O governo dos EUA vai enviar auditores ao Brasil para inspecionar detalhadamente as condições sanitárias e de infraestrutura de dezenas de frigoríficos brasileiros atualmente autorizados a exportar carne bovina e suína para o país.
A visita dos representantes do governo está agendada para ocorrer entre 5 e 16 de maio, com uma passagem por Brasília e fiscalizações em frigoríficos, unidades de certificação e laboratórios do Ministério da Agricultura e Agropecuária em diversos Estados. Haverá uma reunião virtual em 22 de maio para apresentação dos resultados.
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O Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar (FSIS), órgão do Departamento de Agricultura dos EUA responsável por garantir a segurança, rotulagem e embalagem adequada de carnes, aves e ovos antes de seu consumo ou exportação, pediu a auditoria no início do ano.

O objetivo da inspeção é verificar se o sistema sanitário brasileiro continua equivalente ao norte-americano — uma exigência técnica para que os produtos brasileiros permaneçam aceitos no mercado dos EUA. Atualmente, 54 frigoríficos brasileiros estão habilitados a exportar para os EUA, entre eles JBS, Marfrig, Minerva, Frisa e Aurora.
As unidades de certificação com potencial envolvimento nas ações de exportação para os EUA somam 53 escritórios descentralizados do Ministério da Agricultura do Brasil, que atuam no âmbito do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Essas divisões supervisionam e coordenam os serviços de inspeção federal nos frigoríficos e emitem certificados sanitários internacionais.
A inspeção norte-americana também deve abranger os Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA), centros científicos que verificam a presença de resíduos químicos nas carnes, como antibióticos, pesticidas, hormônios, ou contaminantes microbiológicos, como a salmonella.


EUA suspendeu importações de frigoríficos do Brasil em 2017
No comércio global de carnes, o Brasil é mais concorrente que fornecedor dos EUA. Em 2024, os produtores nacionais exportaram US$ 945 milhões em carne bovina para os norte-americanos — aumento de 104% em relação a 2023. No entanto, o volume de carne representa apenas 2,3% do total de produtos exportados do Brasil para os EUA.
O Brasil lidera o mercado mundial de carne bovina, com cerca de 25,5% das exportações globais, seguido por Austrália, Índia e Estados Unidos. Já na carne suína, os EUA são os maiores exportadores, seguidos pela União Europeia e pelo Brasil.
O pedido de auditoria não está ligado a alguma irregularidade prévia ou pendência de auditorias anteriores. Esse tipo de procedimento geralmente é feito com intervalo de dois a três anos. O país já foi auditado diversas vezes pelo FSIS.
Em 2017, os EUA chegaram a suspender a entrada de carne fresca bovina brasileira diante da constatação de não conformidades sanitárias por uma auditoria. A reabertura ocorreu depois da implantação de mudanças e de uma auditoria de revalidação.
Nesta semana de saúde pública, explore o trabalho crítico do FSIS, onde todas as inspeções, pedaços de pesquisa e esforço global contribuem para a saúde pública. 1/6 pic.twitter.com/dgqi4fgohs
– Serviço de Segurança e Inspeção de Alimentos do USDA (@USDAFOODSAFETY) 7 de abril de 2025
Associação de produtores brasileiros diz que inspeções são rotineiras
O Ministério da Agricultura não comentou a auditoria marcada para maio até o momento. Também não houve posicionamento da Associação Brasileira de Frigoríficos nem da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos. Já a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes afirmou que a auditoria é parte do processo técnico de equivalência entre os sistemas de inspeção dos dois países.
“O setor recebe com total transparência e naturalidade mais essa etapa e reforça sua confiança na solidez do sistema brasileiro de inspeção e no compromisso com padrões internacionais de qualidade e segurança alimentar”, declarou a associação.
Segundo a Abiec, desde a reabertura do mercado em 2017, o Brasil já foi auditado em 2017, 2019, 2020 e 2022, sem que isso implicasse sanções ou identificação de não conformidades. “A ação ocorre, em média, a cada dois anos, com foco na verificação de procedimentos técnicos e laboratoriais, como parte do protocolo de manutenção do comércio entre os países.”