A ingresso do 603º Batalhão do Corpo de Engenharia de Combate das Forças de Resguardo de Israel (FDI), na Síria, atingiu o ponto mais profundo de militares israelenses no país.
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As FDI alcançaram Tel Hadar, a 10 quilômetros da fronteira israelense e pouco mais de 20 quilômetros de Damasco. Ficaram assim, às portas da capital síria.
“Saímos de Al-Hiam na última quarta-feira para uma folga no fim de semana”, relatou o Capitão Uri Almog, comandante da companhia no 603º Batalhão, ao O Posto de Jerusalém.
“No sábado, recebi chamadas, e, na noite de sábado, toda a companhia já estava reunida nas Colinas de Golã. No domingo, estávamos em solo sírio.”
A irrupção das IDEconforme ele contou, o fez se lembrar da Guerra do Yom Kipur, depois de Israel ter sido atacada por Síria e Egito, em 6 de outubro de 1973. A guerra se encerrou em 25 de outubro seguinte.
Israel se recuperou e manteve suas posições iniciais depois de ter sido pego de surpresa. Segundo as FDI, na atual operação na Síria, os militares não buscam ocupar a região de forma permanente.
“Nossos soldados entendem a importância dessa missão e estavam animados — isso não é algo que se deve considerar garantido. Avançamos para capturar Tel Hadar sob a Brigada de Comando, mas o primeiro veículo a pisar na colina foi da Brigada 7. Esta é a entrada mais profunda das FDI na Síria. A última vez foi em 12 de outubro de 1973, quando as forças de Golani capturaram esta montanha.”
A iniciativa foi impulsionada pela queda da ditadura de Bashar al-Assad, que ficou por 24 anos no poder. Antes dele, seu pai, Hafez, havia permanecido porquê presidente por 30 anos, até a sua morte, em 2000.
Ó Publicar mencionou que, desde a Guerra do Yom Kipur, as FDI historicamente treinaram extensivamente para operações envolvendo postos avançados do tropa sírio.
Estes recebiam o sobrenome de Pitas Sírias por sua estrutura fortificada, cuja disposição e forma eram comparáveis ao famoso pão sarraceno, denominado pita.
Com o início da guerra na Síria, o país se tornou um entreposto importante para a estratégia do Irã guerrear Israel por meio do Hezbollah.
Militares da Guarda Revolucionária do Irã e membros do grupo terrorista se posicionaram em território sírio para dar suporte ao governo desde 2011, quando o conflito teve início.
E aproveitaram para guerrear alvos em Israel. O país judaico costumava retaliar com bombardeios a depósitos de armas e postos militares do Irã e aliados na Síria.
Risco de guerra entre facções
Nos últimos anos, porém, o foco se voltou para as ameaças vindas do Líbano e de Gazaque reduziram quase completamente a expectativa de manobras em território sírio.
“Não fomos treinados para cenários na Síria; aprendemos sobre Hezbollah e Hamas”, destaca Almog, sobre as movimentações mais recentes.
“Agora, mesmo sem inimigos presentes, o terreno em si apresenta desafios. Crescemos ouvindo histórias sobre obstáculos complexos, mas eles não eram tão difíceis quanto esperávamos. Nossos tratores podem lidar com tudo. Está claro que as defesas (sírias) não estavam bem mantidas em nosso setor.”
Para João Miragaya, historiador do Instituto Brasil-Israel, o momento é de mortificação. A tranquilidade e o silêncio na atual paisagem síria pode ser o prenúncio de uma guerra social entre várias facções terroristas.
O Hayat Tahrir al-Sham (HTS, em português Organização para a Libertação do Levante) assumiu o controle, mas todos os grupos que disputavam o poder podem iniciar o conflito. Inclusive o Estado Islâmico, que, mesmo enfraquecido, ainda se mantém em alguns locais.
“Esse é um risco real (de guerra)”, afirma Miragaya a Oeste.
“Primeiramente, os rebeldes não são um grupo homogêneo, muito pelo contrário: unem diversas correntes, que se diferenciam por etnia, religião e orientação política, e tinham como único objetivo em comum a oposição ao regime.”
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Por leste motivo, conta Almog, Israel decidiu tomar providências para evitar qualquer tipo de ataque vindo de território sírio.
“Daqui (Tel Hadar), você pode ver Damasco de um lado, as encostas do Monte Hermon de outro e os assentamentos do norte de Israel atrás de nós”, conta o militar israelense.
“No momento, estamos fortificando posições além da Linha Alpha (que separa parte das Colinas do Golã ocupada por Israel e uma zona desmilitarizada na Síria), ampliando o perímetro defensivo de Israel e protegendo os residentes das Colinas de Golã.”