O general Valério Stumpf, que foi superintendente do Estado-Maior do Tropa no governo Bolsonaro, demonstrou indignação em seguida saber que era visto uma vez que um informante do ministro Alexandre de Moraes nas Forças Armadas. A Polícia Federalista apontou que Stumpf foi um dos comandantes que resistiu a suposta tentativa de golpe de Estado.
A PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-ministro e general Walter Braga Netto e outras 35 pessoas – entre elas militares, ex-ministros e aliados – na investigação. Tanto Bolsonaro quanto Braga Netto negam qualquer irregularidades. Em 2022, Stumpf mantinha contato com Moraes, que era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para discutir medidas de segurança do processo eleitoral.
“A minha interlocução era com a Secretaria-Geral do TSE. Algumas pessoas que não sabiam de nada e distorceram tudo. Alimentaram a versão de que eu seria ‘informante’, uma espécie de ‘leva e traz’, uma coisa bandida. Isso nunca aconteceu. O contato era institucional”, disse o general, nesta quinta-feira (5), em entrevista à poste de Paulo Cappelli, no portal Metrópoles.
“Defendi a democracia em tempos complexos. Tenho orgulho de ter agido de forma leal ao comandante do Exército e ao Exército Brasileiro”, ressaltou. Ele destacou que toda a notícia com o TSE era informada ao logo comandante do Tropa, general Freire Gomes. Atualmente, Stumpf está na suplente e é presidente da Poupex, associação das Forças Armadas que oferece crédito habitacional a militares.
Oficiais do Cume Comando foram chamados de “melancia”
Em novembro de 2022, oficiais-generais da ativa e da suplente foram chamados de “comunistas” e “melancias” (verdejante por fora e vermelho por dentro) em aplicativos de mensagens e nas redes sociais. Eles foram. O portal Metrópoles relatou que a filha de Stumpf chegou a ouvir que o pai era um “traidor da Pátria”.
Menções críticas a ele foram recuperadas pela PF em mensagens de investigados no questionário que apura a suposta trama golpista. “Vergonha eterna desses integrantes do ACE [Alto-Comando do Exército]”, escreveu um militar a outro colega de farda. “Vamos deixar esse general melancia famoso”, dizia a postagem de um social com a foto de Stumpf em uma rede social.
“Tais publicações têm se caracterizado pela maliciosa e criminosa tentativa de atingir a honra pessoal de militares com mais de quarenta anos de serviços prestados ao Brasil, bem como de macular a coesão inabalável do Exército de Caxias”, dizia o Tropa em um trecho do informe que circulou à era.
Militares que resistiram à tentativa de golpe, segundo a PF
Além de Stumpf, a PF sustenta que os comandantes do Tropa, general Freire Gomes, e da Aviação, tenente-brigadeiro, Baptista Júnior, também foram alvos de uma “milícia digital” por terem se posicionado contra o suposto golpe. A domínio policial apontou que exclusivamente o logo comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, teria concordado com o golpe.
“Os elementos de prova obtidos, tais como mensagens de texto e depoimentos dos então Comandantes da Aeronáutica e do Exército prestados à Polícia Federal, evidenciam que o então Comandante da Marinha do Brasil, almirante Almir Garnier, foi o único dentre os três a aderir ao plano que objetivava a abolição do Estado Democrático de Direito”, diz o relatório da PF.
Depois o indiciamento, a resguardo de Garnier reiterou a “inocência” do almirante. “Em relação ao indiciamento do Almirante Almir Garnier, a defesa reitera a inocência do investigado, esclarecendo que ainda não teve acesso integral aos autos”, dizia a nota do jurisconsulto Demóstenes Torres divulgada no dia 21 de novembro.
De harmonia com a PF, além de Stumpf, Freire Gomes e Baptista Júnior, outros membros do Cume Comando também se recusaram a participar da tentativa de golpe em 2022:
- Tomás Paiva: logo superintendente do Comando Militar do Sudeste e atual comandante do Tropa;
- Richard Nunes: logo superintendente do Comando Militar do Nordeste e atual superintendente do Estado-Maior do Tropa;
- André Luís Novaes de Miranda: logo superintendente do Comando Militar do Leste e atual comandante de Operações Terrestres (COTER);
- Guido Amin Naves: logo superintendente do Departamento de Ciência e Tecnologia da Força Terrestre, atual superintendente do Comando Militar do Sudeste. No início deste mês, ele foi indicado por Lula para o missão de ministro do Superior Tribunal Militar.
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