O mundo acordou nesta segunda-feira (21) com a notícia do falecimento do Papa Francisco, aos 88 anos, às 2h35 pelo horário de Brasília, 7h35 pelo horário local, em sua residência na Casa Santa Marta, no Vaticano. O anúncio foi feito pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Câmara Apostólica, em um comunicado oficial.
“Queridos irmãos e irmãs, com profunda tristeza devo anunciar a morte de nosso Santo Padre Francisco. Ele voltou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino.”
A causa da morte não foi oficialmente divulgada, mas a imprensa italiana aponta que o pontífice, que enfrentava problemas de saúde agravados por uma pneumonia recente, pode ter sofrido complicações cerebrais, possivelmente um derrame.
Repercussão no Espírito Santo
Confira:

Foto: Vatican News
Dom Andherson Franklin, arcebispo de Vitória, presidirá uma Missa em Sufrágio pelo Papa Francisco às 18h desta segunda-feira (21), na Catedral Metropolitana de Vitória. A cerimônia reunirá líderes religiosos e fiéis para agradecer pelo pontificado de 12 anos, marcado por gestos de proximidade com os pobres e marginalizados. A Arquidiocese de Vitória destacou em nota que Francisco “ensinou a viver os valores do Evangelho com coragem e amor universal”, sendo um exemplo de discípulo fiel de Jesus.
“Papa Francisco foi o primeiro em muitas coisas. Primeiro Papa jesuíta, primeiro Papa originário da América Latina, primeiro a escolher o nome Francisco sem um numeral, primeiro a ser eleito com seu antecessor ainda vivo, primeiro a residir fora do Palácio Apostólico, primeiro a visitar terras nunca antes tocadas por um pontífice – do Iraque à Córsega -, primeiro a assinar uma Declaração de Fraternidade com uma das autoridades islâmicas mais importantes”, informou a arquidioses, em nota.
No contexto da Festa da Penha 2025, maior celebração religiosa do Estado, fiéis e autoridades eclesiásticas se uniram para homenagear o legado do pontífice. A organização da festa emitiu uma nota oficial, exaltando o Papa como um “peregrino de esperança” que seguiu os passos de São Francisco de Assis, promovendo amor, união e compaixão. “Ele sempre será exemplo de respeito e olhar fraterno”, diz o texto, que também pede que Nossa Senhora da Penha, padroeira do Espírito Santo, acolha o Santo Padre. “Ele sempre será exemplo de amor, de união, compaixão, respeito e olhar fraterno”, diz a nota.


A cronologia dos ritos
21/4 – Confirmação da morte – Às 15h (horário de Brasília, 20h, horário de Roma) desta segunda-feira (21), o cardeal camerlengo, Kevin Farrell, realiza o rito oficial de confirmação da morte do Papa Francisco na Casa Santa Marta. O Anel do Pescador e o selo papal são destruídos, marcando o início da Sede Vacante.
23/4 – Traslado do corpo – O corpo do Papa Francisco é trasladado para a Basílica de São Pedro, onde ficará exposto para veneração dos fiéis. A visitação pública ocorre nos dias seguintes, com missas diárias celebradas por cardeais.
25 a 27/4 – Funeral e sepultamento – O funeral, simplificado conforme as normas revisadas por Francisco em 2024, é realizado na Praça de São Pedro, presidido por um cardeal. O sepultamento ocorre na Basílica de Santa Maria Maggiore, conforme desejo do papa, em cerimônia restrita.
6 a 11/5 – Início do Conclave – Entre 15 e 20 dias após a morte, o conclave começa na Capela Sistina, reunindo até 120 cardeais eleitores (com menos de 80 anos). As votações, com até quatro escrutínios diários, continuam até a eleição do novo papa, anunciada pela fumaça branca e pelo “Habemus Papam”.
Notas:
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As datas do conclave são estimadas com base na norma canônica, que prevê seu início entre o 15º e o 20º dia após a morte do papa.
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A duração do conclave varia, mas historicamente termina em poucos dias (o conclave de 2013, que elegeu Francisco, durou dois dias).
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Fontes: Normas do Vaticano (Universi Dominici Gregis) e informações fornecidas.
Cardeais brasileiros que votarão no conclave
Dos oito cardeais brasileiros, sete estão aptos a participar do conclave, que reunirá 139 eleitores com menos de 80 anos, conforme as regras estabelecidas por Paulo VI e João Paulo II. O único não votante é Dom Raymundo Damasceno Assis, de 88 anos, Arcebispo Emérito de Aparecida, pois ultrapassou o limite de idade.
Entre os eleitores, Dom Sérgio da Rocha, Arcebispo de Salvador, destaca-se por sua influência, sendo o único brasileiro a integrar o C9, o Conselho de Cardeais que assessorava Papa Francisco.
Além de Dom Sérgio, os cardeais brasileiros aptos a votar são:
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Jaime Spengler, 64 anos, Arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB. Nomeado cardeal em 2024, lidera o CELAM e é uma figura progressista.
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Odilo Pedro Scherer, 75 anos, Arcebispo de São Paulo. Cotado como papabile em 2013, tem experiência vaticana.
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Orani João Tempesta, 74 anos, Arcebispo do Rio de Janeiro. Carismático, participou do conclave de 2013.
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Paulo Cezar Costa, 57 anos, Arcebispo de Brasília. O mais jovem, é uma voz emergente na Igreja brasileira.
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João Braz de Aviz, 77 anos, Prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada, baseado em Roma.
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Leonardo Ulrich Steiner, 74 anos, Arcebispo de Manaus. Reconhecido por seu trabalho na Amazônia.
O Bispo de Roma


Foto: Vatican News
Jorge Mario Bergoglio, o primeiro papa latino-americano e jesuíta da história, liderou a Igreja Católica por 12 anos, desde sua eleição em 13 de março de 2013. Seu pontificado foi marcado por gestos de humildade, defesa dos mais vulneráveis e esforços para modernizar a Igreja, o que gerou tanto admiração quanto controvérsias.
No Domingo de Páscoa, Francisco surpreendeu ao aparecer na varanda da Basílica de São Pedro para a bênção “Urbi et Orbi”, em cadeira de rodas, visivelmente fragilizado, mas determinado a estar próximo dos fiéis.
Um pontificado de rupturas e proximidade
Nascido em Buenos Aires, Argentina, em 17 de dezembro de 1936, Francisco trouxe ao Vaticano a simplicidade de sua origem humilde. Filho de imigrantes italianos, optou por viver na Casa Santa Marta, em vez dos aposentos papais, e adotou um estilo pastoral que priorizava os pobres, os migrantes e as vítimas de conflitos.
Foi o primeiro papa a criar um Conselho de Cardeais, a atribuir funções de destaque a leigos e mulheres na Cúria e a abolir o segredo pontifício em casos de abuso sexual, reforçando a transparência.
Desafios de saúde e o fim de uma era
Os problemas de saúde acompanharam Francisco desde a juventude, quando, aos 21 anos, teve parte de um pulmão removido devido a uma infecção. Nos últimos anos, bronquites, pneumonias e dificuldades de mobilidade, agravadas por dores no joelho e quedas, marcaram seu cotidiano.
Em fevereiro de 2025, ele foi internado por 37 dias devido a um quadro respiratório grave, enfrentando dois episódios críticos. Após receber alta em 23 de março, continuou o tratamento no Vaticano, mas sua voz e mobilidade permaneceram comprometidas.
Ritos fúnebres e o futuro da Igreja
Com a morte de Francisco, a Igreja Católica entra no período de Sé Vacante. O cardeal Kevin Farrell, como camerlengo, conduzirá os ritos iniciais, incluindo a confirmação da morte, prevista para a noite desta segunda-feira (21) às 20h, e a destruição do Anel do Pescador, símbolo do fim do papado.
O corpo de Francisco será trasladado à Basílica de São Pedro na quarta-feira (23), para homenagem dos fiéis. O funeral, seguindo normas simplificadas por ele em 2024, ocorrerá entre os dias 25 e 27 de abril, com sepultamento na Basílica de Santa Maria Maggiore, conforme seu desejo.
O conclave para eleger o novo papa começará entre 15 e 20 dias, reunindo até 120 cardeais com menos de 80 anos na Capela Sistina. Atualmente, 136 cardeais são elegíveis, incluindo sete brasileiros. O processo, marcado por sigilo, culminará com a fumaça branca e o anúncio “Habemus Papam”.