Em seguida o esteio proferido de gestores de fundos de investimentos a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo vez das eleições de 2022 e um prolongado voto de crédito em 2023, sustentado pela aprovação do novo busto fiscal, a relação entre o presidente e o mercado financeiro se deteriorou de vez. Nas últimas semanas, a crescente suspicácia mútua culminou em um divórcio, descrito por analistas uma vez que litigioso e irreversível.
O ponto de ruptura foi a apresentação de um pacote de contenção de gastos tardio, insuficiente e contraditório. A frustração profunda de investidores levou a uma subida histórica no dólar e à disparada nos juros. O mal-estar generalizado provocou até uma torcida dos operadores de negócios pela descontinuidade de Lula no poder, indicando a perda totalidade de respaldo deles ao projeto de reeleição do presidente em 2026.
Pesquisa da Genial/Quaest, divulgada no início do mês, revelou pico de desaprovação de Lula entre agentes do mercado financeiro. Para 90% dos entrevistados, a avaliação do governo é negativa. E 96% consideram que a política econômica está “na direção errada”. O levantamento, realizado com 105 agentes do mercado posteriormente o proclamação do pacote fiscal pelo ministro Fernando Haddad (Herdade), aponta ainda que só 3% avaliam positivamente o Lula 3.
O presidente ironizou os números, dizendo que não tinha esteio nenhum do mercado quando foi candidato.
Sinais de insatisfação do mercado cresceram e atingiram o auge em 2024
Confira:
- 1 Sinais de insatisfação do mercado cresceram e atingiram o auge em 2024
- 2 Mercado reage muito à subida de juros básicos e à chance de Lula não buscar a reeleição
- 3 Mau humor do mercado se repete na sociedade no desconforto com inflação
- 4 Governo e oposição avaliam as reações do mercado a partir de visões fiscais opostas
O desalento entre ex-apoiadores do governo atingiu seu vértice. Durante um evento no termo de novembro, Rubens Ometto, presidente do Grupo Cosan, declarou diante de Gabriel Galípolo, porvir presidente do Banco Médio (BC), indicado por Lula, que “o país está ferrado”. Ele criticou a falta de combate ao déficit fiscal e alertou que, sem incisão de gastos públicos, os juros seguirão subindo, desestimulando investimentos e pondo negócios em risco.
Luis Stuhlberger, presidente da Verdejante Asset, expressou remorso por ter confiado que Lula adotaria postura fiscal responsável. Em maio de 2024, durante apresentação a investidores, afirmou: “me penitencio por ter acreditado que o PT teria seriedade fiscal”. Stuhlberger destacou que sua percepção mudou posteriormente o governo mudar metas fiscais e apresentar projeto orçamentário irrealista para 2025.
Em recente relatório, o Deutsche Bank comparou o terceiro procuração de Lula ao segundo de Dilma Rousseff (PT), apontando riscos fiscais, inflação elevada e moeda desvalorizada devido à estratégia de ampliar gastos. A instituição projeta prolongamento econômico aquém de 2% em 2025, inflação supra da meta (5%) e dívida pública alcançando 90% do PIB até 2027.
Mercado reage muito à subida de juros básicos e à chance de Lula não buscar a reeleição
Para a economista Rita Mundim, conselheira da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), o distanciamento do mercado em relação a Lula ficou evidente na variação dos seus índices posteriormente cirurgias do presidente. “Quando surgem sinais de que ele pode não disputar a reeleição, o dólar e os juros futuros recuam; o oposto acontece quando boletins médicos apontam a recuperação do presidente. O mercado precifica o futuro, ciente de que responsabilidade fiscal não é viável sob Lula”, afirmou.
Rita também destacou que um cenário sem Lula ou com uma centro-direita fortalecida pode trazer “alguma responsabilidade fiscal”. Ela acredita que o Congresso deve assumir papel protagonista no ajuste, desidratando o governo e impulsionando o ajuste das contas públicas, o que pode beneficiar nomes da centro-direita nas eleições de 2026.
Mau humor do mercado se repete na sociedade no desconforto com inflação
Leonardo Barreto, da consultoria Think Policy, aponta “clara desconexão política entre o mercado e o governo” no debate sobre a economia, que se transformou em guerra de visões. Enquanto isso, a população sente a subida da inflação e mostra interesse pela proposta de Lula de isentar do Imposto de Renda (IR) sobre salários de até R$ 5 milénio. A medida foi inserida no pacote fiscal de maneira atabalhoada e populista.
A principal preocupação dos investidores é o perfil da dívida pública – curta, rostro e crescente. A concentração no limitado prazo expõe o Tesouro às oscilações do mercado, enquanto juros altos encarecem o passivo e tiram recursos para investimentos e programas sociais. Por termo, o prolongamento contínuo da dívida é puxado pelo próprio financiamento do déficit fiscal.
Para o economista e deputado estadual Claudio Branchieri (Podemos-RS), o rompimento entre Lula e o mercado era inevitável e agora se mostra irreversível. “Os investidores já entenderam que o presidente não se preocupa com equilíbrio fiscal e age só com cálculos eleitorais”, disse.
O governo, acrescenta o parlamentar, perdeu esteio da Faria Lima (avenida que simboliza gestores de fundos), ao contrário de 2022, quando alguns se engajaram em sua resguardo”, afirmou. Ele também alertou: “O governo está criando uma bomba fiscal para 2027 e se recusa a abrir mão disso.”
Governo e oposição avaliam as reações do mercado a partir de visões fiscais opostas
A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), chamou a subida dos juros pelo BC para moderar a inflação de “irresponsável e desastrosa.” Ao jornal O Mundo, ela descartou mudança de postura do partido em obséquio do estabilidade fiscal por isso simbolizar um suicídio político, rompendo com a base social. O ex-ministro José Dirceu, uma das figuras mais influentes da legenda, endossou a estudo.
O líder da oposição no Senado, Rogério Marítimo (PL-RN), vê falta de seriedade de Lula com as contas públicas e considera falsa a promessa de poupar R$ 70 bilhões nos próximos dois anos. Ele afirma que só o reajuste salarial dos servidores federais em 2025 está estimado em R$ 20 bilhões. “O foco do governo é unicamente a reeleição do presidente”, disse ele, ressaltando que “o povo está acordando” para isso.
O senador Carlos Portinho (PL-RJ), líder de seu partido, disse da tribuna que “o governo está quebrado”, sem recursos financeiros, e a comprovação disso está na suspensão do pagamento de emendas parlamentares, decisão respaldada pelo Supremo Tribunal Federalista (STF). Ele acusou o ministro Flávio Dino, do STF, de interferir indevidamente em assuntos legislativos, agravando a situação de municípios.