O Google, através de sua controladora Alphabet, anunciou nesta segunda-feira, 31, a aquisição da empresa israelense de cibersegurança Wiz por US$ 32 bilhões. A transação é a maior da história envolvendo uma empresa de tecnologia de Israel. E faz parte de um projeto do Google de consolidar sua posição no competitivo mercado de computação em nuvem.
+ Leia mais notícias de Tecnologia em Oeste
O contexto de crescente competição envolve gigantes como Amazon e Microsoft, que disputam a liderança. A compra da Wiz permite ao Google, que já tem plataformas no Google Cloud, aprimorar sua capacidade de atuar neste setor.
“Wiz e Google Cloud são ambos impulsionados pela crença de que a segurança na nuvem precisa ser mais fácil, mais acessível, mais inteligente e democratizada, para que mais organizações possam adotar e usar a nuvem e a IA com segurança”, declarou Assaf Rappaport, cofundador da Wiz, em nota.
“Tornar-se parte do Google Cloud é efetivamente colocar um foguete em nossas costas: acelerará nossa taxa de inovação mais rápido do que o que poderíamos alcançar como uma empresa independente.”
A escolha de uma empresa israelense para o fornecimento do serviço também reflete o potencial do ecossistema de inovação do país, mesmo em um contexto de desafios regionais a partir da guerra na Faixa de Gaza.
A captação de recursos se manteve em um nível suficiente para que o setor não sucumbisse. Foram arrecadados, em 2024, US $ 7,8 bi, algo próximo dos US$ 8,2 bi arrecadados antes da guerra, segundo a Startup Nation Central.
Há, no entanto, um fenômeno desafiador, que são os deslocamentos das atividades de muitas empresas para fora do país. Esse movimento, porém, não é suficiente para afastar investidores estrangeiros em busca de serviços de alta tecnologia. Foi o caso da Google em relação à Wiz.
“Hoje, empresas e governos que operam na nuvem estão buscando soluções de segurança ainda mais fortes e maior escolha em provedores de computação em nuvem”, afirmou Sundar Pichai, CEO do Google. “Juntos, Google Cloud e Wiz turbinarão a segurança aprimorada na nuvem e a capacidade de usar múltiplas nuvens.”
Fundada em 2020, a Wiz rapidamente se tornou uma força dominante no campo da segurança em nuvem.
“A aquisição da Wiz destaca a capacidade de Israel em fomentar empresas de tecnologia inovadoras que atraem investimentos significativos de gigantes globais”, afirma a Oeste Juliana Kraiser, diretora da Câmara de Comércio Brasil-Israel (Bril Chamber).
“Essa transação evidencia uma tendência comum no ecossistema tecnológico israelense, onde startups emergem com soluções disruptivas e são adquiridas por grandes empresas internacionais por valores expressivos.”
Empresas de grande porte, como Slack, Mars, BMW, DocuSign, Plaid e Agoda, utilizam a Wiz para proteger seus dados e infraestrutura na nuvem, que abrange plataformas como Amazon Web Services (AWS), Microsoft Azure e Oracle Cloud.
A aquisição da Wiz também demonstra que o setor de tecnologia de Israel continua forte. O país, conhecido por sua cultura de inovação e empreendedorismo, se manteve, mesmo em meio à guerra, produzindo empresas de alto crescimento que atraem investimentos globais.
A transação recorde da Wiz, mesmo em um momento desafiador, superou a compra da israelense Mobileye pela Intel em 2017 por US$ 15,3 bilhões.
Rápido crescimento da Wiz
O rápido crescimento da Wiz uniu a amizade dos quatro fundadores às oportunidades geradas por Israel no setor. Além de Rappaport, a empresa foi criada por Yinon Costica, Ami Luttwak e Roy Reznik.
Os fundadores eram amigos deste a juventude e, formados em engenharia, trabalharam em empresas com perfis semelhantes. Todos eles atuaram ainda como engenheiros de software da Forças de Defesa de Israel (IDF), momento no qual decidiram iniciar um projeto em conjunto.
A equipe se conheceu no programa Talpiot, de Israel, um dos grupos militares e intelectuais mais elitizados do país. Em 2012, fundaram a Adallom, uma pioneira em Cloud Access Security Brokerage, ajudando empresas a proteger dados em aplicativos SaaS.
Leia mais: “Mulher volta a falar com um chip no cérebro”
Em 2015, a Adallom foi adquirida pela Microsoft, o que deu mais recursos para a pesquisa dos empreendedores.
Ao criarem a Wiz, na base da confiança mútua, já tinham estofo suficiente para expandir em larga escala, conforme ressalta Juliana, da Bril.
“A trajetória da Wiz, que em apenas cinco anos alcançou uma avaliação bilionária, reflete o dinamismo e a eficiência do setor de tecnologia em Israel.”
