O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai passar a fazer pronunciamentos curtos em rede nacional a cada 15 dias para destacar as principais ações do governo. O esquema faz parte do plano do novo chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom)Sidônio Palmeira, para aumentar a popularidade do petista.
Lula fez o primeiro pronunciamento estratégico nesta segunda-feira, 24. No discurso, que durou pouco mais de dois minutos, o presidente falou sobre duas apostas importantes de seu mandato: os programas Farmácia Popular e Pé-de-Meia.
A decisão ocorre em um momento de queda na popularidade do governo. Segundo uma pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada em 14 de fevereiro, a aprovação do presidente caiu de 35% para 24% nos últimos dois meses, o nível mais baixo nos três mandatos do petista.
No Nordeste, principal reduto eleitoral do PT, a avaliação positiva de Lula recuou de 49% para 33%, a maior queda regional. A região, que representa um quarto dos eleitores brasileiros, foi crucial para a vitória do petista em 2022.
Além do discurso mais conciso, o petista adotou um tom mais informal e acessível no pronunciamento desta segunda-feira, diferente das abordagens institucionais anteriores. A fala utilizou de linguagem mais popular, com momentos de descontração, numa aparente tentativa de criar maior empatia e proximidade com o público.
Lula afirmou, por exemplo, que os dois programas do governo formam uma dupla “que não é sertaneja, mas está mexendo com o Brasil”. Em outro momento, ao falar sobre o Pé-de-Meia, usou a expressão “olha que legal” ao destacar um dado sobre o programa.
O presidente não trouxe novos anúncios sobre os projetos — a novidade relacionada ao Farmácia Popular, por exemplo, já havia sido divulgada na semana anterior pela ministra da Saúde, Nísia Trindade. Em vez disso, Lula utilizou o tempo para detalhar os programas e destacar benefícios para a população.
“Uma dupla que não é sertaneja, mas está mexendo com o Brasil: o Pé-de-Meia e o novo Farmácia Popular”, disse. “É para os jovens brasileiros que trago a primeira boa notícia. O pagamento da poupança de R$ 1 mil do programa Pé-de-Meia começa amanhã na conta e já rendendo. O valor será destinado para quem passou de ano. Já os estudantes que concluíram o ensino médio poderão sacar a partir desta terça-feira.”
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O presidente ressaltou que 90% dos jovens participantes do programa foram aprovados para o próximo ano letivo. Destacou, ainda, que a iniciativa incentiva os estudantes a permanecerem na escola. Ele explicou que os alunos com frequência regular recebem R$ 200 por mês.
“Se fizer o Enem, ganha mais R$ 200, também, num valor total que pode chegar a R$ 9,2 mil”, acrescentou.
Em seguida, Lula detalhou as mudanças no programa Farmácia Popular, que já haviam sido divulgadas por Nísia Trindade em um evento em Brasília.
“A segunda notícia que quero compartilhar com vocês é a gratuidade de 100% dos remédios do Farmácia Popular”, afirmou. “Agora, todos os 41 medicamentos do programa serão de graça. Quem tem doenças como diabetes, hipertensão ou asma, vai poder tirar a sua medicação numa farmácia conveniada.”
“Depois de dois anos reconstruindo um país que estava destruído, estamos trabalhando muito para trazer prosperidade para todos os brasileiros, especialmente para quem mais precisa”, acrescentou. “Seguimos ao lado de cada brasileiro e brasileira: para levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima.”
Tradicionalmente, pronunciamentos presidenciais em rede nacional são reservados para anúncios emergenciais, medidas de grande impacto ou datas comemorativas, como o 7 de Setembro e o Natal. O último pronunciamento de Lula havia sido em 23 de dezembro.
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Chefe da Secom muda estratégia de comunicação de Lula
Durante a reunião ministerial de janeiro, Sidônio Palmeira já havia sinalizado aos integrantes do governo que pretendia tornar a figura do presidente mais presente na comunicação oficial. Desde então, Lula intensificou sua agenda de viagens e passou a conceder mais entrevistas.
As aparições quinzenais do presidente seguem a sugestão de Palmeira de tornar Lula o principal “motor” da comunicação do governo. A ideia é que os pronunciamentos sejam mais diretos e objetivos.
Com essa estratégia, o governo quer garantir que Lula se comunique diretamente com o eleitor, sem intermediários. O próprio presidente já expressou preocupação de que as ações do governo não estejam chegando de forma clara à população.
