A influenciadora do dedo Festi, que conta com mais de 1,2 milhão de seguidores no TikTok, foi cândido de uma ação no Ministério Público (MP) de São Paulo. Em vídeo publicado em seu perfil, nesta terça-feira, 12, a influencer defende que a população brasileira aponte um “fuzil na cabeça” de deputados que não assinaram a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe o termo da jornada de trabalho na graduação 6×1. Ela também incentivou o sequestro de parlamentares.
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“A população está muito mole”, começa Festi. “Por muito menos, a gente teria quebrado banco, botado fogo em ônibus, sequestrado deputado, eu queria tanto sequestrar um deputado do PL! Por que ninguém se organiza?”
Até a publicação desta reportagem, o vídeo conta com mais de 580 milénio visualizações na plataforma TikTok.
Em seguida, ela afirma que, se o povo elegeu seus representantes, eles devem ter o recta de cobrá-los — de uma maneira zero pacífica. “Nós botou [sic] os caras lá, a gente pode ir lá buscar, colocar na mala do carro e dar um rolê com eles”, defende. “Fuzil na cabeça e a porr* toda, se você não assinar a favor dessa merd* [a PEC 6×1], você morre.”
No vídeo do TikTok, a enunciação se encerra neste momento. No entanto, o vídeo completo pode ser encontrado em perfis que o publicaram na íntegra. Na sequência, Festi defende “botar fogo” em políticos.
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“Já passou da hora da gente pegar esses politicos, aí, esses deputados, essa porr* toda, senador, o caralh* a quatro que está montando aqui no nosso lombo, ganhando sei lá tantos mil reais por mês para trabalhar três dias por semana, pegar toda essa galera, amarrar em praça pública e botar fogo”, conclui a atriz.
@fes.ti_ GENTE
♬ som original – festi
A reportagem de Oeste entrou em contato com Festi por e-mail para maiores esclarecimentos, mas não houve resposta até a publicação da reportagem.
Ameaças a deputados contrários à PEC 6×1 viram cândido do MP
O vereador eleito de Curitiba Guilherme Kilter (Novo) entrou com uma ação no Ministério Público de São Paulo para investigar a influenciadora do dedo. Para ele, trata-se de um caso flagrante de incitação à violência e ameaças, “materializados por meio de proposta explícita de sequestro de parlamentar, menção ao uso de arma de fogo como instrumento de coação, ameaça direta de morte contra parlamentar e incitação à desordem pública e dano ao patrimônio público”.
Kilter defende que as declarações de Festi configuram os crimes de incitação à prática de outros crimes: sequestro e cárcere privado, roubo mediante sequestro e prenúncio. A ação se justifica pela sisudez do caso, que se configura porquê uma “coação direta a membros do Poder Legislativo Federal no exercício de suas funções constitucionais”, de negócio com o texto do porvir parlamentar curitibano, além da incitação explícita à prática de crimes graves.
“Recebi o vídeo de apoiadores e eleitores que não concordam com essa fala e se sentem atacados, e não podemos deixar isso assim”, disse o porvir vereador, em entrevista exclusiva a Oeste. “A direita tem sido atacada por essa turma da esquerda há anos e toma poucas atitudes em relação a isso.”
Ou por outra, ainda alega que trata-se de uma teorema do uso de violência porquê meio de interferência no processo legislativo democrático, visto que é recta de cada deputado se posicionar da forma que melhor entender.
O documento ainda defende que o caso configura um atentado direto contra um dos Poderes da República, com potencial desestabilização do Estado Democrático de Recta.
“Imagine se fosse um influenciador conservador falando para sequestrarem um deputado do PT e queimar em praça pública, o que fariam com ele?”, indaga Kilter. “Opinião é uma coisa, e todos devem ter a liberdade de expressar a sua, mas isso passa do limite da lei e se torna uma possível incitação a crimes reais.”
O texto apresentado ao MP solicita a identificação imediata da autora das declarações por meio de ofício enviado às redes sociais. A possibilidade de monetização do teor, ou seja, remuneração por segmento das plataformas, também estará sob estudo do Ministério Público, caso o pedido seja aceito. A verificação de outras manifestações parecidas e uma verosímil pronunciação com outros indivíduos também deve ser avaliada.
Por termo, o documento pede a instauração de uma investigação criminal que apure a eventual prática do violação de incitação à prática de outros crimes, muito porquê outros dispositivos do Código Penal que possam ser identificados no curso das investigações. Na última sexta-feira, 8, Festi publicou um vídeo em que diz que acordou com a vontade de perseguir o ex-presidente Jair Bolsonaro, na rua, aos gritos.
Ainda que a influenciadora também seja atriz, Kilter considera que o vídeo se tratar de uma versão está fora de cogitação. “Duvido que ela estava atuando ao gravar esse vídeo, não só pela sua visível ira e ódio, mas também por ter outros posts com posicionamentos políticos semelhantes.”
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