Em artigo publicado na Edição 254 da Revista OesteCarlo Cauti faz uma crítica contundente à gestão do governo Lula em relação à inflação dos alimentos no Brasil.
O autor traça um paralelo entre a postura petista e a infame frase atribuída a Maria Antonieta: “Se não tem pão, que comam brioches”. A expressão sintetizou a desconexão da monarquia com a realidade do povo — um problema que, segundo Cauti, se repete no governo atual.
O texto abre com a repercussão negativa da declaração do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa: “A laranja está cara, que comam outra fruta”. O problema, ressalta o autor, é que os preços de todas as frutas subiram quase 13% nos últimos 12 meses.
Essa desconexão com a realidade também se manifestou em outras ocasiões. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, sugeriu que os brasileiros “substituíssem alface por chicória”, ao ignorar que a chicória é mais cara que a alface.
Já Lula, logo no começo de seu terceiro mandato, declarou que o fim da fome poderia ser resolvido com plantações de abóbora, esquecendo-se da promessa de campanha de garantir “picanha e cerveja”. Essas falas, destaca Cauti, foram transformadas em memes, o que minou ainda mais a credibilidade do governo.
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Inflação em alta
O autor mostra que a inflação dos alimentos no Brasil alcançou 8,23% em 2024, quase o dobro do índice geral de 4,83%. Em algumas capitais, como Campo Grande, os aumentos chegaram a 11,3%. Os reajustes levaram o Brasil a registrar a quarta maior inflação de alimentos da América Latina e a quinta maior do G20.
A alta dos preços impactou especialmente os mais pobres e refletiu na queda da popularidade do governo. O Nordeste, região que garantiu a vitória de Lula em 2022, viu uma queda expressiva de dez pontos porcentuais na aprovação do presidente.
Diante desse cenário, o governo buscou soluções, mas muitas delas foram vistas como ineficazes ou contraproducentes. Entre as propostas discutidas estavam:
- Isenção do imposto de importação dos alimentos, uma medida que teria pouco efeito, pois o Brasil é um dos maiores exportadores agrícolas do mundo;
- Mudanças no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), que reduziriam os lucros das empresas intermediárias, mas sem impacto garantido nos preços;
- Criação de um novo cartão de débito da Caixa para compras de alimentos, o que levantou preocupações sobre controle governamental excessivo; e
- A alteração das regras de validade dos alimentos, proposta descartada depois de forte rechaço popular.
O texto também menciona ideias ainda mais polêmicas, como taxar exportações do agronegócio, proposta apoiada por Guilherme Boulos (Psol-SP), e a criação de empórios populares, reminiscências de experiências fracassadas na Venezuela.
Entretanto, o autor esclarece que a agricultura familiar é responsável por quase metade da produção de café do país e desmonta a narrativa de que apenas grandes latifundiários lucram com exportações.
Carlo Cauti explica acima dos preços
Cauti reconhece que algumas causas da inflação estão fora do controle do governo, como o aumento da demanda global por mercadorias e os impactos climáticos em países exportadores. No entanto, ele argumenta que o governo Lula contribuiu para o problema ao desvalorizar o real em 30% frente ao dólar, o que encareceu produtos importados, como o trigo.
O artigo ainda reforça que a inflação é o imposto mais cruel, pois penaliza os mais pobres e intensifica a desigualdade. O descontentamento não surge apenas das dificuldades econômicas, mas também da percepção de que o governo não leva a sério a gravidade do problema.
Para Cauti, as falas desastrosas de ministros e a ineficiência das soluções propostas demonstram que o governo enfrenta um desafio semelhante ao de Maria Antonieta: a perda do apoio popular por estar alheio à realidade.
Por fim, o autor destaca a contradição de um governo que, enquanto sugere alternativas simples para driblar a crise, gastou milhões em carnes nobres, bebidas Premium e bacalhau com o cartão corporativo da Presidência. Para a população, essa postura pode ser mais letal para o governo do que a própria inflação.
O artigo “A versão brasileira de Maria Antonieta” está disponível a todos os mais de 100 mil assinantes da Revista Oeste.
Revista Oeste
A Edição 253 da Revista Oeste vai além do texto de Carlo Cauti. A publicação digital conta com reportagens especiais e artigos de JR Guzzo, Ana Paula Henkel, Cristyan Costa, Rodrigo Constantino, Alexandre Garcia, Carlo Cauti, Anderson Scardoelli, Peter Suderman, Augusto Nunes, Adalberto Piotto, Ubiratan Jorge Iorio, Flávio Gordon, Dagomir Marquezi , Brendan O’Neill (da Arrasado) e Daniela Day.
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