Notas de frutas tropicais, floral, chocolate, melaço, mel, chá preto, cardamomo, chá de camomila, com acidez cítrica, corpo macio e longo, quebrável e finalização muito guloseima. Essas são as características apontadas por experientes degustadores – com certificação Q-Grader e R-Grader – ao moca arábica vencedor do Golden Cup Brasil 2024.
As características são do moca vencedor do produtor Fabiano Diniz, de Manhuaçu, da região das Matas de Minas Gerais, que obteve 87,41 pontos. O concurso de qualidade de moca é talhado a premiar os melhores grãos com certificação Fairtrade produzidos por famílias de pequenos produtores e produtoras no país.
“Foi muita emoção ganhar mais esse prêmio. A primeira vez que ganhei um concurso de café foi o Golden Cup, quando fiquei em segundo lugar em 2021. Em 2022 fui campeão e no ano passado fiquei em quarto. Só esse ano eu e minha família ganhamos oito prêmios de café”, contou o vencedor, que é integrante da Cooperativa Regional Indústria e Negócio de Produtos Agrícolas do Povo que Luta (Coorpol).
Jesus Euzébio Lopes, da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (Coopfam) ficou em seguindo lugar na categoria Arábica Microlotes, com um moca que teve a nota final de 86,88 pontos. Já Adelino Roberto Bernardes Semboloni, da Cooperativa dos Produtores de Cafés Especiais dos Martins (Coopercafem), conquistou a terceira colocação, com um lote de moca que pontuou 86,61.
Na categoria Arábica Container Pleno, a Cooperativa dos Pequenos Cafeicultores de Poço Fundo e Região (Coocaminas), foi a grande vencedora, com o lote de moca que atingiu 85,66 pontos. A Cooperativa Agropecuária dos Produtores Orgânicos de Novidade Resende e Região (Coopervitae) conquistou a segunda e terceira colocações, com cafés de 85,31 e 85,13 pontos.
Responsável pelo setor de qualidade da Coocaminas, Marcelo de Souza Matias destacou a satisfação de ver os cafés dos cooperados vencendo a competição. “É gratificante ver o resultado do trabalho de incentivo e formação contínuos na qualidade dos nossos cafés, junto à busca pela sustentabilidade ambiental, social e econômica dos cooperados. Dessa forma, geramos cafés excelentes e contribuímos para a melhoria de vida dos produtores de hoje e das gerações futuras”, enfatizou.
A realização do Golden Cup é da Coordenadora Latino-Americana e do Caribe de Pequenos Produtores e Trabalhadores de Comercio Justo (CLAC), em parceria com a Associação das Organizações de Produtores Fairtrade do Brasil (BRFAIR), com o escora da International Trade Centre (ITC) e Instituto Federalista de Instrução, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas – Campus Machado (MG).
Canephoras do ES
Se os cafés mineiros dominaram o pódio da variedade arábica, os capixabas foram os destaques nas categorias Canephora Microlotes e Container Pleno. Neuza Maria da Silva de Souza (1ª), Ana Lucia de Castro Landi (2ª) e Maria José Lopes Rodrigues da Silva (3ª) foram as três campeãs na categoria Canephora Microlotes. As três são da Cooperativa dos Cafeicultores do Sul do Estado do Espírito Santo (Cafesul), com sede no município de Muqui.
A cooperativa também foi a vencedora da categoria Container Pleno da variedade. Carlos Renato Theodoro, presidente da Cafesul, destacou a alegria de ver os cafés produzidos pelos cooperados e cooperadas mais uma vez ganhando a competição vernáculo que destaca os cafés Fairtrade brasileiros.
”Esse foi um ano muito bom para nossos produtores e produtoras. As três vencedoras fazem secção do grupo Póde Mulheres. Nossos cafés também venceram o Coffe of the Year, demonstrando a consistência do nosso trabalho junto aos cooperados e a qualidade dos cafés Fairtrade. Sempre falo que o importante é estar entre os finalistas, mas vencer comprova que o trabalho que fazemos junto aos produtores, principalmente devido ao vestimenta da certificação Fairtrade, que nos permite fornecer a assistência técnica, cursos e treinamento e todo o suporte necessário para produzir com qualidade”, disse Renato.
Qualidade dos cafés cresce a cada ano
Um dos destaques dos especialistas que puderam provar os cafés é o incremento da qualidade dos grãos ano a ano. Julia Cristy, do setor mercantil e de qualidade empresa Eisa, foi uma das responsáveis por qualificar os cafés. Segundo ela, mesmo com as safras apresentando desafios diferentes, foi observado que os cafés do concurso tiveram uma evolução na qualidade.
“Os cafés Fairtrade tem melhorado, e acredito que por conta do incentivo que toda a cena promove para o produtor. As amostras desse ano me surpreenderam, foi uma safra desafiadora e mesmo assim nossos produtores conseguiram alcançar a excelência conforme os cafés enviados, acredito que seja o melhor sinal que os cafés Fairtrade conseguem se destacar safra após safra”, afirmou.
O enlace mercantil de moca da Clac, Paulo Ferreira, também destacou a evolução da qualidade dos cafés Fairtrade, que segundo ele foi gigante nestes últimos 10 anos. “Em cada edição do Golden Cup temos uma maior consistência de qualidade e cada vez melhores pontuações, principalmente em volumes maiores como a categoria Container Cheio. Conseguir altas pontuações no cenário atual vêm sendo desafiador e percebemos que os produtores tem o compromisso e conseguem superar estes desafios graças a melhoria nos processos, incentivada e propagada pelas organizações Fairtrade e pelo trabalho de promoção realizado com o Golden Cup”, disse.
Cafés vencedores
Todos os premiados foram anunciados durante a Semana Internacional do Moca (SIC), ocorrido no mês pretérito, realizado em Belo Horizonte (MG). Durante a SIC, os cafés finalistas do concurso foram apresentados a potenciais compradores. E logo depois o pregão dos vencedores, negócios já foram fechados.
Fabiano Diniz já comercializou secção de seu lote ao valor correspondente a R$ 6 milénio a saca. “Depois do cupping com os finalistas, clientes se interessaram e consegui vender para a cafeteria Onlycoffee Cafés Especiais de Londrina, no Paraná. O restante do lote deve ir para Europa”, contou Diniz.
O presidente da BRFAIR e da Cooperativa dos Produtores do Eminente da Serra (Apascoffee), Maurício Alvez Hervaz, enfatizou a preço de promover concursos que reconhecem a qualidade dos grãos Fairtrade. Segundo ele, é uma forma prática de publicar os cafés em todo o mundo.
“Os cafés vencedores são levados para feiras em várias partes do mundo, como na Europa, Japão e Ásia. Durante os três dias da SIC, estivemos com um estande na feira, dando visibilidade aos nossos produtores. A novidade deste ano foi que realizamos, durante a SIC, um evento privado para compradores. Estamos trabalhando cada vez mais para propagar a marca Fairtrade também dentro do Brasil”, informou.