição fracassada para a democracia, o confronto entre os dois líderes militares no comando dos grupos armados mais fortes do país tornou-se inevitável. Bravo pelas Forças Armadas Sudanesas, que são o tropa solene desta república africana, Al Burhan é o líder de roupa do país. Por sua vez, Dagalo lidera as forças paramilitares criadas pelo ditador Al Bashir há duas décadas, as FAR.
Segundo dados da ONU, é a maior catástrofe humanitária do mundo neste momento
Parece que as divergências entre os dois advêm da intenção de Al Burhan de iniciar um processo de integração dos paramilitares no Tropa e assim terminar com oriente grupo paralelo às forças armadas. Dagalo não aceitaria um provável convenção com os intervenientes civis para colocar o processo político de novo no rumo de uma transição e de uma provável democracia.
Além dos dois principais intervenientes no conflito, outras milícias locais e grupos étnicos armados juntaram-se a um lado ou a outro ou organizaram-se por conta própria para tutorar as suas cidades e comunidades face ao caos universal. Enquanto a FAS controla secção do setentrião e leste do país, os paramilitares são fortes no sudoeste. Existem também áreas controladas por outros grupos.
Ainda sob disputa entre o Tropa e os paramilitares, a capital do país, Cartum, é um cenário desolador. As casas, os edifícios públicos e grande secção do património foram destruídos por bombardeamentos e destruídos por saques e saques. Enquanto o governo luta para restabelecer o controle, muitas instituições públicas mudaram-se para Port Sudan, uma cidade nas margens do Mar Vermelho que serve porquê capital provisória e acolhe numerosos campos para pessoas deslocadas.
Inópia, violência e estupro
O Sudão é um país com mais de 50 milhões de habitantes, dos quais se estima que metade passa míngua, com o risco de uma míngua em grande graduação devido ao colapso econômico, ruína de colheitas, dificuldades na distribuição de víveres e obstáculos à chegada de ajuda humanitária. Segundo dados da ONU, é a maior catástrofe humanitária do mundo neste momento.
Outra crueldade é a violência sexual, por vezes acompanhada de raptos, tortura ou casamentos forçados
As mortes por míngua juntam-se às vítimas da violência ou de doenças num país onde o sistema de saúde entrou em colapso devido à guerra: 80% dos hospitais não funcionam. Mas os números mais assustadores são os das pessoas deslocadas e dos refugiados, muitos dos quais tiveram de se mudar várias vezes. Estima-se que sejam mais de 14 milhões, dos quais três milhões estão em campos em países vizinhos e onze dentro do próprio Sudão, em áreas onde não há tanta violência.
Outra crueldade, atribuída principalmente às milícias paramilitares, é a violência sexual, por vezes acompanhada de raptos, tortura ou casamentos forçados. Abusos semelhantes também foram relatados em locais controlados pelo tropa, tais porquê mulheres sendo forçadas a ter relações sexuais com soldados para obter comida, embora em centros de detenção homens e crianças também tenham sido vítimas destes crimes.
O espectro do genocídio em Darfur
Segundo um relatório da ONU, tanto a FAS porquê os paramilitares cometeram crimes de guerra neste conflito. Um dos episódios mais terríveis desta guerra ocorreu no ano pretérito na cidade de Geneina, no leste do estado de Darfur, onde as FAR – que ali têm o seu reduto – e outras milícias árabes aliadas mataram 15 milénio pessoas da comunidade Masalit.
Os episódios de limpeza étnica, infelizmente, não são novos na região do país onde a tensão entre comunidades árabes e não árabes foi explorada no pretérito pelo ditador Al Bashir, que delegou a milícias – as FAR foram precisamente contadas entre elas – a contenção da insurgência de comunidades não árabes que se levantaram contra as suas políticas. O resultado foi devastador: centenas de milhares de mortos, deslocados, queima de terras e violência sexual sistemática contra mulheres.
O fantasma desse genocídio paira sobre uma guerra sem termo à vista, que prevê um cenário em que massacres porquê o de Geneina poderão repetir-se.
Ouro, tráfico de armas e interesses internacionais
País rico em recursos petrolíferos e minerais, principalmente ouro, o Sudão é objeto de interesses internacionais que pouco têm a ver com o bem-estar do seu povo, mas sim com a exploração dessas riquezas. A produção de ouro atingiu níveis superiores aos anteriores à guerra, uma vez que ambos os lados o utilizam para financiar o conflito e aí, obviamente, outros países tiram vantagem.
Enquanto a FAS de Al Burhan recebe suporte do Egipto e da Arábia Saudita, os paramilitares de Dagalo contam com o suporte dos Emirados Árabes Unidos, da Líbia e da Rússia (através do grupo Wagner, que está presente no país desde 2017). Os Emirados são o país que mais investiu nessa guerra e o que mais lucra: recebem quase todo o ouro sudanês contrabandeado e lava-o para o mercado global. O Sudão é também um refúgio para o tráfico de armas proveniente de países vizinhos, porquê a Líbia e o Chade, que, portanto, também beneficiam do conflito.
Tendo em conta os interesses por trás disto, não é de surpreender que as negociações de sossego tenham falhado neste momento. Embora os números de pessoas deslocadas, mortes e pessoas em risco de míngua sejam chocantes, o Sudão está impotentemente afogado na violência, mal aparecendo em algumas manchetes tristes nos meios de notícia estrangeiros.