Changpeng Zhao, fundador da Binance, emitiu um alerta para a comunidade nesta sexta-feira (20), apontando que investidores já não podem confiar nem mais em seus amigos.
Os comentários acontecem após a influenciadora Mai Fujimoto, também conhecida como Miss Bitcoin, cair em um golpe de deepfake, uma tecnologia que usa Inteligência Artificial para modificar rostos e vozes.
Segundo seu relato, ela estava em uma ligação com uma amiga, mas o áudio não estava funcionando. Foi neste momento que os hackers (usando o rosto de sua amiga) enviaram um suposto link para o Zoom, no qual ela clicou.
Influenciadora relata como caiu em golpe de deepfake
Nas redes sociais, Mai Fujimoto afirma ter caído em um golpe sofisticado de deepfake. Além de ter perdido acesso às suas contas no Telegram e no X, antigo Twitter, a influenciadora também conta que sua carteira de criptomoedas foi comprometida.
“O ataque ocorreu enquanto eu estava em uma videochamada com uma conhecida e, sem saber, permaneci em uma chamada do Zoom com um deepfake. O ataque foi causado por eu ter clicado em um link enviado para mim como uma “atualização”, pois não conseguia ouvir o áudio.”
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“Eu não sabia que a conta dela no Telegram havia sido comprometida quando marcamos a reunião. Quando abri o link do Zoom, o rosto dela apareceu, então não suspeitei de nada”comentou Fujimoto.
Em abril, um executivo do setor relatou ter sofrido um ataque semelhanteperdendo R$ 600.000 em criptomoedas.
A estratégia dos hackers é simples, mas muito engenhosa. Assim que eles obtém acesso às redes sociais de uma vítima, eles as usam para entrar em contato com outras vítimas em potencial para marcar falsas reuniões.
Isso diminui a desconfiança, afinal esses perfis são famosos no nicho ou até mesmo próximos às vítimas, mais suscetíveis a clicarem em links que em outras circunstâncias seriam altamente suspeitos.
Voltando a Fujimoto, a influenciadora afirma que a equipe do X ainda não bloqueou sua conta. Portanto, ela pode estar sendo usada para fazer novas vítimas.
O modo de operação sugere que o mesmo grupo de golpistas pode estar por trás desses dois golpes. No entanto, a tática é tão simples, embora engenhosa, que pode se tratar de diversos criminosos diferentes.
“Lamento profundamente o transtorno e a preocupação que isso causou, e certamente não quero causar danos secundários por conta disso. Por favor, preciso da sua ajuda para denunciar minha conta @missbitcoin_mai no Twitter.”
“Também há o risco de meu deepfake circular futuramente. Se algum dia você vir meu rosto em chamadas de voz ou vídeo, por favor, desconfie”continuou Fujimoto. “Estou desesperada para congelar essa conta antes que os danos aumentem.”
Portanto, isso explica os comentários de Changpeng Zhao para não confiar nem mesmo nos seus amigos.
“IA já está sendo usada em novos tipos de ataques com deepfake. Até mesmo a verificação por videochamada em breve deixará de ser segura”escreveu CZ. “Não instale softwares a partir de links não oficiais, especialmente se forem enviados por “amigos” (eles provavelmente foram hackeados).”
AI já usada em novos tipos Hacking Deepfake. Mesmo uma verificação de videochamada em breve estará fora da janela. 😨😱
Não instale o software de um link não oficial, especialmente não de seus “amigos” (eles provavelmente são invadidos). https://t.co/kfrsdpijwb
– cz 🔶 bnb (@cz_binance) 20 de junho de 2025
Número de casos de deepfake começa a crescer
Em relação ao uso de deepfakes em golpes, um dos casos mais famosos aconteceu em Hong Kong no início de 2024. Na data, uma multinacional perdeu R$ 128 milhões após um de seus funcionários entrar em uma videochamada com diversos golpistas que substituíram seus rostos e vozes pelos dos executivos da empresa.
Em junho de 2024, um investidor alegou ter perdido R$ 10,4 milhões após golpistas supostamente usarem um deepfake de si para trocarem sua senha em uma corretora e esvaziarem sua conta.
A Binance, maior corretora do mercado, também já passou por um problema parecido. Ainda em 2022, golpistas criaram um deepfake de Patrick Hillmannentão diretor de comunicações da empresa, para promover golpes enquanto prometiam listagens na corretora.
Mais recentemente, em fevereiro deste ano, a mesma tecnologia foi usada para roubar R$ 31 milhões de empresas que compravam créditos de credores da FTX.
Portanto, a recomendação de segurança é não clicar em links suspeitos e começar a suspeitar até mesmo se eles forem enviados por amigos próximos ou pessoas conhecidas do setor.
