Na semana passada, o observador internacional Gustavo Silva, de 38 anos, desembarcou no Brasil a pedido de María Corina Machado, líder da oposição ao ditador da Venezuela, Nicolás Maduro.
Durante três dias, Silva conversou com parlamentares da direita brasileira. Ele é um dos responsáveis por organizar o esforço da oposição de seu país para reunir e estudar 25 milénio atas eleitorais.
O observador trouxe alguns exemplares e mostrou a deputados e senadores, durante audiências no Parlamento, além de exibi-las a diplomatas do Itamaraty. Conforme os documentos, o diplomata reformado Edmundo González venceu Maduro com 67% dos votos, contra pouco mais de 30% do chavista. A vinda de Silva ao Brasil possibilitou ainda a participação, por videoconferência, de María Corina e González, em uma percentagem da Câmara.
A seguir, os principais trechos da entrevista concedida por Silva a Oeste.
Uma vez que foi o processo de coleta, organização e divulgação dos dados?
Na Venezuela, cada candidato tem o recta de credenciar testemunhas perante a mesa receptora. No final das contas, essas testemunhas podem levar uma traslado original dos editais da seção eleitoral. Credenciamos testemunhas em 99,2% dos 30.026 locais de votação do país e conseguimos restaurar 85% dos registros. Onde não os temos é porque o regime deu ordens aos militares para não os entregarem.
O que são as atas eleitorais?
São iguais aos boletins de urna no Brasil.
As atas da oposição cobrem quantos locais de votação?
Recuperamos 25 milénio atas, que correspondem a 85% do totalidade. É importante ressaltar que essas atas não são da oposição, mas, sim, documentos originais impressos pelo Parecer Vernáculo Eleitoral, equivalente ao Tribunal Superior Eleitoral do Brasil.
Na semana passada, o senhor esteve no Parlamento. Quais as chances de o Brasil reconhecer a vitória da oposição depois de sua visitante?
Uma vez que resultado da visitante, combinamos de que hoje ocorra uma sessão na Percentagem de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, com a presença virtual do presidente eleito Edmundo González e da líder da oposição María Corina Machado. É importante reconhecer o candidato eleito pelos venezuelanos e a denúncia sobre o roubo das eleições por segmento de Maduro. Somos gratos ao Brasil por exigir transparência nos resultados eleitorais e pedimos que o país seja uma voz na região, que não somente exija transparência, mas também reverência pelos resultados expressados pelo povo nas urnas.
Além do Brasil, o senhor pretende visitar outros países para mostrar as atas?
As atas já foram apresentadas a membros dos Parlamentos e do Poder Executivo dos Estados Unidos, da Colômbia, do Chile, da Argentina e, agora, do Brasil. Ontem, em 2 de dezembro, estivemos também na República Dominicana. Onde quer que queiram saber a verdade a eleição na Venezuela, nós a levaremos.
Quais as chances de González tomar posse no ano que vem?
O presidente eleito está comprometido a satisfazer a Constituição da Venezuela, que diz que 10 de janeiro é a data da posse presidencial.
O senhor tem familiares na Venezuela?
Atualmente, não.
Existe alguma possibilidade de Maduro “fabricar” atas a seu obséquio?
É muito complicado, por justificação de uma série de componentes de segurança que o sistema eleitoral da Venezuela possui. Outrossim, se Maduro apresentar quaisquer atas agora, meses depois da disputa, pioraria a situação. Isso porque não terá legitimidade e configuraria mais crimes.
Maduro se tornou uma “dor de cabeça” para Lula?
Teremos que perguntar isso ao presidente.
O senhor tem sido ameaçado pela ditadura?
Na Venezuela, todos os cidadãos são ameaçados pela ditadura. Temos mais de dois milénio presos políticos e oito milhões de refugiados. Não à toa o ditador tem um processo franco contra ele no Tribunal Penal Internacional, por crimes contra a humanidade e violações de direitos humanos. É importante frisar que Nicolás Maduro não é um político tradicional de esquerda ou direita. Maduro é um criminoso que violou os direitos humanos e também roubou as eleições sem vergonha nenhuma. É alguma coisa que não pode ter qualquer tipo de roboração no nosso continente.
Leia também: “A farsa da Venezuela”, reportagem publicada na Edição 288 da Revista Oeste