A dinâmica das casas mudou muito desde 2020. Em virtude da pandemia os lares transcenderam o papel de mero lugar de descanso para acomodar diversas atividades, do trabalho e estudo ao lazer, e um número significativo de brasileiros fez adaptações em suas casas para acomodar tais necessidades – mas essas reformas não se resumiram ao período de isolamento social.
Pesquisa realizada pela AGP Research para a Casa do Construtor (rede de franquias especializada em locação de equipamentos para construção civil) aponta que 63% dos brasileiros reformaram em 2023, número não muito distante dos 68% de entrevistados que encararam uma reforma em 2020 (em meio à pandemia) e dos 69% que pretendem fazê-lo nos próximos 6 meses.
Chama a atenção o fato de que, mesmo superada, a pandemia ainda aparece como grande motivador de obras. Na comparação com o levantamento anterior houve aumento de três pontos percentuais na identificação dela como o principal motivo para a renovação, passando de 38% para 41%. As alterações mais citadas incluem a adaptação de espaços para melhorar a coexistência familiar, a execução de reparos de emergência (como rachaduras, vazamentos, problemas elétricos, entre outros) e aprimoramentos de design ou embelezamento.
A pesquisa mostra ainda quais foram os espaços mais renovados em 2023. A maior parte das intervenções durante o ano passado aconteceu nos banheiros, foram 44% do total. Os dormitórios somaram 42% das reformas, perdendo protagonismo entre as renovações: em 2021 as melhorias feitas nos quartos eram 55%. As áreas de lazer também mereceram atenção em 2023, com 18% das renovações.
Olhando para o futuro, as intenções de reformar no próximo semestre se mantiveram praticamente estáveis, variando de 70% para 69% entre 2021 e 2023. Mais uma vez, os banheiros se destacam, com 35% das intenções de reforma (acima dos 30% manifestados pelos entrevistados em 2021). A cozinha aparece logo em seguida, está nos planos de 32% das renovações desejadas (abaixo dos 36% de 2021).
Com base no levantamento o CEO e cofundador da Casa do Construtor, Altino Cristofoletti Junior, observa uma mudança nas prioridades do brasileiro – com o quarto perdendo o primeiro lugar, substituído pela cozinha – mas não acredita que o interesse por aprimorar a residência sairá de cena. “O foco no cuidado domiciliar continua sendo um hábito duradouro, impulsionando a demanda não apenas no setor de construção, mas também em mercados associados, como decoração e design”, destaca.
A pesquisa também expõe desafios que dificultam os planos de renovação do brasileiro. Mais de metade dos perguntados citam as restrições de orçamento (especialmente entre as classes C e D), como o principal obstáculo para realizar os planos, com destaque para a percepção no aumento no custo das matérias-primas. Dificuldades de contratação de mão de obra surgem em segundo lugar.
A pesquisa ouviu 600 participantes, com distribuição equilibrada de gênero (49% homens, 51% mulheres) de todas as cinco regiões brasileiras, com idade média de 37 anos. Os entrevistados abrangem todas as classes sociais: 12% A, 43% B (B1: 16%, B2: 27%), 38% C (C1: 22%, C2: 16%) e 7% D/E, com média renda familiar mensal média de R$ 6.200. A maioria está empregada nos setores de Serviços, Comércio e Indústria, tendo predominantemente retornado ao trabalho presencial. 77% residem em casas e 23% em apartamentos, sendo 79% proprietários e 18% inquilinos.