Eles completariam 18 e 19 anos no último mês de outubro, mas morreram posteriormente serem baleados por um ex-aluno do Escola Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, no setentrião do Paraná, em 19 de junho de 2023. Luan Augusto e Karoline Verri Alves tornaram-se ícones para a juventude católica em todo o Brasil. Agora, as famílias das vítimas pedem indenização pelo ocorrido dentro da unidade escolar e pretendem utilizar o valor para a geração de um projeto social para jovens, adolescentes e crianças.
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A ação na justiça reivindica uma indenização de R$ 1.969.587,19 ao governo do Paraná, ao esgrimir que o poder público “tem o dever de zelar pela integridade física e moral” dos estudantes nos estabelecimentos escolares. O documento evidencia ainda a obrigatoriedade da presença de funcionários e de segurança nos ambientes escolares. As famílias das vítimas alertam para o que consideram porquê um esfriamento da discussão sobre o tema.
Dilson Antônio Alves, pai de Karoline, diz que não se pode medir a dor da perda com quantias financeiras. “Os valores não são significantes, comparados à ausência, que causa uma dor imensurável. Situações como essa não podem voltar a acontecer”, afirmou.
Caso recebam a indenização, as famílias querem iniciar um projeto em memória dos filhos. “Queremos investir na proteção aos menores. Temos um sonho de fundar uma escola com valores cristãos. Visitamos alguns colégios confessionais e amamos essa possibilidade. Podemos fazer essa indenização voltar à população com essa iniciativa”, disse o pai de Karoline.
Os familiares se manifestaram publicamente sobre o perdão aos envolvidos na morte dos jovens e entendem que o processo é mais uma lanço da perda. “A gente sabe que pode demorar mais de 10 anos. Nada justifica o que aconteceu. Nós demos o perdão aos assassinos. Os envolvidos vão responder pelo que fizeram, mas o Estado precisa arcar com sua responsabilidade. Houve mudança na segurança, mas o assunto não pode cair no esquecimento. Esse valor foi um cálculo feito pelo escritório de advocacia, com base no que nossos filhos viriam a produzir vivendo até os 77 anos, idade média do brasileiro”, explicou Alves.
A mãe de Karoline, Keller Verri Alves, planeja iniciar a produção de um livro para registrar a trajetória da vida cristã da filha, com a colaboração do repórter e colunista da Jornal do Povo Paulo Briguet. “Eu relutei em aceitar entrar com o processo, mas fui entendendo que assim como temos nossas obrigações com o Estado, o Estado tem a obrigação conosco. Eu me assustei com o valor, mas depois entendi que isso vai levar para frente o projeto da Karol, de ajudar as pessoas. Penso que assim, esse grande mal pode ser revertido em algo muito bom”, afirmou a mãe da jovem.
Os dois jovens eram membros ativos de um grupo de reza da Renovação Carismática Católica. Devotos continuam deixando recados em uma conta conjunta nas redes sociais e no túmulo de Karoline. Ela e Luan eram namorados e estavam juntos no recinto do escola estadual Helena Kolody, quando um jovem de 21 anos invadiu o estabelecimento, atirando. Em testemunho à polícia, o rapaz disse que escolheu as vítimas de forma aleatória. Ele teria disparado 16 vezes. Os dois jovens foram atingidos na cabeça.
Karoline morreu no sítio. Luan foi socorrido e levado para o Hospital Universitário de Londrina (HU), cidade próxima a Cambé, mas morreu na madrugada do dia seguinte. O delinquente foi contido por um varão que correu ao sítio mal ouviu os tiros.
O atirador foi recluso em flagrante e encontrado morto na quartinho, dois dias posteriormente o transgressão. Outras cinco pessoas foram presas, suspeitas de envolvimento no transgressão. Em nota, a Secretaria de Estado da informou que o estado do Paraná “é sensível à dor dos familiares de Karoline e Luan”. O governo do Paraná ainda não foi notificado sobre a ação, informa a pasta.
MP pede que envolvidos em mortes no escola de Cambé sejam levados a júri popular
A justiça determinou, no último dia 18, que a resguardo de três réus envolvidos no ataque contra os dois jovens no escola estadual Helena Kolody, de Cambé, apresentem as alegações finais no processo. O Ministério Público (MP) pediu que os envolvidos sejam levados a júri popular.
Os suspeitos respondem por incentivar o ataque em mensagens nas redes sociais e por duplo homicídio qualificado. Um dos réus é de Rolândia (PR) e tinha encontros frequentes com o atirador. Os outros dois são do ABC Paulista e de Pernambuco.
A pena pode chegar a 30 anos de prisão. O processo tramita sob sigilo de justiça.
Cronologia do caso ocorrido no Escola Estadual Helena Kolody
leia o artigo original em www.gazetadopovo.com.br