Entre contratações e demissões em janeiro, o Espírito Santo fechou o mês com o saldo de 551 novos empregos formais. Com isso, agora o estado conta com um total de 909.955 vagas com carteira assinada. Esse número representa um aumento de 3,7% em relação a janeiro de 2024. Apenas a agropecuária registrou uma redução de 1,8%, sendo que os demais setores cresceram, com destaque para indústria (4,7%) e serviços (4,1%).
Ao avaliar só os dados de janeiro, dois setores da economia apresentaram registros positivos: indústria, com 1.594 vagas abertas, e a construção civil, com 579. Outros três segmentos tiveram saldo negativo: comércio (-1.559), agropecuária (-33) e serviços (-30). Essa redução pode estar relacionada aos ajustes devido à diminuição no volume de vendas que ocorre no primeiro semestre.
As informações são do Connect Fecomércio-ES (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo), com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

A coordenadora de pesquisa do Connect Fecomércio-ES, Ana Carolina Júlio, explicou que os setores da indústria e da construção civil apresentam uma recuperação no número de empregos após os desligamentos realizados em dezembro. Para ela, os investimentos e as novas contratações na indústria impactam diretamente o setor terciário ao fortalecer a economia e impulsionar o consumo.
“A geração de empregos aumenta a renda da população, elevando a demanda por bens e serviços no comércio varejista e em áreas como hotelaria, alimentação, saúde e educação. Além disso, a expansão industrial amplia a necessidade de serviços especializados como segurança, manutenção, transporte, logística e tecnologia da informação. Esse efeito multiplicador fortalece toda a cadeia produtiva, estimulando o crescimento do comércio e dos serviços e impulsionando o desenvolvimento econômico do Espírito Santo”, ressaltou.
Ana Carolina Júlio afirmou ainda que, após o aquecimento do mercado em novembro e dezembro, devido ao aumento das vendas na Black Friday e no Natal, muitas empresas ajustam seus quadros funcionais para adequar os custos operacionais à redução do fluxo de consumidores, o que explica a queda de vagas no comércio.
“No setor de serviços, um dos fatores que pode ter contribuído para a redução das 30 vagas de emprego é a alta taxa de informalidade no estado. Conforme dados do IBGE, o Espírito Santo registrou uma taxa de 38,6% em 2024. No ano anterior, o número de trabalhadores empregados no setor privado sem carteira assinada cresceu 16,4%, enquanto que o de funcionários formais subiu 2,7%. Isso pode indicar que muitos profissionais estão sendo absorvidos pelo mercado informal em vez de empregos com carteira assinada. Além disso, ocorreu aumento de 5,3% no número de trabalhadores por conta própria, ou seja, autônomos, no estado”, pontuou a coordenadora.
A gerente-geral executiva do Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor do Estado do Espírito Santo (Sincades), Ivete Paganini, frisou que, no segmento de atacado e distribuição, a redução na contratação nos primeiros meses do ano é um comportamento histórico e esperado, sendo retomado o ritmo de maior movimentação do mercado após o Carnaval.
“Apesar da baixa taxa de desemprego no estado (3,9%), as empresas enfrentam dificuldades para contratar, seja pela falta de capacitação dos candidatos, pela ausência de interesse em empregos formais – principalmente pelos mais jovens – ou pela busca por maior liberdade no trabalho. No atacado, encontramos desafios na ocupação de funções específicas como áreas de importação, fiscal, gestão de pessoas e também na operação dos centros de distribuição, onde há déficit significativo de mão de obra. Diante desse cenário, as empresas precisam repensar suas estratégias de atração e retenção de talentos, revisando políticas de benefícios e promovendo ambientes mais alinhados às expectativas dos trabalhadores”, complementou Ivete Paganini.
Entre os municípios capixabas, o grande destaque foi Aracruz, com 1.291 empregos gerados no mês de janeiro. Destes, 1.143 foram na indústria. Isso reforça a importância do polo industrial da cidade para o mercado de trabalho formal no Espírito Santo, bem como para a diminuição da concentração de empregos na Grande Vitória, contribuindo para o desenvolvimento regional no estado. Outros municípios que se destacaram foram Linhares (256), Serra (159), Vila Velha (152) e João Neiva (107).