“Eu acredito que nós podemos chegar bem em 2026, espero que comendo até filé mignon” — Fernando Haddad, ministro da Quinta. A crise promete ser braba… até nossos ministros já planejam trocar o caviar e a lagosta habituais por filé mignon, que é mais em conta.
“Kleber BamBam antecipou o bolsonarismo em 16 anos. Primeiro campeão do BBB já tinha lançado a receita de tosquice, falta de cultura, arrogância e gosto pela polêmica” – Thiago Stivaletti, colunista da Folha de S. Paulo. É uma pena que lhe faltou a visão para comandar um esquema bilionário de lavagem de numerário, compra de parlamentares e fraude em licitações na estação. Teria gabaritado o perfil das principais lideranças políticas do país hoje.
“Lave a boca para falar do Sagrado Profeta. Não importa o que você acha do casamento com Aisha, que ele consumou após a menstruação dela” — Ricardo Almeida, membro do MBL, rebatendo acusações de que Maomé seria pedófilo por manter relações com moça de nove anos. Dá até saudade do tempo em que o pessoal do MBL minimizava o envolvimento com meninas pobres, mas pelo menos maiores de idade.
“Sabe o que me intriga? A inflação está sob controle. Você tem crescimento da renda e do emprego. Mas [há] uma má-vontade com o governo” — Julia Duailibi, apresentadora da GloboNews. Certamente essa má vontade é culpa dos fascistas da ultramegahiperextrema-direita e dos memes.
“Oriento a população que evite contrair qualquer doença que possa exigir assistência médica de emergência” – Antonio Torchia, prefeito de Belcastro, na Itália. O SUS italiano está anos-luz avante do nosso. Porquê é que nunca pensamos nisso?
“Não entra nessa gelada, você é um belo cantor, maravilhoso, todo mundo gosta de você. Não se meta no meio desses caras. Para entrar, tem que ter casca grossa” – José Luiz Datena, apresentador de TV e candidato fracassado à prefeitura de SP, aconselhando o cantor Gusttavo Lima a desistir da política. E olha que Datena nem mencionou a possibilidade de levar uma cadeirada quando menos se espera.
“Não tenho dúvida de que são as mudanças climáticas as causadoras do aumento do número de casos” – Gonzalo Vecina, professor de Saúde Pública da USP, sobre recorde de mortes por dengue. Não sabia que a USP já oferecia doutorado três em um: medicina, meteorologia e propaganda.
“É inadmissível uma autoridade questionar os dados do IBGE” — Márcio Pochmann, presidente do IBGE. Nunca pergunte a uma mulher sua idade, a um varão seu salário, a um petista o que aconteceu com Celso Daniel e ao IBGE de onde eles tiram seus números.
“O Brasil está à deriva, indo pro buraco, e alguns brasileiros se metem em assuntos que não entendem patavina” — Luís Felipe Pondé, professor de filosofia. Pois é, né, Pondé?
República Democrática da Venezuela
Confira:
“Apenas um mês após vencer as eleições, a oposição perdeu o apoio do povo” — Diosdado Cabello, ministro do Interno da ditadura venezuelana, reconhecendo vitória da oposição em lapso de sinceridade. Enquanto isso, a situação vai aos pouquinhos reconquistando o base de seus velhos amigos.
“Agora é a hora de Lula se manter firme e distante de Maduro. Venezuelano se tornou antidemocrático, violador dos direitos humanos e truculento” – Paulo Abrão, colunista da Folha. É hora de dar um passo para trás, para depois dar dois avante.
“Cumpriremos o rito democrático” – Celso Amorim, chanceler brasiliano. O que, nos dias de hoje, significa eleições sem transparência, prisão de dissidentes e exprobação.
“As eleições não foram livres” – Gustavo Petro, presidente da Colômbia, informando por que não irá à posse de Nicolás Maduro, ditador venezuelano. Que denunciação golpista! Porquê ele pode provar isso, se os boletins das urnas – assim porquê um notório código-fonte – nunca foram divulgados?
“Sou de esquerda e digo: o governo de Nicolás Maduro é uma ditadura” – Gabriel Boric, presidente do Chile. Vergonhoso. Outro que não entendeu que a democracia é um tanto muito relativo.
“[A prisão de María Corina Machado] foi uma fake news, espalhada por ela mesma para desviar a atenção do fracasso da mobilização da extrema-direita” – Valter Pomar, dirigente do PT, durante “festival antifascista” promovido pelo Pensão de São Paulo. Depois denunciar veementemente os crimes cometidos pelos prisioneiros políticos venezuelanos, a cúpula do PT teria se reunido para testemunhar “Ainda Estou aqui” pela oitava vez na semana.
Estado Democrático de Numerário
“As democracias foram feridas. No Brasil, a gente passou por um problema muito sério, que foi uma tentativa de arrebentar o estado democrático de dinheiro” — Natuza Nery, apresentadora de TV. Portanto, quando ela diz que a democracia está em “cheque”, é um cheque pré-datado ou um cheque ao portador?
“No UFC você pode dar golpes abaixo da linha da censura… digo, da cintura” — ato falho de Octávio Guedes, comentarista da GloboNews, sobre a indicação de Dana White, CEO do UFC, ao Juízo da Meta. É impressionante porquê tem gente que consegue prosperar mesmo estando aquém da risco da miséria… moral, é simples.
O terrorismo não dá férias
“O aparato legal brasileiro se tornou refém de um lobby de ativistas anti-Israel (e alinhado ao Hamas e Hezbollah)” — Caio Blinder, jornalista, criticando mandado de prisão contra soldado israelense de férias no Brasil. O isentão nunca está contente com zero: ele vota, o político faz exatamente o que sempre prometeu, e ainda assim ele quer reclamar.
“Jair Bolsonaro se junta ao governo de Netanyahu, que deu fuga a um soldado do exército de Israel investigado por seus crimes pela {{aqui}} brasileira. Os genocidas se entendem, não é mesmo?” — Gleisi Hoffmann, deputada federalista (PT-PR). E, porquê diria Cesare Battisti, os terroristas também.
Cantinho da América
“Papai, o que vai acontecer com a gente quando Trump começar seu governo?” — Jamil Chade, jornalista brasiliano, fazendo cosplay de moçoilo em sua pilar no UOL. É verdade esse bilete.
“Donald Trump é mais perigoso porque foi eleito pela maioria do voto popular” — Demétrio Magnoli, comentarista político. Ainda muito que cá temos a Justiça para manter a democracia a uma intervalo segura do povo.
“Vamos chamá-los [EUA] de América Mexicana. Soa bonito, não?” — Claudia Sheinbaum, presidente do México, em resposta a Trump, que propôs renomear o Golfo do México para Golfo da América. Não dá ideia, que daqui a pouco renomeiam isso cá para Cuba do Sul.
“Menina, você não é mais a governadora do Canadá, então o que você diz não importa” – Elon Musk, respondendo à opinião contrária de Trudeau sobre uma suposta anexação do Canadá pelos EUA. Trudeau teria ficado furioso com o observação desrespeitoso, pois, pela idade, já seria uma jovem senhora.
O Orbe de Ouro
“Quero dedicar esse Globo de Ouro, que eu e você ganhamos, à Fernanda Torres” — Nizan Guanaes, publicitário, comemorando a vitória da atriz no Orbe de Ouro. Ainda muito que derreteram a taça Jules Rimet antes que qualquer marqueteiro tentasse se auto-homenagear.
“Globo de Ouro a Fernanda Torres lembra que perdoar golpe não é opção” — Leonardo Sakamoto, jornalista. E o Orbe de Ouro do Poderoso Chefão nos lembra que idolatrar mafiosos e chefes de quadrilha também não.
“O prêmio dado a Fernanda Torres resgata para o mundo uma história triste, que todos devemos trabalhar para que não se repita” – Luís Roberto Barroso, ministro do STF. Se ele fala da triste história do público brasiliano, eternamente sentenciado a engolir uma enxurrada de filmes insípidos sobre a ditadura, logo realmente faz todo o sentido.
“Saiu de uma atriz maravilhosa, fantástica, para ser um mito. Tomou o lugar do Bolsonaro, se tornou um mito” — José Luiz Datena, apresentador de TV, sobre Fernanda Torres. Desvelo, se o STF ouvir isso, pode torná-la inelegível para o Oscar.
“Alexandre de Moraes foi indicado por uma pessoa que o PT chama de golpista, e hoje é a celebração de resistência ao golpe. Para mim, essa é a maior criatividade do roteirista do Brasil” — Octávio Guedes, comentarista da GloboNews. O roteirista leva o Orbe de Ouro por roteiro adequado, os jornalistas faturam o de maquiagem e efeitos especiais, e o público fica o Histrião de Ouro porquê coadjuvante involuntário.
“Eu tenho a impressão que se um dia fizerem um filme sobre o momento atual do Brasil, o nome deveria ser Onze canalhas e muitos segredos. Qual tua sugestão?” — Coronel Márcio Amaro, militar brasiliano. Talvez uma mistura de “Silêncio dos Inocentes” com “Todo Mundo em Pânico”.
Cantinho do Pretório Excelso
“O judiciário do Brasil transformou-se em uma casta cheia de privilégios. Quão corruptos são os juízes do país?” — pergunta o Handelsblatt, principal jornal de negócios da Alemanha, sobre o STF brasiliano. Pergunta retórica é inútil; essas coisas só se aprendem na prática.
“Se o ministro Alexandre for impedido agora, todos os juízes no Brasil que forem ameaçados por organizações criminosas vão ter que se julgar impedidos. As organizações criminosas vão escolher quem vai julgá-las” — Pedro Serrano, jurista. Um bom legisperito vive assim: sempre sengo a qualquer brecha na jurisprudência que beneficie seus clientes.
“As pessoas dizem: ‘o senhor é muito mais bonito pessoalmente’” – Gilmar Mendes, ministro do STF, em peculiar do jornal O Orbe. Tem gente fazendo de tudo por um ingresso para o próximo Gilmarpalooza.
Dobrando a Meta
“Países da América Latina possuem tribunais secretos que podem mandar que empresas removam conteúdos na surdina” – Mark Zuckerberg, possessor do Facebook, anunciando o termo da exprobação em suas plataformas digitais. E os gringos seguem sem dar os devidos créditos ao Brasil. Se duvidar, ainda acham que a sede do STF fica em Buenos Aires.
“A repriorização do ‘discurso cívico’ significa um convite para o ativismo da extrema-direita” — João Brant, secretário de Políticas Digitais da SECOM. Se nossos jagunços tiverem que mourejar com esse tal “discurso cívico”, aí sim, perdeu, mané! Vai ser a deixa perfeita para a extrema-direita voltar.
“O anúncio soa mesmo como uma declaração de guerra ao mundo” — Manuela Dávila, comunista e ex-deputada federalista, sobre termo da exprobação no Facebook. Imagina a reação dela quando desvendar que o povo ainda pode falar o que quiser fora da internet… vai surtar e acusar todo mundo de genocídio.
“Dado o anúncio da Meta hoje, o mundo acabou, né. A era da verdade chegou ao fim” — Fefito, apresentador de programas de fofoca. Agora nunca mais saberemos ao notório se a ex-BBB traiu o pagodeiro com o jogador de futebol ou com o influenciador do dedo.
“Fim de checagem de fatos da Meta é um problema” — manchete da revista Obstinação. E agora, quem vai verificar que nossos crushes de Leão com ascendente em Áries realmente combinam com nossa Lua retrógrada em Libra?
“Quem diria, que o presidente dos EUA obrigaria uma rede social a veicular ideias extremistas, ameaçaria anexar um país vizinho?” — Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário. Se ele continuar com esses discursos que fazem os companheiros se arrepiarem, em breve o PT vai despovoar Putin, os Aiatolás e Maduro para se bandear para o lado do Trump.
“Gravíssimo! Zuckerberg se alia a Trump, reforça a extrema-direita e declara guerra à democracia!” — Orlando Silva, deputado federalista (PCdoB-SP). Isso coloca os comunistas num grande dilema: sentenciar o que odeiam mais, a direita ou a democracia, para escolher um lado nessa guerra imaginária.
“Aqui não é terra sem lei, obviamente. Nosso ordenamento jurídico já oferece anticorpos para combatermos desordem informacional” — Jorge Messias, o “Bessias”, Jurisperito-Universal da União. A liberdade de sentença é uma doença, e o Bessias é a trato.
“STF não vai permitir que big techs sejam instrumentalizadas para discursos de ódio” — Alexandre de Moraes, ministro do STF. Por fim, isso invadiria as competências que o próprio tribunal se atribuiu.
“Meta diz que os verificadores de fatos eram o problema. Verificadores de fatos determinam que isso é falso” – manchete do New York Times. É por isso que os checadores de fatos levaram uma nota zero da comunidade.
“O recuo de Mark Zuckerberg na verificação de fatos é covarde, mas correto” – manchete da revista The Economist, sobre as mudanças na política do Meta. Mas, calma lá, isentão: nem tudo que é covarde está maquinalmente correto.
“Zuckerberg erra rude se aposta que ganha de Moraes na queda de braço” – Leonardo Sakamoto. Na União Soviética, tinha um jornalista que se gabava de ter visto Stalin nocautear um cabrão com as próprias mãos. Acabou no gulag, coitado, mas jurava que valeu a pena pelo muito da democracia.
“O que a Folha pensa: Vexame da Meta reitera que rede social não é jornalismo” – editorial da Folha de S.Paulo. E um jornal que se lixa para a liberdade de sentença reitera que nem tudo que se diz jornalismo realmente o é.
Cantinho do 8 de Janeiro
“Tínhamos acabado de assumir o governo e o povo ainda festejava a esperança de sair da era do descaso, da destruição, do maltrato, da mentira, da falta de conhecimento, da burrice, da sabujice indecorosa” – Margareth Menezes, ministra da Cultura, durante evento no 8 de janeiro. E logo eles assumiram e acabaram com a sarau, trazendo de volta tudo aquilo que a gente acreditava já ter superado.
“Eu sou um amante da democracia, não sou marido. Porque, na maioria das vezes, os homens são mais apaixonados pelas amantes do que pelas mulheres”
Lula. Ou seja, ele até dá suas puladas de tapume com a democracia, mas assumir compromisso sério, nem pensar.
“Tá na hora do Lula colocar um freio na própria esposa” – Tales Faria, colunista do UOL, culpando a primeira-dama por ato esvaziado em 8 de janeiro. Tudo muito, mas poderia ter pegado mais ligeiro, né? Exaltar as amantes assim, na frente de todo mundo, é muita humilhação para a esposa.
“Casamento com democracia é imortal” – Simone Tebet, ministra do Desenvolvimento. E olha que ela tem experiência. Por fim, até da veras já conseguiu se divorciar.
“Ninguém vai parar de te chamar de ‘Xandão’. Nunca vi um ministro do STF que tivesse um apelido dado pelo povo” — Lula. Lula mente de novo, eu mesmo já vi chamarem Moraes por vários apelidos: skinhead de toga, golpista, fascista, legisperito do PCC.
“As revoluções russa e cubana não tinham um operário na foto” – Lula. Vai ver foi aí que ele percebeu que se associar a juízes e empreiteiros era o melhor caminho para se manter no poder.
“O que eu quero é que conte a história. Esse {{aqui}} [Temer] não foi eleito, esse aqui [Bolsonaro] foi eleito em função das mentiras. É isso que tem que colocar” – Lula, fantasiando sobre reescrever a história ao examinar galeria de fotos de ex-presidentes. Se formos listar nessa galeria as mentiras de um notório ex-presidente sentenciado por devassidão, vamos precisar edificar uma novidade lado no Planalto.
Memória
“O aborto é o roubo infinito” – Mario Quintana, plumitivo, em 2006.
Ari Fusevick é brasiliano não-praticante, escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Publicação do Povo, Newsmax e New York Post. Responsável da newsletter “Livre Arbítrio” e do livro “Primavera Brasileira”.