Os últimos dois dias foram amargos para o mercado financeiro. Em meio à espera pelo pacote de contenção fiscal do governo Lulao dólar disparou mais de 2% na última quarta-feira, 27, enquanto o Ibovespa caiu 1,73%.
Esse cenário se manteve nesta quinta-feira, e a moeda norte-americana saltou mais 1,30%, para a histórica cotação de R$ 6. Já o principal índice da Bolsa de Valores recuou 1,86%, para 125.298 pontos.
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A reação do mercado, que há muito cobrava o governo por segurança fiscal, traduz as incertezas geradas pelas novas medidas do Ministério da Rancho. O encarregado da pasta, Fernando Haddad, prometeu reduzir o dispêndio da dívida pública e poupar R$ 70 bilhões nos próximos dois anos.
Por que o mercado não gostou do pacote fiscal
Segundo Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos Investimentos, o principal incômodo dos investidores não é se o governo vai conseguir poupar os R$ 70 bilhões prometidos. A incerteza é se esse montante é suficiente, principalmente para a estabilização da relação dívida-PIB no longo prazo, disse o profissional a Oeste.
Secção da suspicácia vem da carência de perspicuidade do governo sobre porquê o governo vai conseguir executar o projecto de contenção do gasto. “A explicação do pacote não ficou tão assertiva”, diz Gabriel Rech, estrategista-chefe da Macro Assessoria de Investimentos. “Então, não são tão factíveis esses R$ 70 bilhões.”
Ele explica que o proclamação das medidas, isoladamente, seria positivo. “A gente não tinha nada e tem alguma coisa hoje”, disse o economista, para depois considerar que o projecto de ação está aquém das expectativas.
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De negócio com Gabriel Rech, o governo não conseguiu colocar em prática as medidas necessárias para a recuperação fiscal do país. Ele diz ainda que faltou o detalhamento de ações com efeito a limitado prazo, necessárias em uma economia com dívida pública e inflação altos.
O Pacote do Haddad vai dar claro?
Vamos entender o que isso pode acarretar.– Primeiro, veio com a tal isenção do Imposto de Renda pra quem ganha até R$ 5.000 mensais – parece uma boa, mas aí tem o resto do pacote: namoro de R$ 5 bilhões, restrição no abono salarial e no BPC,…
— Rafael Zattar (@ZattarRafael) 28 de novembro de 2024
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Segundo Gabriel Rech, não há zero concreto nesses números de limitado prazo para endereçar o mercado na retomada econômica nem na sustentabilidade da dívida.
A reparo universal dos agentes do mercado é de que as medidas da Rancho visam a desacelerar o ritmo de propagação das despesas obrigatórias, e não necessariamente evitar ou reduzir o namoro de gastos. É o que diz Marco Saravalle, diretor de investimentos da MSX Invest. Para o profissional, o pacote foi “bastante decepcionante, sem nenhum ponto positivo”.
Além da insuficiência das medidas propostas, há a incerteza sobre a capacidade de o governo Lula satisfazer o prometido. “O grande fator tem sido de que realmente a execução deve acontecer somente em parte”, disse Saravalle. “Certamente o impacto tende a ser muito inferior do que o estimado pelo próprio governo.”
Aumento da isenção do IR piorou percepção de controle da dívida
A falta de detalhes sobre porquê Haddad pretende poupar R$ 70 bilhões soou ainda pior por vir combinada ao proclamação do aumento da filete de isenção do Imposto de Renda (IR). De negócio com os especialistas ouvidos por Oestea combinação gera ainda mais questionamento sobre a possibilidade de o governo atingir as metas fiscais.
“Misturar a comunicação do pacote de ajuste fiscal, que por essência busca uma redução dos gastos, com uma medida que pode reduzir receita, pode indicar uma oportunidade de encampar uma promessa de campanha”, sugere Alexsandro Nishimura. Para o profissional, o proclamação da mudança no IR talvez tenha sido necessária para reduzir o dispêndio político do projecto de contenção.
Segundo Haddad a isenção é neutra fiscalmente porque eles vão taxar quem ganha supra de 50 milénio. Essa informação é falsa, porque o numero de trabalhadores nessa zona de renda é tão pequeno que mesmo que alíquota seja de 100% o volume arrecadado será menor que a isenção. O número é tão… pic.twitter.com/I6LW2xNnis
—Pedro Cerize (@PedroCerize) 28 de novembro de 2024
Gabriel Rech classifica o proclamação do aumento da filete de isenção para o imposto porquê uma medida populista, alguma coisa “totalmente descabido e num tempo totalmente errado”. Ele recorda que a discussão sobre as alíquotas já estava prevista para 2025. Portanto, a combinação dos anúncios não tem justificativa.
“Agora o mercado vai continuar questionando essa possibilidade de atingir as metas fiscais”, diz Rech. Caso o governo Lula atinja a meta fiscal em 2024, será por vias não recorrentes. Para o ano que vem, prossegue o profissional, a Rancho já tem um padrão que pode gerar um novo déficit, enquanto a meta é um superávit.
Dessa forma, o resultado da falta de comprometimento com a segurança fiscal, provavelmente, serão juros altos por mais tempo. “O próprio Banco Central pede um fiscal crível e forte, que a gente não tem nesse pacote”, disse Gabriel Rech.