No início da manhã de quarta-feira (no horário de Brasília, madrugada nos EUA), o republicano Donald Trump conquistou a maioria necessária no Escola Eleitoral para se tornar o próximo presidente dos Estados Unidos, derrotando a atual vice-presidente, Kamala Harris. Mesmo com a apuração ainda em curso em alguns estados, ele já ultrapassou os 270 delegados graças a vitórias em estados-pêndulo importantes, que ele havia perdido em 2020, uma vez que Carolina do Setentrião, Geórgia, Pensilvânia, Wisconsin e Michigan – no momento da publicação deste editorial, Trump também liderava em Nevada e Arizona. Para completar a vitória republicana, o partido tomará dos democratas a maioria no Senado e tem chances razoáveis de manter sua maioria na Câmara de Representantes (muitos distritos ainda estão apurando seus votos). Se conseguir a chamada “trifecta”, o Partido Republicano repetirá o cenário da primeira metade do procuração anterior de Trump, e que os democratas também tiveram nos dois primeiros anos da presidência de Joe Biden, dominando as duas casas do Congresso.
Por mais que os políticos democratas e seus apoiadores na opinião pública insistam em não consentir, o veste é que há motivos evidentes e numerosos para o sufragista ter posto os republicanos de volta na Moradia Branca e, provavelmente, entregar-lhes a maioria nas duas casas do Congresso. O “wokeísmo” identitário mobiliza uma minoria barulhenta, mas não ressoa entre a maioria da população, que tem outras prioridades. A inflação norte-americana pode estar controlada neste momento, mas já esteve em níveis até maiores que a inflação brasileira; os níveis de desemprego estão baixos, mas a economia está desacelerando. Com um oração de combate às ideologias woke, redução de impostos, mais liberalismo e menos intervencionismo econômico, e combate à imigração ilícito, que se tornou desenfreada durante a gestão Biden, Donald Trump se conectou mais com o cidadão geral que Kamala Harris.
Há motivos evidentes e numerosos para o sufragista ter posto Donald Trump de volta à Moradia Branca
Esse descolamento da veras ficou evidente na forma uma vez que a candidata democrata fez do monstruosidade uma das suas principais bandeiras de campanha. Tanto foi mal o voto pró-vida acabou indo para Trump mesmo com algumas ressalvas. A ênfase do republicano em deixar os estados decidirem suas legislações sobre monstruosidade, até mesmo com algumas críticas a leis uma vez que a da Flórida, que proibiu a prática a partir da sexta semana de gravidez, desanimou alguns líderes pró-vida, mas não o suficiente para que eles negassem seu voto a Trump, já que a opção era muito pior. Agora, os defensores dos direitos do nascituro esperam ver de volta o Donald Trump que governou de 2017 a 2021, aquele cujas nomeações para a Suprema Incisão foram cruciais para a derrubada de Roe v Wade, e que, em um de seus primeiros atos uma vez que presidente, reativou a Política da Cidade do México, que impede financiamento federalista a grupos que promovem o monstruosidade fora dos EUA e foi derrubada por Biden em 2021.
Mormente em relação ao Brasil, será preciso prestar atenção à economia. Trump tem um oração protecionista com o potencial de prejudicar as exportações brasileiras – embora isso não seja exclusividade dos republicanos: os democratas também costumam recorrer ao protecionismo quando lhes interessa, exclusivamente disfarçando-o melhor, por exemplo recorrendo a tarifas relacionadas à questão ambiental. Aliás, o Brasil não é nenhum exemplo de fenda mercantil, muito pelo contrário: é uma das economias mais fechadas do G20. Se Trump executar a promessa de trabalhar na base da reciprocidade, poderá finalizar forçando por vias tortas uma fenda do transacção exterior brasiliano para que os nossos exportadores não percam oportunidades nos Estados Unidos, que hoje são o segundo maior parceiro mercantil do Brasil.
No campo da diplomacia, a grande incógnita está em uma vez que Donald Trump lidará com a guerra na Ucrânia. A resistência ucraniana tem recebido enorme ajuda financeira e militar do governo Biden, mas durante a campanha Trump não foi muito explícito a saudação do que fará. O presidente eleito tem certa proximidade com o ditador russo, Vladimir Putin, e já prometeu que buscaria uma “solução rápida” para o conflito, o que desperta temores de que Trump force um desfecho que faça silenciar as armas, mas que não respeite a integridade territorial da Ucrânia, validando assim a agressividade russa. Oriente é o momento de Trump se lembrar da máxima de Ronald Reagan em 1985: “Devemos apoiar todos os nossos aliados democráticos (…) e não devemos trair a fé daqueles que estão arriscando suas vidas (…) para desafiar a agressão apoiada pelos soviéticos” (soviéticos esses dos quais Putin é herdeiro). A resguardo da Ucrânia é a resguardo do Oeste; se Trump negociar com Putin tendo isso em mente, poderá edificar uma sossego verdadeira, em vez da “paz dos valentões” apoiada, por exemplo, pelo brasiliano Lula.
Por termo, um grande repto de Trump foi mencionado por ele em seu oração de vitória, na Flórida. “É hora de deixar as divisões dos últimos quatro anos para trás (…) temos de colocar nosso país em primeiro lugar ao menos por algum tempo”, afirmou. No entanto, uma vez que os próprios norte-americanos dizem, easier said than done: falar é fácil. Os democratas têm se hipotecado, ao longo dos últimos anos, em demonizar Trump e seus apoiadores; nas últimas semanas, “nazista” e “fascista” se tornaram lugares-comuns para descrever o republicano. Seus eleitores foram chamados de “lixo” por Biden, mas já em 2016 haviam sido descritos uma vez que “deploráveis” por Hillary Clinton. O problema é que Trump também precisará amenizar sua retórica, bastante belicosa. Somente com boa vontade de ambos os lados será verosímil fazer da política o que ela deveria ser: um campo de debates sobre projetos de país, em que o outro lado é um rival a derrotar nas ideias e nas urnas, em vez de um campo de guerra onde há exclusivamente inimigos a extinguir.
A recordação da famosa frase de Hillary Clinton, aliás, nos revela que, a julgar pelas reações dos democratas e seus simpatizantes, eles continuam demonstrando uma enorme dificuldade em enxergar a veras. Políticos, jornalistas e anônimos dão novas demonstrações do que ficou publicado uma vez que “Trump derangement syndrome”, enchendo as redes sociais com discursos apocalípticos sobre o “fim da democracia na América” ou o “fim dos Estados Unidos”, imaginando cenas uma vez que campos de concentração para imigrantes ilegais. Para explicar a vitória de Donald Trump (um varão branco com problemas na Justiça) sobre Kamala Harris (uma mulher com progénie afro-americana por secção de pai e indiana por secção de mãe), é muito mais simples culpar o “ódio”, o “racismo” e a “misoginia” que tentar entender a mentalidade do povo americano com sinceridade e honestidade intelectual, uma vez que fizeram autores do porte de Mark Lilla e Jonathan Haidt. Enquanto estiver presa a esse modo binário de pensar, a esquerda seguirá sofrendo outras derrotas “inexplicáveis” uma vez que essa, e não exclusivamente nos Estados Unidos.