O ditador da Venezuela, Nicolás Maduropropôs nesta sexta-feira, 31, um “novo começo” nas relações bilaterais com os Estados Unidos, depois da visita do enviado especial do presidente dos EUA, Donald Trumpa Caracas. A conversa se concentrou principalmente na deportação de migrantes venezuelanos e na libertação de prisioneiros norte-americanos.
Pouco depois do encontro, seis prisioneiros foram liberados pelo regime chavista.
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Os seis americanos que estavam sendo reféns na Venezuela foram libertados na noite de sexta -feira e ligaram para o presidente Trump na viagem de avião para casa:
“Eu te amo, Donald Trump, obrigado!”
“Nós te amamos, Trump !!!”
“Obrigado, Sr. Presidente, obrigado.”
“Obrigado … isso é incrível.” pic.twitter.com/khqmrpwjjv
– Julia 🇺🇸 (@Jules31415) 1 de fevereiro de 2025
O encontro aconteceu poucos dias depois de Trump anunciar a suspensão do status de proteção temporária (TPS) concedido pelo governo de Joe Biden a cerca de 600 mil venezuelanos solicitantes de asilo. Essa medida, que permitia a permanência no país por motivos humanitários, faz parte de um plano maior para realizar a “maior deportação em massa da história” dos Estados Unidos.
No ano passado, os venezuelanos foram a terceira nacionalidade mais apreendida na fronteira entre os EUA e o México.
O governo chavista divulgou uma nota depois da reunião, na qual diz ter proposto uma “agenda zero” ao enviado especial Richard Grenell. O encontro no Palácio de Miraflores, em Caracas, contou também com a presença da vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, e do chefe do Parlamento, Jorge Rodríguez.
Segundo a mídia estatal venezuelana, Maduro aceitou conversar com o enviado norte-americano de maneira “respeitosa e soberana”. O ditador teria dito que os acordos firmados entre os países seriam fruto de consenso e não de imposição de nenhuma das partes.
EUA não reconhece Maduro como ganhador das eleições na Venezuela
Caracas rompeu relações diplomáticas com Washington em 2019, quando a Casa Branca reconheceu o líder opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, depois do boicote da oposição às eleições presidenciais de 2018, consideradas fraudulentas e sem transparência.
No ano passado, o Departamento de Estado dos EUA reconheceu a vitória do opositor Edmundo González nas eleições presidenciais, amplamente acusadas de fraude pela oposição, liderada pela ex-deputada María Corina Machado, e por grande parte da comunidade internacional.
🇻🇪🇺🇸 As palavras de Trump sobre a Venezuela esta tarde
“92% dos venezuelanos me apoiam”
“Vamos ver o que podemos fazer para endireitar a situação na Venezuela”
“Biden não lidou muito com a situação muito bem”
“Vamos parar de comprar petróleo da Venezuela” pic.twitter.com/esn3wmarps
– por (@Andesevd) 31 de janeiro de 2025
Até hoje, o regime venezuelano não apresentou as atas eleitorais que comprovem o resultado. González, atualmente exilado em Madrid, esteve presente na posse de Trump, no último dia 20.
Em uma coletiva de imprensa na sexta-feira, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, foi questionada se a visita de Grenell significava o reconhecimento da vitória de Maduro, que iniciou seu terceiro mandato consecutivo em 10 de janeiro. “Absolutamente não”, disse ela.
A porta-voz afirma que o objetivo da visita era persuadir a Venezuela a aceitar os voos de deportação de migrantes indocumentados e liberar os cidadãos norte-americanos detidos no país.
Estamos rodando e voltamos para casa com esses 6 cidadãos americanos.
Eles apenas falaram com @RealDonaldTrump E eles não conseguiam parar de agradecer. pic.twitter.com/scvco4hqqv
– Richard Grenell (@RichardGrenell) 1 de fevereiro de 2025
O atual secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, alinhado à agenda anti-imigração ilegal de Trump, criticou Biden por negociações com Maduro no passado. O governo democrata suspendeu sanções à indústria petrolífera venezuelana em troca da promessa de eleições livres e justas, que não ocorreram. As sanções foram restabelecidas, porém de forma mais branda.
Mauricio Claver-Carone, enviado especial dos EUA para a América Latina, afirma que o presidente Trump “espera que Nicolás Maduro aceite de volta todos os criminosos venezuelanos e membros de gangues que foram exportados para os Estados Unidos, e que o faça de forma inequívoca e incondicional”.
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