A crise diplomática recente entre Brasil e Venezuela intensificou divisões dentro do Partido dos Trabalhadores (PT), de concordância com informações de bastidores do jornal O Estado de S. Paulo.
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A presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann, saiu em resguardo do assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Amorim, depois de ele receber críticas do governo de Nicolás Maduro. Todavia, o PT não dá sinais de que vai revisar o reconhecimento da vitória de Maduro nas eleições de julho.

Nesta sexta-feira, 1º, o Itamaraty respondeu à delação venezuelana de que Amorim agia uma vez que “mensageiro do imperialismo americano”. A reação teve motivação em uma postagem da Polícia Vernáculo Bolivariana, na qual contém uma imagem distorcida de Lula ao lado da bandeira brasileira, e a frase: “Quem mexe com a Venezuela se dá mal”.
Resposta do Itamaraty e posicionamento do PT


O Itamaraty afirmou que as autoridades venezuelanas têm adotado um “tom ofensivo” em relação ao Brasil, com ataques pessoais e retórica agressiva. Antes do enviado, Gleisi condenou críticas a Amorim e defendeu diálogo com a Venezuela. A eleição para a novidade liderança do PT está prevista para junho de 2025, mas Gleisi não pode disputá-la.
A Executiva Vernáculo do PT apoiou a decisão do Parecer Eleitoral da Venezuela, que declarou a vitória de Maduro, mesmo depois de denúncias de fraude. Em agosto, Lula afirmou que não reconheceria nem Maduro nem o opositor Edmundo González até a apresentação dos boletins de urna — o que não ocorreu, apesar de pedidos internacionais.
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Na quadra, Gleisi apoiou a postura de Lula, mas afirmou ter diferença entre partido e governo. Em 22 de julho, a golpe venezuelana, alinhada a Maduro, confirmou a vitória do ditador e proibiu a divulgação das atas eleitorais.
Mesmo com irregularidades evidentes, o Pensão de São Paulo confirmou a reeleição de Maduro, em setembro. No documento, há a assinatura da dirigente do PT Mônica Valente, secretária da organização esquerdista.
Escalada da crise e opiniões divergentes


A crise entre Brasil e Venezuela se acentuou nos últimos dias. Na semana passada, o Brasil vetou a ingressão da Venezuela no Brics, durante a cúpula em Kazan, na Rússia. Em resposta, Maduro chamou o mensageiro venezuelano no Brasil para consultas, um gesto de repúdio diplomático.
O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) criticou a situação e pediu uma revisão das relações com a Venezuela. Ele sugeriu que o PT liderasse a geração de um fórum recíproco ao Pensão de São Paulo, com foco no desenvolvimento social e econômico da América Latina.
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Em resposta, o historiador Valter Pomar, do Diretório Vernáculo do PT, criticou Lopes por “assumir posições extremistas”. Pomar enfatizou que a nota de reconhecimento à reeleição de Maduro teve aprovação unânime dentro do PT e que a liderança do partido não foi desafiada sobre essa decisão.
Presidente do PSB (Partido Socialista Brasílico), Carlos Siqueira classificou o regime venezuelano uma vez que ditatorial e criticou o governo Lula por não permitir a fraude eleitoral de repentino. Ele afirmou que, em ditaduras, não se pode esperar eleições livres e justas.