A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, gastou R$ 60 mil em passagens para um evento sobre nutrição em Paris, de onde pousou vinda de Tóquio. O custo para os cofres do governo inclui o retorno dela a Brasília. Esse valor, conforme informa o jornal O Estado de S. Paulointegra os gastos da comitiva oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na viagem ao Japão e ao Vietnã, realizada no final de março.
A comitiva foi composta por pelo menos 220 pessoas, além do presidente e da primeira-dama. O custo mínimo da viagem foi de R$ 4,54 milhões, sendo que o valor total ainda é desconhecido, mais de um mês depois.
O Estadão compilou a lista de integrantes da comitiva utilizando informações do Diário Oficial da Uniãodo Painel de Viagens e de ordens bancárias (OBs) consultadas através do Siga Brasil, do Senado Federal.
A Secretaria de Comunicação (Secom) recusou-se a fornecer informações detalhadas sobre o número de viajantes e os gastos totais. Segundo o órgão, a lista de autoridades da comitiva oficial foi publicada no Diário Oficial da Uniãoenquanto as listas das comitivas técnicas e de apoio são classificadas como “sigilosas”, com possibilidade de omissão por até cinco anos.
O Painel de Viagens, mantido pelo Ministério do Planejamento, e o Portal da Transparência ainda não disponibilizam informações completas sobre todos os viajantes. O pagamento de diárias e passagens de servidores é regulamentado por um decreto de 1985, que estabelece um prazo máximo de 30 dias para a prestação de contas.
Esta foi a maior comitiva presidencial identificada no terceiro mandato de Lula. Em setembro do ano anterior, para a 79.ª Assembleia-Geral da ONU em Nova York (EUA), o presidente levou pouco mais de 100 pessoas, incluindo assessores e autoridades.
Na lista de autoridades que acompanharam Lula estavam o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o vice-presidente da Câmara, deputado Elmar Nascimento (União-BA), e os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Mauro Vieira (Relações Exteriores).
Janja viajou antecipadamente em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB), juntamente com o Escalão Avançado (Escav), responsável pela preparação da chegada do presidente. Em entrevista à BBC News Brasil, Janja justificou a viagem antecipada como uma medida de economia de passagens aéreas e mencionou sua hospedagem na residência do embaixador. Ela também afirmou que não houve falta de transparência em suas viagens.
Segundo notas bancárias do Siafi, 112 pessoas fizeram parte do Escalão Avançado da viagem ao Japão e ao Vietnã. A maioria era composta por militares, integrantes do GSI e do Itamaraty, mas também incluía o fotógrafo de Lula, Ricardo Stuckert, parte da equipe do “gabinete informal” de Janja e a médica Ana Helena Germoglio, que atende o presidente.
Além das diárias e passagens, a viagem gerou outros custos. Foram gastos R$ 77.903,80 em pernoites no hotel Crowne Plaza, em Anchorage, no Alasca (EUA), local de escala dos voos da FAB. O governo também desembolsou R$ 397,8 mil para aluguel de veículos com motorista para a comitiva de apoio ao pouso técnico do avião presidencial em Anchorage, através da empresa BAC Transportation LLC.
Além de Janja, ex-ministro integrou comitiva
Márcio Fernando Elias Rosa, número 2 do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), foi o que até agora teve gastos maiores na viagem ao Japão, num total de R$ 112,2 mil. Um dos voos do ministro, pela Qatar Airways, custou R$ 48,1 mil. Ele também recebeu diárias de R$ 22,2 mil.
Ex-ministro das Comunicações, o deputado federal Juscelino Filho (União-MA) vem em seguida, com R$ 99,6 mil gastos – a viagem ao Japão foi a última missão oficial dele no cargo.
A viagem foi a última do então ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União-MA) como representante do governo. Uma semana depois da viagem, em 8 de abril, ele pediu demissão do posto depois de ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por desvio de emendas parlamentares, em caso revelado pelo jornal. Além de Juscelino, viajaram dois assessores dele, ao custo de R$ 106,9 mil.
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O Ministério das Relações Exteriores (MRE) foi o órgão com o maior número de representantes na viagem ao Japão, com pelo menos 32 pessoas. O Gabinete Pessoal da Presidência enviou ao menos 27, o GSI 18, a Secom 16 e a Casa Civil 10.
A comitiva incluiu 11 representantes do Congresso e pelo menos 72 pessoas de órgãos ligados à Presidência da República.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou que a compra de passagens foi realizada por uma empresa contratada pelo governo depois de pesquisa de preços. “O valor final incluiu todas as despesas e abrange os trechos tanto até Tóquio como o retorno a partir de Hanói, Vietnã.”
Em 7 de abril, Lula viajou a Moscou, na Rússia, onde permaneceu até o dia 10. Essa foi a 29.ª viagem internacional do presidente em seu terceiro mandato.