Na denúncia apresentada nesta terça-feira, 18, contra 34 pessoas, por suposta tentativa de golpe de Estado, o procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, acusou Filipe Martins de apresentar e sustentar “o projeto de decreto que implementaria medidas excepcionais no país”. O documento faria parte do que seria uma ruptura institucional.
Agora, o Supremo Tribunal Federal vai decidir se aceita a denúncia ou não. Gonet se baseou no relatório da Polícia Federal (PF), que indiciou várias pessoas. As investigações da PF tiveram como alicerce a delação do tenente-coronel Mauro Cid.
Conforme o PGR, Martins participou de uma reunião com o então presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto, em 18 de novembro de 2022, para discutir “os termos do decreto golpista”. “Com o decreto em elaboração, era necessário garantir a adesão do Alto Comando do Exército às iniciativas golpistas”, informou Gonet.
De acordo com Gonet, em um encontro em dezembro daquele ano, Martins mostrou o texto para os comandantes Freire Gomes (Exército) e Almir Garnier (Marinha) e para o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. O papel do ex-assessor na “trama” seria o de secretário de Relações Institucionais.
Em virtude da suposta participação de Martins no que seria um plano de golpe, Gonet o acusou de: organização criminosa armada (art. 2º, caput, §§2º e 4º, II, da Lei n. 12.850/2013), tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L do CP), golpe de Estado (art. 359-M do CP), dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima (art. 163, parágrafo único, I, III e IV, do CP), e deterioração de patrimônio tombado (art. 62, I, da Lei n. 9.605/1998), observadas as regras de concurso de pessoas (art. 29, caput, do CP) e concurso material (art. 69, caput, do CP).
Nota da defesa de Filipe Martins
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“Após ser preso por uma ‘viagem inexistente’, Filipe Martins foi denunciado por uma ‘minuta fantasma’, cuja existência nunca foi provada por ninguém e que só esteve presente nos devaneios mentirosos de um tenente-coronel delator e de uma polícia em desgraça.
Sem individualizar qualquer conduta concreta atribuível a Filipe (a não ser as palavras do delator) e falhando nos requisitos mais básicos do Direito Penal, o procurador-geral da República encampa, sem pudor, as fábulas do delator e da PF, confirmando sua submissão absoluta à única autoridade brasileira que repetidamente tem atentado contra a democracia, a Constituição Federal e as liberdades fundamentais: o ministro Alexandre de Moraes, que converteu o ordenamento jurídico brasileiro num espetáculo grotesco de arbitrariedade e num instrumento de perseguição política.
A defesa de Filipe Martins repudia veementemente a condução suspeita desse processo, a manipulação realizada durante as investigações (como o uso de uma viagem forjada para ocasionar uma prisão e tentar forçar uma delação) e as acusações infundadas do PGR, e demonstrará, junto ao seu cliente, não apenas que tudo é falso, mas também que tudo é nulo desde o princípio.
Filipe Martins não aceitará essa violência política calado. Ele enfrentará seus algozes, exigirá acariação com Mauro Cid, denunciará todas essas ilegalidades para os tribunais internacionais e desmontará essa farsa com os fatos, certo de que, ao final, provará que tudo não apenas é falso, mas também nulo desde a origem.
O lawfare escancarado será esmagado, a perseguição política será desmascarada, e a verdade prevalecerá”.
Lista de denunciados
Além de Bolsonaro, Gonet denunciou as seguintes pessoas:
- Ailton Gonçalves Moraes Barros;
- Alexandre Rodrigues Ramagem;
- Almir Garnier Santos;
- Anderson Gustavo Torres;
- Ângelo Martins Denicoli;
- Augusto Heleno Ribeiro Pereira;
- Bernardo Romão Correa Netto;
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha;
- Cleverson Ney Magalhães;
- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira;
- Fabricio Moreira de Bastos;
- Filipe Garcia Martins Pereira;
- Fernando de Sousa Oliveira;
- Giancarlo Gomes Rodrigues;
- Guilherme Marques de Almeida;
- Hélio Ferreira Lima;
- Marcelo Araújo Bormevet;
- Marcelo Costa Câmara;
- Márcio Nunes de Resende Júnior;
- Mário Fernandes;
- Marília Ferreira de Alencar;
- Mauro César Barbosa Cid;
- Nilton Diniz Rodrigues;
- Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho;
- Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira;
- Rafael Martins de Oliveira;
- Reginaldo Vieira de Abreu;
- Rodrigo Bezerra de Azevedo;
- Ronald Ferreira de Araújo Júnior;
- Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros;
- Silvinei Vasques;
- Walter Souza Braga Netto;
- Wladimir Matos Soares.
Leia também: “Em defesa do crime”, reportagem publicada na Edição 256 da Revista Oeste
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