O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) disse nesta terça (12) que o governo ainda não discutiu um posicionamento sobre a redução da jornada de trabalho 6×1, que tomou conta das redes sociais desde o final de semana. A proposta da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) prevê a adoção de uma graduação 4×3, em que se baseou em experiências de outros países, mas sem estudos de impacto econômico da verdade brasileira.
Para Alckmin, leste debate deve ser feito pela sociedade e pelo Congresso, indicando que o governo pode não entrar nessa discussão. Porquê ele é também ministro do Desenvolvimento, a pasta pode ser diretamente cobrada pelo setor produtivo por uma mudança na legislação.
“Isso não foi ainda discutido, mas acho que é uma tendência no mundo inteiro. À medida em que a tecnologia avança, você pode fazer mais com menos pessoas, você ter uma jornada menor. Esse é um debate que cabe à sociedade e ao parlamento a sua discussão”, disse.
VEJA TAMBÉM:
-
Senado instala CPI das “bets” para investigar plataformas e influenciadores
Alckmin está chefiando a comitiva brasileira na COP-29, no Azerbaijão, que teria inicialmente o comando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, por justificação do acidente doméstico sofrido no mês pretérito no Palácio da Alvorada, ele foi impedido de viajar de avião – liberado pelos médicos desde o último domingo (10).
Por outro lado, a proposta tem base dentro do governo. O ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Informação Social (Secom), mais próxima de Lula, afirmou que já teria assinado a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) se estivesse atuando no Congresso.
“A proposta de alterar escala 6×1 tem meu apoio. Toda iniciativa que tem por objetivo melhorar as condições de trabalho e a vida da classe trabalhadora terá sempre nosso apoio. Se eu estivesse na Câmara já teria assinado a PEC. Temos uma luta histórica em defesa da redução da jornada de trabalho”, disse nas redes sociais.
A fala, no entanto, bate de frente com outro ministro de Lula, Luiz Pelágico (Trabalho e Tarefa). Também pelas redes sociais, ele disse que a discussão deveria ser tratada em convenções coletivas. “A pasta considera que a redução da jornada de 40 horas semanais é plenamente possível e saudável, diante de uma decisão coletiva”, emendou.
A proposta da deputada sugere uma diferença constitucional no cláusula 7ª, e precisa de base de 171 parlamentares para ser efetivada. O ministério passou a ser criticado nas redes sociais por não concordar a mudança.
“O Ministério do Trabalho e Emprego-MTE tem acompanhado de perto o debate sobre o fim da escala de trabalho 6×1. Esse é um tema que exige o envolvimento de todos os setores em uma discussão aprofundada e detalhada, levando em conta as necessidades específicas de cada área, visto que há setores da economia que funcionam ininterruptamente”, completou.
Erika Hilton propôs a mudança porquê uma forma de provocação ao Congresso frente a uma “condição do trabalhador extremamente sucateada”. A parlamentar, no entanto, sequer apresentou um impacto econômico da verdade brasileira com a mudança, e disse que unicamente se baseou no que outros países vêm adotando.
Além de impactar a produtividade das empresas, a redução da jornada com a manutenção da remuneração, conforme consta na PEC, pode, inclusive, ter efeitos adversos para a produtividade das empresas e, até mesmo, pressionar a inflação.
Em suas redes, a deputada afirma que a graduação 6×1 “tira do trabalhador o direito de passar tempo com sua família, de cuidar de si, de se divertir, de procurar outro emprego ou até mesmo se qualificar para um emprego melhor”. “A escala 6×1 é uma prisão, e é incompatível com a dignidade do trabalhador”, escreveu.
leia o artigo original em www.gazetadopovo.com.br