As Forças Armadas fizeram homenagens em diversas cidades aos Pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB) nesta quinta-feira (8) no Dia da Vitória na Europa na Segunda Guerra. Enquanto isso, membros do PT, diplomatas da Rússia, de Cuba e da Venezuela e o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva reverberam ações de propaganda de Moscou sobre o Dia da Vitória na Grande Guerra Patriótica – nome dado pelos russos para a Segunda Guerra Mundial.
O Dia da Vitória na Europa marca a data em que foi divulgada a rendição das tropas nazistas às forças aliadas na catedral de Reims em 8 de maio de 1945. A data foi comemorada nas capitais europeias com grandes festividades. No Brasil, foi marcada por cerimônias militares realizadas pelas Forças Armadas por todo o Brasil. As principais ocorreram no Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Rio de Janeiro, e na Praça dos Heróis da FEB, em São Paulo. O Exército também divulgou um vídeo comemorativo.
Nesta semana, a embaixada da Rússia e organizações civis pró-Moscou tentaram associar sua imagem aos combatentes brasileiros com diversos eventos. O principal deles foi organizado pelo deputado petista Delegado Marici na Assembleia Legislativa de São Paulo no último dia 5. Estavam presentes representantes consulares da China, da Venezuela e de Cuba.
O grupo também organizou marchas pró-Rússia no Rio de Janeiro, Brasília, Minas Gerais e em uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. Os participantes, alguns deles descendentes de cidadãos das ex-repúblicas soviéticas, foram orientados a levar fotos de familiares que combateram, além de bandeiras da União Soviética, da Rússia e da Força Expedicionária Brasileira.
As ações ocorrem em um momento em que o presidente Lula se prepara para participar de uma grande parada militar em Moscou ao lado de ditadores e autocratas, como Nicolás Maduro, da Venezuela, Xi Jinping, da China, Miguel Días-Canel, de Cuba, e Vladimir Putin, da Rússia.
“O Brasil não lutou na frente russa. E antes de declarar guerra às potências do Eixo, estava alinhado com as democracias ocidentais, enquanto a União Soviética permanecia mancomunada com a Alemanha nazista por conta do infame pacto Molotov-Ribbentrop”, disse o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) em sessão plenária nesta quinta-feira (8). Ele se referiu a um protocolo secreto no qual os nazistas e os soviéticos combinaram a divisão da Europa em esferas de influência.
“Como é perigosa essa atitude do nosso presidente, reitero, comandante em chefe das Forças Armadas. Reiterada nessa viagem despropositada, comprometendo o futuro do país, daqui por diante passível de ser tomado como aliado de autocratas assassinos, inimigos da paz mundial, da liberdade dos povos e dos direitos humanos”, disse Mourão.
O senador disse que Lula esqueceu dos pracinhas brasileiros e que deveria ter ficado no Brasil para homenageá-los em 8 de maio ao invés de ir “a uma comemoração em Moscou com a qual nada temos a ver, a começar pela data: dia 9”, disse.
Mourão contou que seu pai lutou entre os 25 mil Pracinhas enviados à Itália. Ele lembrou que naquela época as tropas brasileiras lutaram contra os nazistas ao lado de americanos, poloneses, tchecos, gregos e combatentes das colônias britânicas. Não houve operações conjuntas da FEB com os soviéticos.
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Cerimônias militares marcam campanha da FEB
Na praça dos Heróis da FEB, em São Paulo, o comandante militar do Sudeste, general Pedro Celso Coelho Montenegro, depositou coroas de flores aos Pracinhas que participaram da guerra. Ele discursou e lembrou que a FEB foi formada pela Marinha do Brasil, pelo 1º Esquadrão de Aviação de Caça, do 1º Esquadrão de Observação e Ligação e pela Divisão de Infantaria Expedicionária. Ele fez um resumo da campanha brasileira:
“As façanhas da FEB na campanha da Itália são testemunhos eloquentes da bravura e da competência de nossas Forças Armadas. Desde o desembarque do primeiro escalão, chefiado pelo general Zenóbio da Costa, em julho de 1944, até as derradeiras batalhas de abril de 1945, nossos soldados enfrentaram condições adversas e um inimigo aguerrido, com determinação inabalável”, disse.
“Após um breve período de aclimatação, a FEB, liderada pelo general Mascarenhas de Moraes, iniciou as operações substituindo unidades norte-americanas na desafiadora Linha Gótica. A partir daí, os combates se sucederam e as primeiras conquistas foram assinaladas: Massarosa, Camaiore, Monte Prano, Fornaci foram determinantes para a consolidação de posições estratégicas preparando o terreno para as futuras ofensivas aliadas”, disse.
“No prosseguimento, a tomada de Monte Castelo em 21 de fevereiro de 1945 foi um dos mais notáveis feitos das nossas armas. Esse êxito abriu caminho para o avanço aliado rumo a Bolonha. As vitórias subsequentes em Monte Belvedere, Castelnuovo e Montese foram seguidas pela audaciosa manobra que resultou na rendição da 148ª Divisão de Infantaria Alemã, da divisão italiana Bersaglieri e da 90ª divisão Panzer em Fornovo de Itália.
“O que estamos aqui fazendo é resgatar a memória. Nós precisamos ter forças armadas para dar respaldo à classe política no cumprimento da sua missão constitucional que é a defesa da Pátria, da nossa soberania”, disse o general.
Diplomatas europeus compareceram à cerimônia para homanagear os Pracinhas com uma coroa de flores. Entre eles estavam o cônsul ucraniano, Jorge Rybka, e sua esposa, Márcia. “Os pracinhas tiveram um papel muito importante. Defenderam os mesmos ideiais que a Ucrânia defendia, defende e defenderá: a liberdade dos povos”, disse.
“O dia da vitória é o dia 8, onde a Europa juntamente com os Estados Unidos comemoram o encerramento da Segunda Guerra. Hoje {{aqui}} no Brasil sim homenageando os herois brasileiros. Entre esses 25 mil expedicionários temos mais de 200 de origem ucraniana. São descendentes de ucranianos que lutaram na Itália pelo Brasil. A Ucrânia os reconhece também”, afirmou.