A Polícia Federalista apontou que o portanto comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier, foi o único entre os chefes das Forças Armadas que teria se disposto à disposição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o suposto golpe de Estado. A informação faz secção do relatório da investigação que resultou no indiciamento de Bolsonaro, Garnier e outras 35 pessoas.
“As referidas mensagens vão ao encontro dos elementos de prova obtidos, confirmando que o então Comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier, anuiu com o Golpe de Estado, colocando suas tropas à disposição do Presidente”, diz o documento que teve o sigilo repetido pelo ministro Supremo Tribunal Federalista (STF) Alexandre de Moraes nesta terça-feira (26).
A resguardo do almirante reforça que ele é simples. A PF teve chegada a uma troca de mensagens no celular do tenente-coronel Mauro Cid, portanto ajudante de ordens de Bolsonaro, com um contato identificado uma vez que “Riva”.
O relatório traz um print da conversa em que “Riva” diz que Garnier é uma “patriota” e tinha tanques prontos, sinalizando que o almirante poderia facilitar na concretização do golpe. “O Alte. Garnier é PATRIOTA. Tinham tanques no Arsenal prontos”, disse Riva.
Em resposta, o interlocutor diz que o “01”, referindo-se a Bolsonaro, deveria ter “rompido” com a Marinha, que o Tropa e a Aviação “iriam atrás”. A PF afirmou que os comandantes do Tropa, o general Freire Gomes, e da Aviação, o tenente-brigadeiro, Baptista Júnior, foram contra a ruptura institucional.
“Os elementos de prova obtidos, tais como mensagens de texto e depoimentos dos então Comandantes da Aeronáutica e do Exército prestados à Polícia Federal, evidenciam que o então Comandante da Marinha do Brasil, almirante Almir Garnier, foi o único dentre os três a aderir ao plano que objetivava a abolição do Estado Democrático de Direito”, diz o relatório.
Em nota, a resguardo reiterou a inocência de Garnier. De concordância com a investigação, com o espeque do almirante, os investigados teriam pressionado os comandantes do Tropa e da Aviação.
“Outrossim, a adesão de Amir Garnier, conforme as trocas de mensagens entre investigados e adeptos do golpe de Estado, descritas ao longo do relatório, serviu para Organização Criminosa pressionar ainda mais o Alto Comando do Exército a aderir ao plano que objetivava a abolição do Estado Democrático de Direito”, afirmou a PF.
Comandantes contrários ao golpe foram alvos de “milícia digital”, aponta PF
Confira:
A Polícia Federalista afirmou que Freire Gomes e Baptista Júnior foram alvos de “ataques pessoais” nas redes sociais por uma “milícia digital” em seguida rejeitarem o projecto de golpe de Estado.
Conforme o relatório, os “investigados continuavam a investir nos ataques pessoais contra os comandantes Freire Gomes e Baptista Júnior, utilizando as ‘ferramentas’ da milícia digital, disseminando em alto volume, por multicanais, de forma contínua e repetitiva informações falsas”.
O objetivo das publicações seria passar a imagem ao meio militar e aos apoiadores do ex-presidente que os comandantes seriam “traidores da pátria” e alinhados ao “comunismo”.
“Nesse contexto, Braga Netto determinou a Ailton Gonçalves Barros que direcionasse ataques pessoais (inclusive a familiares) ao então comandante do Exército, general Freire Gomes e ao então comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro Baptista Júnior, e por outro lado, elogiasse o então comandante da Marinha, o almirante-de-esquadra Almir Garnier Santos”, diz o relatório.
Segundo a PF, Braga Netto ainda orientou a “disseminação de notícia, com o objetivo de
atingir a reputação” do general Tomás Paiva, atual comandante do Tropa, que “também adotou uma posição institucional, opondo-se a qualquer ação ilícita das Forças Armadas”.
Garnier foi responsável por desfile de blindados até o Planalto
Garnier foi nomeado por Bolsonaro para comandar a Marinha em abril de 2021. Em 10 de agosto daquele ano, a Marinha fez um desfile de blindados e outros veículos militares até o Palácio do Planalto para invitar o portanto presidente para o treino da Operação Formosa.
O desfile ocorreu no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados votaria a PEC do voto impresso. A proposta foi rejeitada por 229 votos em prol, 218 contra e uma continência.
Na ocasião, Bolsonaro recebeu o invitação das mãos de um solene da Marinha na rampa do Planalto escoltado do portanto ministro da Resguardo, Walter Braga Netto, e dos três comandantes das Forças Armadas, além de outros ministros e autoridades.
Resguardo de Almir Garnier
A resguardo reiterou a “inocência” do almirante em seguida indiciamento pela PF, no último dia 21, e disse que espera ter chegada à íntegra dos autos para se manifestar. “Em relação ao indiciamento do Almirante Almir Garnier, a defesa reitera a inocência do investigado, esclarecendo que ainda não teve acesso integral aos autos”, dizia a nota do jurisperito Demóstenes Torres, que representa Garnier. O espaço segue crédulo para uma novidade sintoma da resguardo do almirante Almir Garnier.
Bolsonaro negou suposto projecto golpista
O ex-presidente negou ter participado do suposto projecto golpista, pelo qual foi indiciado pela Polícia Federalista, mas admitiu que estudou que estudou “todas as medidas possíveis dentro das quatro linhas” da Constituição, uma vez que o Estado de sítio.
A termo golpe nunca esteve no meu léxico… Não faria um tanto fora das quatro linhas da Constituição. Dá pra resolver os problemas do Brasil dentro da Constituição”, disse Bolsonaro em entrevista nesta segunda-feira (25) ao chegar em Brasília.
“É uma loucura falar em golpe, meu Deus do céu, é uma loucura, golpe com general da reserva e cinco oficiais da ativa. E outra coisa: golpe existe em cima de uma autoridade constituída, quando já tomou posse”, acrescentou.