Alterando a rotina, vou trespassar do Rio de Janeiro um pouquinho, para narrar uma história inusitada que ouvi, sobre um quinteiro da Bahia, de Alagoinhas, no recôncavo baiano.
Em meio ao tema que norteia minhas escritas, sempre raconto alguma história inspiradora, de famílias de agricultores que tive o prazer em saber nas minhas viagens pelo interno do nosso estado, quando trabalhei por quase quatro anos na Empresa de Pesquisa Agropecuária vinculada à Secretaria de Estado de Lavradio, Pecuária, Pesca e Provimento. Sou fã de todos eles, e tenho muitas histórias boas para narrar, pois nossos agricultores dão uma lição de perseverança, garra e paixão ao que fazem.
Estava eu, em procura de uma história dissemelhante, sobre fazendas de policultura, buscando reunir qualquer exemplo de propriedade sustentável, moderna, com georreferenciamento, turismo rústico, empreendedorismo, e me deparei com um hobby que virou um negócio muito interessante, uma fábrica de charutos premium, altamente pontuado, entre os melhores do mundo.
A história de José Antonio Martins Monteiro
Tudo começou em 2005, posteriormente o promanação do seu segundo fruto, quando viajou em família para o Canadá, sítio onde sua esposa residiu por cinco anos, em uma oportunidade de apresentar sua família completa às amigas. Lá estava ele, turista no Canadá, quando o orientação resolveu lhe apresentar Jack, marido de uma das amigas da esposa, português que, posteriormente uma noite de bate-papo e bebida, resolveu fumar um charuto e convidou José Antônio para testar, já que ele nunca havia fumado um charuto antes.
A noite rendeu e José Antônio acabou numa mesa de Black Jack, na extensão VIP de um cassino, à borda das Cataratas do Niágara, acompanhando seu novo colega “Jack”, aprendendo a fumar charuto vasqueiro e de altíssimo estilo, um Cohiba Bahike 56, que custa em torno de R$2.700,00 a unidade.
Essa amizade rendeu outras viagens e José Antônio percebeu na mala de seu colega as letras das iniciais de seu nome, J.A.M.M. Imediatamente José Antônio disse: “Jack, essa mala é minha, José Antonio Martins Monteiro”, e Jack respondeu: “Não, é minha. Joaquim Alfredo Mesquita Moreira”. Além de boas risadas, esse momento único inspirou José Antonio a empreender, e fabricar a JAMM Cigar, dos quais nome é uma homenagem à amizade com Jack e às iniciais de seus nomes.
Mas um sonho desses não nasce do dia para a noite. Em 2016, adquiriu a Quinta Feanbe, em Alagoinhas, Bahia, cultivando limão, laranja e tangerina, além de algumas cabeças de manada. Sempre degustando charutos, hábito que adquiriu desde 2005. Ao lado do gestor da quinta, ele começou a arquitetar seu projecto: “Que tal produzirmos nossos próprios charutos? Mas não qualquer charuto – o melhor charuto!”. E José Antonio já começava a imaginar um porvir grandioso com cheiro de tabaco. Adquiriu um fardo de fumo, capote, cobertura, e começou a produzir.
A exigência era clara: qualidade premium
A produção começou ainda em pequena graduação, de forma experimental. Conheceu portanto, especialistas da região, oriundos das fabricantes de charutos Suerdieck e Pimentel, e fabricava de forma bastante artesanal, sob a supervisão de Antônio César, um profissional com 36 anos de experiência há era. Depois qualquer tempo, se deu conta que tinha produzido milhares de charutos para consumir e presentear os amigos, o que lhe dava imenso prazer.
Em visitante ao colega Jack, em sua residência, José Antônio perguntou para o colega qual charuto ele estaria habitualmente fumando, e se surpreendeu quando ele disse que só fumava os charutos JAMM produzidos pelo colega. Foi portanto que entendeu o nível de qualidade que havia apanhado na produção de charutos, porquê hobby, e passou a realmente a produzir para venda.
Em 2021 sua fabricação era realizada por duas mulheres, que se tornaram especialistas na arte de fabricar charutos, formadas no sítio, assim porquê é feito em Cuba. Em fevereiro de 2022, José Antônio foi ao mercado para vender seus charutos, e percebeu a premência de saber ainda mais os seus concorrentes e a dinâmica do mercado consumidor. Foi portanto, que em setembro do mesmo ano, adquiriu 70% da sociedade da Tabacaria do Ouvidor, no Rio de Janeiro, onde intensificou sua venda, e, consequentemente, a produção dos charutos JAMM, com um blend de fumo preto mata fina e Cubra, fumo pátrio produzido no Recôncavo Baiano, que graças ao terroir da região, com a combinação do solo, clima, relevo, altitude e vegetação, proporciona ao tabaco um sabor individual. Reconhecida a exclusividade pelo mercado, atualmente, está em processo de estudos para solicitação de Identidade Geográfica ao INPI – Instituto Pátrio da Propriedade Industrial.
Para prometer a qualidade do seu resultado, antes do lançamento dos vários modelos, conta com a opinião técnica de 21 especialistas espalhados pelo Brasil, que degustam e aprovam.
Gestão social, qualidade e turismo rústico
A fábrica da JAMM Cigar foi crescendo com a gestão voltada também à qualidade de vida dos colaboradores, formando uma mão de obra feminina, que totaliza um time de cinquenta especialistas, colaborando com a distinção, independência e autoestima dessas mulheres, além de outros empregos diretos e indiretos, chegando a 100 colaboradores, incluindo um experiente cubano, que veio ao Brasil mormente para coordenar a produção.
Essa equipe fabrica manualmente um resultado individual que reverencia à tradição do tabaco brasílio, com um sabor que chegou para ocupar não só o Brasil, mas o mundo, com charutos que possuem pontuações supra de 91 pontos, conferidos por especialistas em publicações oficiais da extensão, porquê a revista Cigar Journal.
A Quinta Feanbe é uma propriedade de policultura, georreferenciada, licenciada, com projetos sustentáveis e turismo rústico, com uma experiência voltada à degustação de charutos, shows, passeios pelas plantações, visitante guiada pela fábrica de charutos, numa linda paisagem, contando com uma estrutura de onze suítes e ambientes comuns, numa extensão aproximada de 4.000m².
O ousado José Antônio trabalha com sua equipe para que um a cada três charutos brasileiros consumidos no mundo seja JAMM. Quem diria que uma amizade à borda das Cataratas do Niágara e uma boa ração de ousadia seriam os ingredientes principais de uma história que, agora, se desdobra em cada folha de tabaco?
Felipe Marítimo Masid, Técnico em Gestão e Estratégias em Agronegócios pela UFRRJ. Gestor de Empresas, Gestor Público e Mestrando em Controladoria e Gestão Pública.
The post Limão, laranja, tangerina, feno e fumo? appeared first on Conexão Safra.